Artigos traduzidos: Hey, Here’s an Idea: Maybe Stop Preordering Videogames, by Wired

Artigos traduzidos: Hey, Here’s an Idea: Maybe Stop Preordering Videogames, by Wired

Saudações aos leitores.

Quem acompanha e se interessa por video games tem visto como as maiores publishers têm feito de tudo para convencer os jogadores a pré-encomendarem seus games preferidos. Como a regra da maioria dos jogos “AAA” é vender tudo o que puder durante as primeiras três, quatro semanas de mercado, então as famosas preorders se tornam uma engrenagem essencial da máquina que move a indústria dos jogos. E que o que faz  jogadores encomendarem um jogo muito antes de qualquer informação concreta sobre ele estar disponível é a expectativa, ou se preferírem, o hype. E é aí que reside o problema, pois assim como um remédio se transforma em veneno se administrado incorretamente, exagerar a expectativa sobre um jogo pode acabar fazendo que este termine sendo odiado e desprezado por jogadores frustrados por terem recebido aquilo que acreditaram que teriam direito. No Man’s Sky é o exemplo mais recente disso.

Escrevi essa introdução justamente que esse é o assunto que será desenvolvido no artigo traduzido abaixo, escrito por Chris Kohler para o site Wired. O jornalista mostra durante o texto como algo simples como uma pré-encomenda se transformou em uma grande máquina destinada a sugar o dinheiro dos jogadores muito antes de um jogo ficar pronto, ignorando que longos processos de produção tendem a apresentar resultados muito diferentes do previsto inicialmente. Enfim, espero que gostem do artigo e boa leitura a todos!


Ei, que tal essa idéia: vamos parar de pré-encomendar video games?

Por Chris Kohler

Se você já pré-encomendou um video game e se sentiu decepcionado com sua compra depois, me deixe dar uma bela sugestão: pare de encomendar video games.

Deve ser difícil ponderar isso quando toda a indústria de blockbusters de video game parece ter a intenção de te fazer pré-encomendar todo jogo, toda vez. Esse tipo de promoção de vendas já foi restrita ao caixa da GameStop, onde você já era perguntado se queria pagar $5 por um lançamento só de passar perto de uma loja. Hoje, há um enorme esforço por parte das próprias distribuidoras.

Só para citar um exemplo, se você for para a convenção Penny Arcade Expo em Seattle, a Nintendo estará recrutando jogadores para visitar seu estande para pré-encomendar os novos jogos Pokémon, oferecendo-lhes um “brinde colecionável.” As campanhas de pré-encomendas atuais começam cedo e vão com tudo. A Square-Enix, por exemplo, promete para os fãs de Final Fantasy uma batelada de items exclusivos físicos e digitais se eles pagarem o preço cheio, sem nem ver, por um jogo que passou por 10 anos de desenvolvimento infernal. O que possívelmente pode dar errado?

Talvez você seja um devoto de Pokémon ou Final Fantasy a ponto de saber que você vai jogar no primeiro dia não importa a qualidade do que sair. Mas se você acha que há a mínima chance de que você possa se arrepender da compra, você deveria se fazer um grande favor e procurar saber alguma coisa sobre os jogos antes de comprá-los.

E se você está procurando por um precedente, não precisa ir além de No Man’s Sky. A Sony passou os últimos anos bombando expectativa sobre um jogo de exploração como se fosse uma das coisas mais brilhantes já criadas pela humanidade. Está certo, é exatamente para isso que existe a máquina de marketing da Sony.

Mas o que você deveria fazer, consumidor potencial, é não acreditar em nada disso, ao contrário, esperar por opniões independentes de partes desinteressadas antes de gastar seu dinheiro no produto. Como aconteceu, No Man’s Sky se tornou diferente do produto que foi descrito em entrevistas, trailers, e outros materiais de pré-lançamento.

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Games mudam durante o desenvolvimento, especialmente aqueles que como No Man’s Sky, estão experimentando novos formatos e mecânicas de jogo (nesse caso, um universo gerado de forma procedural com relatados 18 quintilhões de planetas). Um desenvolvedor de jogos não tem que mentir para falar de recursos que não chegam ao produto final – o time pode simplesmente ter tido grandes ambições  e então cortar os recursos para que eles pudessem lançar o jogo.

De fato, entregar menos do que o prometido em um jogo não faz de alguém um Peter Molyneux. Molyneux não é Molyneux porque ele prometeu demais uma vez; o criador de Fable ganhou sua reputação de Barão de Munchausen da indústria dos games porque ele continuou aumentando suas  promessas impossíveis jogo a jogo, uma prática que chegou a sua conclusão sublime quando ele afirmou que o final de seu jogo bocó de clicar iria literalmente “mudar vidas.”

Desenvolvedores de jogos podem se ver sob um insano escrutínio durante a gestação de um jogo; eles são constantemente questionados sobre o progresso do seu trabalho. Nós esperamos que a Hello Games tenha aprendido com seu fracasso. Desenvolvedoras espertas deveriam aprender a prometer de menos e entregar a mais. Talvez eles estejam trabalhando duro para adicionar esses recursos que ficaram de fora do jogo. Quem sabe?

Mas independente de você achar ou não odioso o que aconteceu com No Man’s Sky, o fato é que você poderia ter evitado qualquer dano simplesmente se tivesse esperado alguns dias depois do lançamento para gastar seu dinheiro. E talvez um jogo que pudesse te decepcionar se custasse o preço cheio poderia ser perfeitamente ok durante uma promoção. Ou talvez você pudesse emprestar uma cópia do seu amigo. Ou dezenas de outras formas que não envolvam pagar $60 por uma caixa número 2 de Let’s Make a Deal.

É decepcionante ver jogadores tentando conseguir reembolso por No Man’s Sky após jogar por 50 horas. Não sou advogado, mas eu assisto muito Judge Judy, e uma das metáforas de sua Excelência da televisão seria mais ou menos assim: “Você vai para um restaurante, eles te servem um filé, você come um pedaço dele. Você diz, “isso não está bom, eu não quero.” Aí tudo bem. Mas se você comeu o filé inteiro? E Então você diz que quer seu dinheiro de volta? De jeito nenhum.”

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Deus Ex: Mankind Divided da Square-Enix também sofreu criticas por causa de sua campanha de pré-encomenda. Resumindo: os items de bonus que eram inclusos com a pré-encomenda terminaram sendo – após o dinheiro já ter mudado de mãos e o jogo ter sido lançado – items descartáveis, igual ocorre com items em jogos de celulares, que desaparecem após serem consumidos.

É desconcertante ver mecânicas pagar-para-jogar se tornando mais predominantes – e por que não seriam? Um jogo com preço premium não deveria te cobrar por mais dinheiro no meio do jogo tal qual um jogo de celular. Nós iremos ver isso acontecer mais e mais no futuro, porém, uma forma segura de evitar isso é não gastarmos dinheiro antes de sabermos como um jogo é realmente estruturado.

O sentido de pré-encomendar um jogo costumava ser de te garantir uma cópia no dia do lançamento. Mas e hoje? Por um grande lançamento? É bastante improvável que alguém fique sem cópias físicas, e certamente ninguém terá falta de downloads. Hoje, pré-encomenda beneficia o editor do jogo, ou a GameStop, mas não o consumidor. E esses beneficiados sabem disso – por isso as bugigangas cada vez mais elaboradas que eles te oferecem em troca do seu dinheiro.

Novamente, se $60 é a soma de dinheiro que você acha perdido no seu sofá, então mande bala. Mas se há a menor chance de que você se sentirá arrependido depois, você tem uma opção: apenas espere.

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