Artigo traduzido 2: Opinion: Two Years In – How The Wii Has Failed

Saudações aos puros de coração.

Como eu prometi na postragem do primeiro artigo traduzido sobre o Wii,, trago-lhes desta vez o texto de autoria do designer Brice Morrison, destacando os pontos que o Wii falhou nesses dois anos de tragetória do console. Não custa lembrar (mais uma vez) que por se tratar de uma tradução, se tiver algum erro por favor me corrijam. Tudo na continuação do link.

Após seu primeiro e entusiasmado artigo elogiando o Wii, o designer Brice Morrison olha para o outro lado, discutindo como o console falhou em entregar a mágica que prometeu.

Lançado em novembro de 2006, o Nintendo Wii é revolucionário, para dizer o mínimo. Com a sua interface inovadora, tomou completamente o mundo de assalto por ter reinventado o que os videogames são e para quem eles são.

Com quase 30 milhões de unidades vendidas mundialmente e estimado a chegar a mais de 160 milhões (mais do que o dobro do Xbox 360 e PS3), a Nintendo claramente marcou um gol de placa.

Os críticos se enfurecem, o público aplaude, parece como se a antes caída indústria dos jogos fosse rejuvenescida e estivesse pronta para correr em um ritmo alucinante nos próximos anos.

De seu lançamento há dois anos até hoje, você ainda terá dificuldade de encontrar o Wii nas lojas. Mas o que os consumidores estão fazendo fila para comprar não é o Wii, o que eles querem comprar é a idéia e o sonho do Wii.

Consumidores, muitos dos quais nunca jogaram videogame antes, compravam o Wii, o aproveitavam por algumas semanas e então ficavam vendo-o acumular poeira ao lado de suas televisões. Eles não sabem explicar por que, mas por alguma razão eles não jogam mais.

Isso é porque o Wii falhou em entregar a sua mágica.

Licença para sonhar.

Quando eu ouvir falar do Wii pela primeira vez, fiquei completamente empolgado. Embora a idéia dos controles baseados em movimentos seja agora óbvia, na época foi completa e absolutamente original. Tal idéia sequer havia atravessado a imaginação do jogador médio.

Como havíamos visto, para o futuro havia o salto dos botões para os capacetes de realidade virtual, sem nada durante o processo. A primeira medida fora do controle clássico não era mais do que uma “viagem” passageira.

Todos que assistiram admirados a Electronics Entertainment Expo (E3) de 2006, também viram suas mentes começar a pirar com idéias. Isso é uma dádiva, pensávamos. Nós poderíamos fazer qualquer coisa!

Nós podemos fazer jogos de academia para exercitar nossos corpos, jogos de tiro com movimentos reais, jogos de quebra-cabeças com interface palpável e muito mais. De fato, o Wii parecia à licença para sonhar com qualquer coisa.

Mas o limite evidentemente apareceu.

Balanço: a promessa vazia.

A principal falha do Wii e do seu wiimote está em sua promessa de imersão através do movimento. Enquanto muitas pessoas imaginam que jogar Wii será como nos comerciais e as sensações de outros jogadores, eles imaginam uma experiência incrivelmente imersiva.

Os controles baseados em movimentos do Wii atentam a uma sessão de jogo visceral, se tornando alguém com um mundo virtual a sua frente. Todos nós babávamos com a oportunidade de mergulhar atrás do sofá de nossa sala de estar para escapar dos tiroteios, sermos capazes de replicar uma partida real de tênis sem sair de casa, ou ter duelos de espadas que fossem mais reais e palatáveis que aqueles que tínhamos quando crianças com gravetos de madeira.

Foi uma decepção, portanto, ver nossa prometida experiência virtual reduzida a balançar o controle.

O problema é que o balançar de controle não adiciona, em si, uma experiência de gameplay. Se eu encontro uma porta virtual e me é pedido para girar o wiimote ao invés de apertar um botão, isso não torna a experiência mais imersiva.

Enquanto pode ser novidade uma ou duas vezes, o simples movimento em si não enriquece o jogo. De fato pode se tornar tedioso e frustrante. Os desenvolvedores são tão culpados quanto os jogadores sob esse aspecto.

Criar um jogo atrás do outro que é essencialmente um título reciclado da geração passada, mas com o controle novo do Wii, não faz nenhuma diferença do que o título era antes.

A triste verdade é que substituindo o apertar de botão pelo movimento do wiimote nada mais é que uma promessa vazia. Progredir para uma nova tecnologia apenas para ter a novíssima diversão evaporando após uma jogada, não é uma tecnologia bem empregada.

Olhando por trás da cortina

Eu me lembro ensinando meu primo como jogar Wii Tennis, e quando ele foi fazer o serviço, ele levantou seu braço esquerdo, que não estava segurando o wiimote, para sacar. Naquele momento ele não entendia como o Wii funcionava.

Tudo que ele sabia é que era um tipo de máquina mágica que imitava seus movimentos reais. Foi uma ocasião prazerosa e uma incrível experiência exploratória.

