Game Contraste: Weapon Lord (SNES/Genesis)

Saudação aos leitores.

Mais uma seção do blog faz sua re-estréia em 2012, após longo e tenebroso inverno. Falarei aqui de Weapon Lord, um game que prometeu muito porém entregou pouco e decepcionou a todos. Vamo que vamo.

Ah, os anos noventa. Época cuja maioria dos games eram ou clones de Street Fighter 2 ou de Mortal Kombat. Se hoje a receita feliz dos game designer preguiçosos é copiar Call of Duty, naquele tempo o esquema era fazer um joguete de luta copiando um dos games supracitados e correr para o abraço. Em algum momento entre 1994 e 1995 alguns gênios da Namco e da Visual Concepts resolveram então copiar Street Fighter 2 e…Mortal Kombat ao mesmo tempo (com um tantinho de Samurai Showdown). “Imprimiremos dinheiro!!!” deve ter pensado alguns executivos. Pois bem, sabemos bem que não foi bem assim que aconteceu, não é verdade?

Por algum motivo que certamente mereceria uma pesquisa histórica, as revistas de video game da época “hypearam” bastante Weapon Lord, como se o novo rei dos games luta estivesse à caminho. Tudo porque era violento e tinha diração de arte inspirada em histórias em quadrinhos (ooohhhhh!). O traço dos personagens não me deixa mentir:

Se vocês entrarem nesse site, tem mais material do jogo (nada muito interessante, de qualquer forma). Tá certo que por um lado, não era assim tão comum jogos com esse tipo de visual em 1995, porém o engano que o pessoal cometeu é bastava ter estilo quadrinhos pra já ser graficamente interessante. Pois não foi bem assim; se vocês olharem os materiais de jogo, verão que a direção de arte ficou com cara de quadrinho meio “Image genérico”, meio Rob Liefeld (para quem não conhece a “obra” do gênio, imaginem que ele é uma espécie de LJN/Acclaim dos quadrinhos). Apesar dos pesares, o resultado não ficou ruim quando quando a direção de arte foi traduzida nas sprites e cenários do jogo. Ou seja, graficamente o jogo funcionava, o estilo e ambientação eram bem comunicados ao jogador. Todavia, ter uma boa direção de arte não é o suficiente para um game ter uma personalidade, por assim dizer. Weapon Lord é genérico até a tampa, não só pela já citada arte a lá Image dos anos noventa, como também por outros aspectos. Seus personagens parecem ter sido criados com um editor de RPG medieval, não têm personalidade nem carisma nenhum, e nomes como “Zarak” ou “Korr” parecem ter saído de projetos rejeitados do Conan.

Outro problema de Weapon Lord é que mesmo o game em si é genérico “sete cruzes”. A historinha é aquela bobagem de sempre sobre algum rei demônio ou “lorde das trevas” da vida ter algum poder fodônico, que por sua vez reune um bando de idiotas em um torneio mortal. Quanto ao gameplay, Weapon Lord acabou sendo uma mistura malsucedida de Street Fighter 2, Mortal Kombat e Samurai Shodown, resultando em um game que embora seja pretensioso, não entrega aquilo que promete. Na louvável tentativa de se diferenciar dos milhares de clones de Street Fighter e Mortal Kombat, Weapon Lord terminou por ter uma mecânica de combate desnecessariamente complicada e um tanto truncada. O jogo até mesmo possui uma espécie de embrião do “parry”, bacana mas de pouca utilidade, uma vez que sair batando feito um bárbaro bêbado costumava funcionar melhor mesmo. Como o jogo tinha poucos quadros de animação, os golpes, combos e tempos de resposta dos mesmo não rolava tão bem, o que gerava situações de jogo não muito agradáveis.

Outra complicação eram os “fatalities” do jogo, que funcionavam como uma cópia mal feita dos Ultra Combos de Killer Instinct. Embora fosse uma tarefa complicada para fazer, o resutado era decepcionante, pois todos os personagens terminavam matando o oponente do mesmo jeito, com a mesma animação final – decaptação e salto com golpe sobre o corpo morto do oponente (com um sanguinho bem tosco de acessório). Enfim, um recurso fraco e que cansava rapidamente – como o o próprio jogo, por sinal. Ainda sim, havia algo de realmente original em Weapon Lord: era possível jogá-lo contra outros jogadores via internet, através do acessório X-Band. Considerando que o game é 1995, esse era um recurso nada desprezível, embora muito provavelmente devia ser um lag só – e sem contar que praticamente ninguém tinha o tal X-Band (e muito menos iria comprar um só para jogar Weapon Lord).

No final das contas, Weapon Lord foi apenas mais um game que fracassou apesar de todo hype em seu entorno, como tantos outros que o precedeu e o sucedeu. Weapon Lord também é um exemplo de que não basta um estilo cool e uma capa legal para ter uma personalidade própria de verdade, e que nem sempre violência vende por si só (ao contrário do que muito ainda pensam, os primeiros Mortal Kombat não eram populares porque violentos, e sim porque antes disso havia um bom jogo). Analisando sob a ótica de hoje, é possível afirmar que Weapon Lord foi um game rardecore que buscou apelar a adolescentes e jovens adultos, aqueles que achavam/acham que se diferenciam das crianças porque gostam de um game “violento e com sangue”. Vocês já viram esse filme.

