Entre mortos e desaparecidos 9: Sierra

Saudações aos foliões.

Penúltimo capítulo da saga que conta a história de empresas de games que ou desapareceram ou naufragaram pela história dos videogames. Hoje falarei de mais um produtora que dedicou sua existência aos computadores: a Sierra. Cliquem no link e boa leitura.

Se vocês já jogaram algum adventure na vida, então vocês já jogaram um game da Sierra. Até mesmo porque em seus mais de vinte anos de existência ela produziu e publicou quase duas centenas de jogos. Fundada em 1979 sob o nome de Online Systems, no começo a pequena companhia trabalhava com programas de computador mas ainda não com games. Isso ocorreu um ano depois com o lançamento do jogo Mystery House: Hi-Res Adventure #1, que não foi nada mal: vendeu cerca de 80.000 cópias. Segundo consta no livro High Score!, Mistery House não só foi o primeiro adventure gráfico como foi o primeiro game para computador com gráficos. Com o sucesso do primeiro título, mais três foram produzidos ainda em 1980: Skeetshot, Hi-Res Football e The Wizard and the Princess. Apartir daí a trajetória de sucesso só começou.


Mystery House

Foram sete jogos em 81, sendo todos ports de arcades. Em 82 ainda sob a alcunha de online lançou o game Time Zone, um projeto ambicioso com padrão de produção mais alto até então da empresa. O projeto não deu certo, principalmente pela preço alto que foi cobrado pelo game, US$ 99, caro até para os padrões atuais. Ainda no mesmp ano a companhia mudou seu nome para Sierra, que se subdividia em Sierravision e Sierraventure. O segundo nome foi usado para os adventures tradicionais, como The Dark Crystal, e Sierravision era usado nos demais games da época como Apple Cider Spider e Dil’s Well. Mas o talento da Sierra estava mesmo nos adventures, cujo primeiro blockbuster foi o game King’s Quest, lançado em 1984. Além de ser uma série longínqua, King’s Quest deu inicio a outras duas séries de games sob a marca “Quest”, com Police Quest e Space Quest, este que alcançou bastante sucesso nos anos oitenta ao lado de outro adventure famoso: Leisure Suit Larry que inovou o gênero com seu humor e erotismo soft.

Os anos noventa

Os adventures continuaram com força total, mesmo com a concorrência da Lucas Arts. Com a progressiva melhoria dos computadores e o advento do CD-Rom, os adventures, antes jogos tecnicamente simples que dependiam bem mais da parte textual, ganharam um banho de loja. Com isso duas séries clássicas surgiram: Phantasmagoria e Gabriel Knight. Phantasmagoria teve uma produção caprichada com filmagens com atores reais em conjunto com modelos tridimensionais inseridos via chroma key, além de vir em vários CDs. O primeiro Gabriel Knight, Sin from our fathers, ainda foi feito com sprites (muito belas para época), mas já dispunha de dublagem com atores famosos. A segunda versão, The Beast Within (joguei pra cacete esse), seguia o esquema do Phantasmagoria, com produção caprichada para o padrão da época, angariando muitas críticas positivas. Gabriel Knight ainda teve uma terceira versão em 3D, Blood of the Sacred, Blood of the Damned, que não repetiu o sucesso dos anteriores.


Gabriel Knight The Beast Within. Joguei de monte, mas até hoje não terminei 🙁

Da metade dos anos noventa para frente houve uma queda acentuada do gênero adventure, que praticamente desapareceram nos anos seguintes (há um discreto retorno do gênero com o Wii e DS, mas isso é caso para outro texto). Mas a essa altura a Sierra já era uma companhia grande e bem estruturada, que inclusive já havia adquirido companhias menores. Ainda nessa época a Sierra foi vendida para uma empresa chamada Cendant Corporation, ao mesmo tempo que o casal de fundadores deixou a Sierra para curtir a aposentadoria. Mesmo com a mudança de direção, a Sierra continuou lançando sucessos como The Incredible Machines, Tribes e os games da série Quest for Glory.

Mas talvez o maior sucesso da companhia veio em 1998 quando lançou em conjunto com a Valve o clássico dos jogos de tiro Half-Life. O game revolucionou seu gênero, era muito melhor que Doom e Doom 2, mas sem dúvida sua grande atração foi seu hoje famosíssimo editor, responsável pelo surgimento do mod Counter Strike, sem dúvida nenhuma uma das maiores enganações do mundo dos games que já vi em vida.

A ida para o vinagre

Em 2000 a Sierra foi comprada pela então recém formada Vivendi Universal, apartir daí só decaiu. A companhia entrou em um processo crônico de decadência, com sucessivos cortes e demissões, além de que seus games não tinham mais a qualidade e o sucesso de outrora. Com a posterior união da Vivendi com a Activision, a marca Sierra começou a desaparecer progressivamente até sumir por completo sob os tentáculos da Vivendi Activision.

Foi um final triste para uma companhia que lançou games revolucionários. Mas para todos aqueles cujo passado gamístico é atrelado aos computadores, a Sierra sempre será um nome lembrado com carinho e respeito. Eu mesmo ainda guardo comigo a caixa com os seis CDs de The Beast Within. Bons tempos.

Último capítulo: Jaleco

Abraços e até o próximo post.

André V.C Franco/AvcF – Loading Time

10 thoughts on “Entre mortos e desaparecidos 9: Sierra

  1. Realmente eram bons os tempos dos adventures (Day Of The Tantacle, The Dig, Secret Of Monkey Island…). Cresci jogando eles e terminei todos, inclusive Phantasmagoria (que me deu altos sustos) e sua continuação (A Puzzle Of Flesh, meia boca, mas legal). Infelizmente não joguei nenhum Gabriel Knight.

    Mas, infelizmente, o gênero em questão deixou de ser popular, sendo lançados apenas alguns jogos para Wii e DS, como vc mesmo citou, André.

    Além disso, acho que poderia poderia ter um capítulo 11º do “entre mortos e desaparecidos”: o da Midway.

  2. Que pena que ela sumiu, fazia ótimos game. AvcF, me corija se eu estiver errado, mas a Sierra também não fez o primeiro F.E.A.R.? Esse game até que fez sucesso. Ahh, arruma lá no começo, tá “mesmp” no lugar de “mesmo”. Abraços

  3. A Sieera atuou como Publisher do Fear só. Pra ser honesto foi pela Vivendi, que como mencionado acima, foi dona da Sierra por um tempo.

    Depois a Monolith foi comprada pela Warner, que publicou o novo Fear 2, que pode usar o nome FEAR depois de briga judicial.

    Tanto que outro jogo da Monolith, o Condemned, foi publicado pela SEGA

  4. Antigamente eu nãao entendia isso…quando era moleque….

    Fiz vários elogios a empresas que nem sequer eram responsáveis pelo desenvolvimento do jogo em si…ahuuahuhuah

  5. A minha melhor recordação da Sierra é a proteção de tela que tenho até hoje do náufrago Johny Castaway, de 1992. Quem não teve o simpático barbudo que guardava tudo atrás do coqueiro da ilha?

  6. Lembro-me de que ficava horas jogando o Lords of the Realm da Sierra, um jogo de estrategia por turnos. Mas quase quebrei o computador qdo fiquei a noite toda numa fase imensa e, amanhacendo, a máquina ganhou. Frustraçao pura… Bem, até sou bem teimoso com jogos, mas dai em diante, nunca mais joguei o LOTR. E é verdade que ainda hoje tenho algumas frustrações, como em Fire Emblem do Wii, mas sao mais palatáveis…

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