Mas a inocência não durou muito. Por meio de experimentação adicional, ele aprendeu como o controle funcionava, descobrindo que uma gingada rápida de pulso dava o mesmo forehand do que girando toda a parte de cima de seu corpo. Aquela excitação inicial passou, Wii Tennis se tornou outro simples videogame.

Quando o público imaginou o que era possível com o Wii, eles imaginavam experiências completamente físicas, parecido com baseball de quintal. Talvez, nós pensávamos você poderia até ter uma leve contusão em um game do Wii, jogando competitivamente com amigos.

Muitas das primeiras respostas da imprensa ao Wii carregavam essa visão, com pais dizendo que também gostavam porque eles e seus filhos saíam da poltrona. Mas dizer que o Wii lhe tira da poltrona, é revelar um entendimento ingênuo de seu gameplay fundamental.

Claro que pode tirar as crianças da poltrona, mas enquanto eles estão fora da poltrona, estão agitando seus pulsos, não jogando basquete.

As limitações do acelerômetro do wiimote (até mesmo com o Wii motion plus) revelam estar um tanto longe da máquina dos sonhos que as pessoas estavam tanto desejando. O necessário e tardio lançamento de Wii Fit mostrou que os desenvolvedores da Nintendo tiveram que lidar com as limitações do wiimote em si.

Wii Fit pode ser fantástico para aqueles que querem fazer exercício, mas é um acessório especializado demais para aqueles que querem explorar mundos virtuais, mas de uma forma mais imersiva. Nós queremos o wiimote para satisfazer nossas necessidades além do exercício, também.

O que nós compramos vs o que nós temos

O Nintendo Wii é uma elegante sinfonia de hardware, software, marketing e imaginação. A primeira vista, parece que pode fazer tudo o que você pensar, uma experiência cheia de promessa.

Todo mundo ama a idéia do Wii. A idéia de uma experiência totalmente imersiva. A idéia de jogos que mais se parecem com kickball do que com Tetris. A idéia de entrar em um mundo completamente novo. Mas após algum tempo, percebemos que compramos nada mais que um botão A que chacoalha.

Sem dúvida, os futuros lançamentos e periféricos do console irão nos satisfazer mais adiante. O Wii deu um grande salto a frente, mas aqueles que acham que já chegamos, estão enganados.

(Brice Morrison é um designer de jogos, que tem desenvolvido games peculiares desde que estava no ensino médio. Antes de conseguir um emprego na Electronic Arts, ele desenvolveu vários jogos independentes de sucesso como Jelly Wars, uma franquia de aventura e ação, e Quick Quests, um MMORPG casual.

Enquanto esteve na Universidade de Virginia, Brice fundou a Student Game Developers, que continua a produzir games todo semestre, além de abrir as portas da indústria de jogos para todos os estudantes. Seu blog (BriceMorrison.com) discute jogos em um contexto expandido e como eles podem ser mais do que simples entretenimento).

André V.C Franco/AvcF – Loading Time

11 thoughts on “Artigo traduzido 2: Opinion: Two Years In – How The Wii Has Failed

  1. É realmente o que faltou para o Wii foi mágica, essa que eu encontro em vários outros games dos outros consoles! O Wii é um console que eu tenho vontade de jogar, mas na casa de algum amigo já que não tenho a minima vontade de compra-lo. O Wii não foi um console para ser jogado sentado no sofá ou deitada na cama, isso acaba com o prazer, pois você rapidamente se cansa fisicamente. Fora o fato de ter que desembolsar valores significativos, já que a cada jogo lançado eles inventam um novo acessório, imagine vocês querendo jogar um game e procurando o acessório dele em algum lugar da casa, já que vocês esqueceram aonde estava tamanho o número de vezes que vocês o usaram. É realmente faltou mágica…………..

  2. Augusto,

    Entendendo a mágica por propaganda, concluo que todos os consoles faltaram com ela. O que dizer do Playstation 3 com seus gráficos cinematográficos (disseram certa vez que seria capaz de fazer igual aos efeitos especiais de Homem Aranha 3), os 120 frames por segundo, 4D ? Cadê aquele poder todo que faria o Xbox 360 comer poeira?

    No caso da X360, as três luzes vermelhas são capazes de matar qualquer mágica. Fico imaginando a frustração de quem passou por isso, em alguns casos até mais de uma vez.

    No caso do Wii, é evidente que ele é menor que a propaganda, e concordo com o Morrison quanto suas criticas sobre a falta de um gameplay realmente imersivo em boa parte dos jogos. Por outro lado, eu acho que ele forçou em alguns pontos do texto para sustentar sua tese.

    Só não concordo contigo quanto a isso que você disse sobre acessórios, acho um exagero seu. A exceção do volante bocó do Mario Kart, você não é obrigado a comprar nenhum, fora que além do Zapper e do Balance Board, não me lembro de outro acessório relevante para algum jogo.

    Abs.