E é isso, amigos. Se tiverem alguma sugestão para futuros Game Contrastes, os comentários estão aí para isso.

AvcF – Loading Time.

5 thoughts on “Game Contraste: Weapon Lord (SNES/Genesis)

  1. LJN. Já tava deletando essa sigla do meu cérebro (obrigado por me lembrar, viu… :S).

    Enfim, joguei esse jogo na época. De fato, falaram maravilhas dele (tenho a Super GamePower que fez isso até hoje, aliás), mas na hora de jogar, era um tanto truncado.

    E por ter tido o dedo da Namco na produção será que esse jogo, apesar da performance e do resultado, não teria sido um embrião do Soul Edge (posteriormente, Soul Calibur)? Já me perguntei isso por várias e várias vezes… Ainda que me parece estranho que a mesma não tenha (re)utilizado alguns desses personagens do Weapon Lord em uma das sequências de Soul Edge/Calibur. Digo… resolveram enfiar Cody, Guy, Rolento e Sodom do Final Fight no universo de Street Fighter (e consequentemente, integraram totalmente a série Final Fight ao universo de Street Fighter), porque a Namco não poderia ter feito o mesmo? Enfim…

    Quanto à sugestões de Bad Trip, tem a minha que eu fiz há ANOS do Rise Of The Robots.

    Comentário do AvcF: como foi que a LJN entrou no seu cérebro? Sobre Weapon Lord/Soul Calibur, acho que o não-uso dos personagens de WL se deva por dois fatores: uma vez que quem produziu foi a Visual Concepts e a Namco apenas distribuiu, talvez os direitos autorais sejam da Visual. Além disso, Weapon Lord tem cenário tribal e primitivo, enquanto que a fantasia de Soul Calibur é medieval.

    E sempre esqueço do Rise of the Robots,acontece 😆 Coragem para jogar essa joça de novo.

  2. Eu poderia jurar que em uma dessas “locadoras” de games eu já vi um tal de um “Weaponlord 64” mas o google me provou que eu tava viajando… Esse jogo é muito ruim cara, sem comentarios… Se a minha mente não me engana os comandos são feitos ao contrário (primeiro você aperta o botão depois faz o comando com o direcional! LOL)! Muito ruim mesmo…

    Comentário do AvcF: por “Weaponlord 64”, você deve ter confundido com “Mace the Dark Age” (outra porcaria, por sinal).

  3. Tem razão, a Namco apenas distribuiu Weapon Lord. E Mace: The Dark Age é razoável, não chega a ser tão ruim assim (fora que foi o 1º jogo de Nintendo 64 que comprei, em 1998 – sim, podem rir… ). Pelo menos é bem superior à outras pérolas de luta do N64 como G.A.S.P!! (da Konami – aliás, faz um Bad Trip desse – se é que já não fez…), War Gods e Bio F.R.E.A.K.S. Ainda que um Weaponlord 64 estaria sim fadado à escabrosidade. 😉

    E ainda bem que o cast de personagens do Eternal Champions (outra bela porcaria) não figurou em algum outro jogo de luta da Sega, como Virtua Fighter, Fighting Vipers ou mesmo aquele crossover Fighters Megamix. Comentei isso pois acabei de saber que o Akira Yuuki do Virtua Fighter vai integrar o cast de personagens do Dead or Alive 5, o que me diz disso?

  4. A capa vale a pena. Não tenho certeza mas parece com o traço do Simon Bisley que é um puta artista. Muito influente nos anos 80/90 Fez capas magnificas para varias edições da revista Heavy Metal. Vou dar uma buscada no google pra ver se é dele mesmo. Sei que ele fez a capa para Heavy Metal Geomatrix para Dreamcast.

  5. Eu achei insano, vcs estão loucos! Ain, é só porradaria, já tinha street fither, mortal kombat e blá,blá, blá… Os combos eram difíceis, os fatalites não impressionavam e mimmiimi…

    Era porradaria das boas. O som de tambores no fundo, os estalos do metal das armas se batendo contra as outras, a trilha sonora combinava muito com a ambientação.

    Foda-se se os nomes eram genéricos e os personagens pareciam ter saído das histórias do Conan. E qual o problema? Era a característica do jogo,

    Quanto aos golpes eram um espetáculo a parte. Decapitação, Esfolação, Afundamento Torácico, etc. E quanto a dificuldade. Sim era mais complicado. (Quer moleza? Senta na merda.), A dificuldade de aplicar os golpes só selecionava os jogadores melhores, lembro das minhas tardes, eu e alguns colegas cada um especialista em um lutador fazíamos competições e era porrada até anoitecer.

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