A síntese do jornalismo rasteiro 3: o constrangedor pânico moral do Domingo “Espetacular”

Saudações aos internautas.

É amiguinhos, tenho que ser sincero com vocês e admitir que dá uma preguiça de falar sobre isso mais uma vez. Digo isso porque infelizmente não há nada novo no horizonte do pânico moral na gloriosa televisão aberta brasileira. Mas estou aqui sempre pronto para desnudar a ignorância desse pessoal. Well, vamo que vamo, né? Acompanhem.

Quem perde tempo lendo este humilde blogue desde seu começo sabe que se não for o único, talvez seja um dos poucos que se preste a discutir o pânico moral sobre os video games. Acho que já devo ter escrito uns cinco ou seis posts sobre esse assunto. Quando se recorda desses casos há sempre um padrão que se repete entre eles: a utilização de um fato público chocante como motor que impulsiona uma explosão de pânico moral. Outro fator comum desses casos é larga utilização de correlações equivocadas, preconceitos e mistificações vendidos aos incautos como fatos incontestáveis. Vocês conhecem bem esse filme.Porém o chato é que isso tende a se repetir de tempos em tempos, e agora foi a vez do programa dominical Domingo “Espetacular” (as aspas são minhas mesmo) dar a sua contribuição ao lamaçal de bobagens sobre os video games:

Para inicio de conversa, considerei lamentável essa grotesca exploração da reportagem sobre a tragédia de Realengo. Como se já não bastasse todo o sofrimento dos envolvidos e a farta exploração da imprensa sobre o caso, o departamento de jornalismo da Record ainda achou espaço para usar a tragédia como ferramenta para proselitismo anti-video games. A desonestidade intelectual da reportagem é evidente desde o início, quando ocorre uma contraposição de imagens do massacre na escola e cenas de uma versão do jogo Hitman. Apesar do contexto absoltumente adverso entre as duas coisas, é evidente o sentido da direção em manipular a percepção do telespectador. O tom sensacionalista da narração e o abuso de imagens pesadas do massacre já ligam em quinta marcha o pânico moral que será a regra geral do restante da reportagem.

Um momento de extrema vergonha alheia foi sem dúvida quando Duke Nukem é jogado no meio da bobajada toda. Somente a descrição de Duke como um “rapaz que bebe, joga e se envolve com dançarinas” é de doer o esfíncter. Mas o grave dessa parte foi a forma desonesta como o caso do atirador do cinema foi relembrado. A investigação da polícia na época nem perdeu tempo com bobagens gamísticas, uma vez que o ex-estudante de medicina havia largado um tratamento psiquiátrico e simplesmente ENTROU SOB EFEITO DE COCAÍNA na sala de cinema onde executou a matança. Aliás, a super reportagem omitiu do telespectador esses insignificantes detalhes.

Por falar em omissão, em nenhum momento da reportagem é mostrada sequer uma menção que fosse sobre o fanatismo religioso de Wellington Menezes, que é absolutamente visível em sua carta póstuma e seus videos delirantes. Embora a reportagem do Domingo “Espetacular” afirme que o assassino agiu inspirado por video games violentos, nem o próprio, nem a investigação da polícia apontam nessa direção. Por sinal, a única evidência que a reportagem mostra para sustentar sua afirmação é um frágil depoimento. Ainda nesse sentido, não consigo entender como esses jornalistas-google da Record ainda não descobriram nada além do surrado Counter-Strike. Ah, e avisem aos nobres jornalistas que apesar dos jogos de tiro serem “simulações quase reais” (risos) e da “impressionante sequência de tiros” (mais risos), DUKE NUKEM FOI LANÇADO EM 1996. E de onde eu venho porcos não são bípedes e não há naves espaciais voando sobre edifícios.

O restante da reportagem é aquela gororoba de sempre: um “especialista” dá suas considerações genéricas (nessa reportagem nem mesmo a especialidade da médica é informada), algum advogado ou defensor público defende a proibição dos jogos, um ou outro caso é exibido no intuito de tranformar exceções em regra, as mistificações de sempre. E tudo isso ao mesmo tempo que nenhum dado ou fato concreto sequer seja mostrado. Mostrar o outro lado, ouvir argumentos contrários, propor uma discussão sobre o assunto? Ah, bobagem. Caso tenha assistido à reportagem, Valdir Raupp deve estar esfregando as mãos agora.

