Entre mortos e desaparecidos 4: Technos e Tradewest


Saudações aos feras.

Na continuação do link a continuação do desenterro das empresas mortas e/ou desaparecidas. No texto de hoje falarei de duas empresas muito presentes nos consoles durante as gerações 8 e 16-bits. A razão de eu tratar das duas ao mesmo tempo é simples, suas histórias são bastante relacionadas, como vocês mesmos poderão ler. Boa leitura, espero que gostem.

Technos

Falarei sobre ela primeiro apenas para manter a ordem alfabética. A technos foi fundada em 1981 por três ex-funcionários da Data East, inclusive os primeiros games da Technos foram publicados pela própria DA. Tag Team Wrestling e Karate Champ, citados no texto anterior, foram desenvolvidos pela Technos. Nesse começo a empresa era humilde, porém eles estavam destinados a serem bem maiores. O sucesso veio em 1987 sob a alcunha do clássico eterno Double Dragon. Digo sem sombra de dúvida que se alguém que joga videogame nem nunca ouviu falar desse jogo, deve se suicidar imediatamente. Sucesso incontestável nos arcades, a saga dos irmãos Billy e Jimmy Lee foi posteriormente portada para todas as plataformas possíveis, do Atari 2600 até o Genesis. A versão seguinte, Double Dragon II: The Revenge manteve o sucesso e a qualidade da série, enquanto que a Double Dragon III: The Rosetta Stones (Sacred Stones no NES) foi um verdadeiro lixo nos arcades e Genesis enquanto a versão NES foi a única que manteve a honra da marca.

Outra série de sucesso foram os jogos baseados no personagem Kunio Kun, rebatizado no ocidente de River City Ramson. O sucesso do beat em up com os bonecos em traço “SD” gerou vários spin-offs esportivos, cujos mais famosos foram Kunio-kun no Nekketsu Soccer League (rebatizado de Nintendo World Cup) e o Nekketsu Kōkō Dodgeball Bu, que por essas bandas ficou conhecido como Super Dodge Ball (aqui no Brasil chama-se queimada). Os jogos eram caracterizados pelo fato do esporte-tema ser apenas um pano de fundo para partidas com lances absurdos e violência caricata.


Super Dodge Ball e sua medonha capa americana

Os anos noventa

Na década seguinte a empresa continuou a seguir sua receita, investindo em suas duas séries principais. Começou pelo lançamento de Double Dragon 4, ótimo game de ação, um dos mais bacanas que o Super Nes, na minha opnião é até melhor que o port porco que a Capcom fez do Final Fight. Kunio Kun também continuou ganhando games para Super Nes. Por outro lado, a Technos também se preocupou em dar uma diversificada lançando jogos como Combatribes, WWF e Super Bowling.

A ida para o vinagre

Mas infelizmente a companhia já não ía bem das pernas. O infame e constrangedor filme do Double Dragon, uma pérola da Sessão da Tarde, talvez foi o principal indicador disso. O jogo de luta baseado no filme, além do posterior port para Neo Geo e Playstation, foi o último game que a Technos produziu antes da sua falência em 1996. Após alguns anos no limbo, a propriedade intelectual foi comprada pela Million, uma subsidiária da Atlus (no fim foi “absorvida” pela empresa-mãe). Pelo menos tanto Double Dragon quanto o Kunio Kun ainda existem nos portáteis, já que teve uma versão de Dodge Ball para Gameboy Advance e uma mais recente para o Nintendo DS, além do remake do Double Dragon também lançado para GBA. Os irmãos Lee também protagonizaram um jogo de luta lançado em 2002 pela SNK, chamado Rage of the Dragons. Alguns dos games antigos também se econtram disponíveis tanto no Live Arcade como no Virtual Console.

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Tradewest

Fundada nos Estados Unidos em 1986, a Tradewest começou como distribuidora de arcades, em especial os da SNK, trazidos ao ocidente pela empresa americana. Não tardou e a ida para o mercado de consoles foi inevitável, já que o NES ía de vento em popa no final dos anos oitenta. E os caras não bobearam, pois inicialmente pegaram a conta da Rare e da Technos, assim lançando vários jogos bons ao lado de clássicos como Double Dragon.