    AvcF

  3. Entendo na pele o que o artigo quis dizer. Vendi meu Wii há um mês, não fiquei nem um ano com ele e nesse tempo todo o joguei poucas vezes. Faltou justamente a mágica, depois de um tempo jogando fiquei com aquela sensação de “é só isso?”. Realmente me lembro de ter me empolgado muito mais quando comprei o meu nintendinho 8 bits ou o Super Nintendo. Fica a pergunta… Será que o Wii cumpre mesmo o que promete ? Ou será que as pessoas inflaram a expectativa da tal “imersão” ? Particularmente assumo que embarquei na onda de que o Wii era “a sensação do momento” e comprei um, mas depois vi que esse estilo “novo” de jogar não é p/ mim.

    Abraços,

    ViNi

  4. É realmente os atuais consoles só foram promessas quanto a isso, mas é que do Wii se esperava mais, ou pelo menos eu esperava mais! Já quanto aos acessórios, o problema foi a propaganda enganosa, a Nintendo disse que com os acessórios ( obrigatórios ou não ), a experiência seria mais profunda, em alguns casos até foi, como você disse, mas quanto ao resto……….. Enfim, diziam que com o Wii remote e o Nunchuk (outro “acessório”) , os jogos de FPS teriam uma jogabilidade igual ou até melhor do que nos PCs ( combinação mouse + teclado ), mas infelizmente não foi o que eu vi até agora. Mas como eu disse tenho muita vontade de joga-lo, mas comprar ai já é outra história.
    Mas tudo bem acho que o problema é que eu esperei de mais do console, talvez minha expectativa foi muito grande.
    Ahh a tradução do artigo ficou ótima.
    Abraços

  5. Augusto, valeu pelo elogio. Ainda tem mais, vou terminar o artigo da EDGE.

    Vinicius,

    Comprar na empolgação é sempre complicado mesmo, é um risco que se corre. Sendo sincero contigo, se eu tivesse comprado o Wii de cara, eu também ficar meio chupando dedo com o console parado. Mas como eu sempre faço, esperei pelo menos um ano para o aparelho ganhar um corpo, com bons lançamentos.

    Quanto a sua indagação, eu acho que as pessoas é que inflaram a expectativa, sendo parte da culpa as propagandas exageradas da Nintendo. Eu gosto bastante do console e acho uma pena você ter vendido justo agora que ele tá ganhando bons lançamentos em ritmo cada vez mais constante.

    Abs. AvcF.

  6. Só para finalizar minha participação nesse post, queria compartilhar uma opinião, da qual, acredito que muitas pessoas compartilham: A Nintendo errou em pensar que a “mágica” vem dos consoles, a “mágica” ( pelo menos para mim ), vem dos jogos, independente da maneira que você vai joga-lo, claro existem excessões. Por isso um game pode ser lançado para PS3, X360, WII e PC e ainda assim ser ótimo. Existem vário exemplos disso. As produtoras deveriam se importam mais com a qualidade dos games e não com a maneira de joga-lo. Mas enfim, essa é minha opinão.
    Ahh AvcF, só uma curiosidade: Você faz faculdade de que?

    Valeu, estou na espera da continuação do artigo da EDGE. Abraços

  7. Acho que não foi a Nintendo quem errou, e sim as terceirizadas, haja visto a disparidade de qualidade entre os títulos 1st e 3rd party.

    Sou designer gráfico formado e estou agora em design de jogos, terminando segundo semestre.

  8. Ista é um problema mesmo, pois todos eles são contra justamente do debate, da discussão, pois isso costuma bater de frente com os dogmas deles. Eu traduzi os dois textos de Brice Morrison justamente para ter um debate sobre o Wii, com os aspectos positivos e negativos. Portanto, ninguém pode dizer que for uma abordagem injusta.

  9. Propaganda enganosa? Nem tanto.
    O papel de um console, seja ele qual for, é oferecer recursos, ferramentas para que novos jogos, melhores e mais grandiosos que os anteriores, sejam lançados.
    O PS3 oferece uma capacidade incrível de processamento, o 360 tem uma arquitetura mais familiar aos produtores habituados a jogos para pc.
    A aposta da nintendo, da forma como a entendo, foi usar uma arquitetura semelhante à anterior, e uma interface diferenciada. E os problemas começam aí.

    Até aqui, poucos jogos aproveitaram de forma criativa esses recursos, e ainda temos porcarias inferiores tecnicamente a jogos da geração passada, sob a desculpa de que os gráficos e o público hardcore não eram o foco.
    É nítido que todos se aproveitaram do surto de jogos simplistas, e trocaram qualidade por quantidade.

    Comparem os jogos de first-parties com os das third… que me dizem da versão wii de “Far Cry”, “Jumper: Griffin’s Story” e “Godzilla Unleashed”. Pelo amor dos deuses, se alguem realmente gostou destes jogos, manifeste-se!
    Agora pensem em “Metroid Prime”, “Mario Galaxy”, as insanidades de “Rayman Raving Rabbids 2”, e “Wario Shake It”.

    Definitivamente, existe sim algo de errado com o wii, mas associem isso aos jogos lançados, pois ninguém pode se divertir com um videogame… …sem jogos!

    A mágica da imersão, as horas de diversão constante, a vontade de passar mais tempo em frente à TV com os controles em mãos… isso vem dos jogos, não da campanha publicitária ou do hardware em si.

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