Por fim…

Acho que no fim das contas seria demais também esperar isenção e bom jornalismo de um programa de variedades que não passa de um clone da emissora concorrente e líder do mercado. E ainda por cima apresentado por um petista sem nenhuma credibilidade no jornalismo, demitido dos principais veículos do país até arrumar uma boquinha na emissora mais chapa-branca do atual governo federal. E não se esqueçam que antes desse ataque de pânico moral protagonizado no último domingo, o Domingo “Espetacular” produziu um dos maiores constrangimentos da história do jornalismo brasileiro. Com vocês, senhoras e senhores, o E.T Bilu:

Espetacular é isso aí.

Abraços e até o próximo post.

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11 thoughts on “A síntese do jornalismo rasteiro 3: o constrangedor pânico moral do Domingo “Espetacular”

  1. um canal ignorante q sabe usar bem a massa de manobra q é a população ignorante brasileira…tem horas q eu queria ser americano,argentino,mexicano ou canadense,pq no brasil so sinto vergonha!

  2. Já havia visto um trecho desse besteirol sem nexo por acaso quando minha mãe estava vendo essa tosqueira de repórter ”espetacular” não passam de um bando de sensacionalistas desinformados buscando outra porcaria chamada ibope, nada mais. É lamentável em pleno século 21 ainda vermos bobagens como essas sendo veiculadas, caso esses analfabetos digitais não saibam games/filmes/livros/tv são formas de interação onde são passadas informações de forma livre, agora se um doente gosta de ler livros de temas policiais significa que foi por isso que ele virou um assassino? ou se assiste um filme violento porque não associam também? Eles são ”espertos” querem logicamente associar ao que mais está em voga ou na moda.

  3. Uma dica procêis! faça como eu.
    Mande o redator se foder, mande o reporter se foder, mande os juizes que proibem jogos se foderem, mande a Record se foder, mande seus vizinhos babacas se foderem, mande os falsos moralistas se foderem, mande a ERSB se foder, mande Counter Strike (que é uma bosta) se foder, mande essa “especialista” se foder, enfim, mande todo mundo se foder.Ai você liga seu preystatio, põe o Metal Slug e mata todo mundo!
    Sério, a melhor maneira de lidar com esse tipo de situação ridícula é simplesmente ignorar.Não há argumentos contra a ignorância.Nada que a gente diga pode convence-los que ninguém mata ninguém por causa de games.Então ignore, e seja feliz com seus games favoritos.Pois eles não podem fazer nada para te impedir.

  4. Na parte do vídeo em que eles citam (e mostram) mais ou menos que se pode bloquear certos conteúdos, não estão fazendo nada mais do que a Rede Record já vem fazendo com as mentes de certas pessoas através de suas sessões de descarrego. Brincadeira…

    Quanto ao lance do Bilu, era o Snarf! 😀 😀 😀

    Enfim, a voz do bichinho tava entre a do Xaropinho (aquele ratinho do Ratinho) e o Monchi (aquele pato irritante do game/anime Monster Rancher, da Tecmo). Legal foi ver o repórter com o cu na mão querendo passar a concha (ah, mas se fosse Portunhol… 😛 ) pra mão do outro lá, tirando da reta nervoso, hahahahaahhhh!! 😀

  5. Hahahahahahahah, muito bom esse video do Bilu, o mais engraçado é a “ambientação” e a trilha sonora da bagaça, muito bom Avcf.
    Agora falando sério, ôque acontece é o seguinte: A populaçao brasileira é composta predominatemente por acéfalos , e porcamente abastadas de cultura , dessa forma é aquilo que chamamos de “Massa de Manobra”
    Essa massa é o que compõe a maior parte audiencia da tv aberta , e como é desprovida de opinião própria .
    O que eu quero dizer é que quanto mais pessoas jogam videogames , menos pessoas perdem tempo em frente a TV , “desfrutando de um programação de primeira qualidade”.
    Desde a popularização da internet , a midia impressa e a TV aberta estão sendo ownadas sem perdão , e é só acontecer uma tragédia como a de Realengo para acontecer um verdadeiro “frenesi” em busca de audiência

  6. televisão generaliza um acontecimento violento em cima de quem não tem nada haver…..acontece que aparece um doido da cabeça, joga video game, mata e depois colocam a culpa em jogos violentos, ….não sabem de porra nenhuma!!!!!todo ano é a mesma coisa, blá, blá, blá!!!!violento é o horário político, essa politica que existem em nosso país e a gestão do governo que é uma merda. a base da violência está na política brasileira: desemprego, saúde, educação e muita mentira!!!!!

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