Os anos noventa

Nessa época que o talento da Rare começou a florecer e a Tradewest lançou quase todos seus jogos, a começar pelo clássico Battletoads, um dos games mais difíceis e divertidos para o 8-bits da Nintendo. O pessoal com mais de vinte anos deve se lembrar das malditas fases do Jet Ski e das cobras gigantes, que requeriam habilidade suprema para serem vencidas. Outro título lançado pela Tradewest que joguei bastante foi R.C. Pro-Am 2, um simulador de corrida de carrinhos de controle remoto. Arrisco-me a dizer que esse talvez tenha sido o melhor jogo de corrida da biblioteca do NES, até em razão desse gênero não ter sido um dos fortes do console. De qualquer forma era um jogo bem completo, com customização e tudo, algo raro naqueles tempos.

R.C. Pro-Am 2 rodando.

Mas o melhor jogo publicado por eles em minha opinião foi o clássico crossover Battletoads & Double Dragon: The Ultimate Team, em que curiosamente para mim a melhor versão era mesmo a do NES. O jogo seguia a mecânica de Battletoads, mas tinha a dificuldade um pouco mais baixa e vários elementos do universo dos DDs. Somando todos os elementos, o resultado era um jogo de ação acima da média, divertido e intenso. Foram incontáveis horas que gastei enfrentando as hordas da Dark Queen e do Shadow Boss, em todas aquelas fases. Muito bom mesmo.


Capa da versão Genesis de Battletoads & Double Dragon

Por outro lado, infelizmente a Tradewest foi responsável pelo lançamento do vomitável Double Dragon V, um asqueroso clone de Street Fighter 2 com personagens de um rídiculo cartoon que inventaram para a televisão americana. O desenho era tão ruim que devia causar até toxoplasmose em quem assistisse aquilo. Nem o modorrento desenho do Mega Man que passava nas manhãs de sábado do SBT era tão ruim. Poupem seus emuladores, pois Double Dragon V é um forte candidato a estrelar um Bad Trip com direito a levar tomatadas e ovos podres, no melhor estilo “sapatada iraquiana”.


QUEIMA ESSE JOGO, SENHOR!!!

A ida para o vinagre

A situação da Tradewest ficou complicada quando ela perdeu seus dois melhores clientes, a Rare e a Technos. A primeira, como mencionado na primeira parte desse texto, faliu em 96. Já a segunda se tornou exclusiva da Nintendo a partir do primeiro game da trilogia Donkey Kong Country em 94. Para não falir, acabou sendo comprada pela WMS (dona a Williams, famosa por seus pinballs) e hoje faz parte da Midway. Deve ser triste terminar como propriedade de uma empresa que lança tantos jogos ruins (a Midway está financeiramente com a corda no pescoço, inclusive), mas faz parte do jogo do capitalismo. Mas a vida segue. Este capítulo fica por aqui.

Próximo capítulo: Accolade

André V.C Franco/AvcF – Loading Time.

6 thoughts on “Entre mortos e desaparecidos 4: Technos e Tradewest

  1. Battletoads & Double Dragon eu sempre achei muito hilário, já ganhei muitas horas me divertindo com ele. Esse arcade do filme do Double Dragon eu já joguei muito também, achava até bacana.

    Dodge Ball eu só me lembro de uma versão precária para o Game Boy Tijolo que eu tinha em um cartucho 8 em 1 (em que só valia a pena mesmo The King Of Fighters 96 e um Fatal Fury).

    Ah, não tá errado não: “…tanto Dragon Ball quanto o Kunio Kun…”?

  2. Sem comentários o filme do Dragon Ball……….. Jogava muito o Battletoads com meu primo, era muito dificil, acho que só terminei ele em emulador, naquela época até achava que tinha alguma coisa haver com as Tartarugas Ninjas. “sapatada iraquiana”? Olha os acontecimento no mundo influenciando os gamers! Muito bom. Abraços

  3. (…)”seus dois melhores clientes, a Rare e a Technos. A PRIMEIRA, como mencionado na primeira parte desse texto, faliu em 96. Já a SEGUNDA se tornou exclusiva da Nintendo a partir do primeiro game da trilogia Donkey Kong Country em 94.”

    Inverteu a ordem.

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