Zelda e o samba da timeline doida

Saudações aos leitores.

E aí amigos, foram bem de natal? Muitos presentes?

Voltando à programação normal do blog, não poderia deixar de falar sobre isso antes de acabar o ano: o samba da timeline doida que a Nintendo aprontou com a série Zelda. É, que fase da Big N. Como sempre tudo após o link.

Dentre todas as séries de jogos da Nintendo, acredito que Zelda seja a que tem a mitologia mais interessante. Começou com um enredo simples, simplório até, do vilão que rapta uma princesa em busca de um artefato que lhe dará poder ilimitado; e então quand tudo parecia perdido, surge o herói que recuperará o artefato, resgatará a princesa e derrotará o vilão, recompondo o equilíbrio original. Partindo sempre desse princípio(exceto alguns games como Link’s Awakening, por exemplo), cada novo game também adicionava novos elementos, como lugares novos, raças até então desconhecidas, monstros e etc. Dessa maneira, a mitologia de Zelda foi crescendo e ganhando corpo, criando um contexto que ajudava a tornar os games mais interessantes. Afinal, os jogadores sempre se faziam algumas perguntas, como para onde iria o herói após terminar sua jornada, ou o que aconteceria com Hyrule após a queda do vilão Ganondorf. Esse processo seguiu um curso regular até o lançamento do game mais popular da série, Ocarina of Time, que também por outro lado meio que se tornou uma espécie de maldição para a série e para a Nintendo.

A Lenda de Zelda: A Volta dos que não Foram

Até Ocarina of Time, ninguém se preocupava em encaixar cronologicamente os games ou mesmo ficava cavando referências de games anteriores ou coisas do tipo. Tirando a óbvia sequência The Legend of Zelda – Zelda II: The Adventure of Link, lançados para NES, ninguém ficava preocupado se Link’s Awakening of A Link to the Past precediam ou procediam os outros games. Contudo, com o lançamento de Ocarina of Time tudo mudou, e isso aconteceu por cinta de um recurso disponível no jogo: a infame viagem no tempo.

Quem jogou Ocarina certamente se lembra que ao pegar a Master Sword, Link fica suspenso em sono profundo por 7 anos – e aí Ganondorf aproveita para bagunçar o coreto e tocar o terror em Hyrule. Então, após resolver toda a bagaça para a folgada da Zelda, Link ganha uma passagem de volta para o passado, para viver sua infância e blábláblá. Pois bem, é aí que se dá toda a treta da coisa. Isso porque no mundo videogame-nerdístico-internético, viagem no tempo significa também uma tremenda viagem na maionese em cima teorias de física pesudo-cinetíficas misturadas com doses de noções adquiridas por filmes como Back to the Future. Essa salada russa resultou no que muitos zeldistas convencionaram como “timeline split theory” (nossa, que chique!), que consiste no “fato” de que ao voltar ao passado, a linha temporal de The Legend of Zelda foi dividida em duas, e dessa forma todos os games necessariamente precisariam ser encaixados cronologicamente dentro desse conceito.

Patrocínio maionese Hellmann’s

Como vocês puderam assistir no video acima, criou-se uma verdadeira paranóia em torno dos games Zelda pós Ocarina of Time, e zeldistas dos fóruns da vida passaram a escarafunchar até a mais insignificante textura em busca de alguma referência que pudesse corroborar essa tese louca de divisão temporal por viagem na maionese, digo, no tempo. Isso porque diversas interpretações divergentes surgiram em torno de como ordenados são os jogos, além de uma forçação de barra enorme para encaixar alguns games Zelda que são absolutamente diferentes entre si. Em resumo, ao invés de gastarem seus respectivos tempos jogando e aproveitando os jogos como experiências únicas que são, muitos zeldas perderam incontáveis horas de suas vidas em discussões completamente infrutíferas sobre supostas referências, aparições de personagens pouco importantes e por aí vai.

O Samba da timeline doida

Durante anos, a Nintendo nunca confirmou a existência da tal linha do tempo dupla, deixando um certo mistério no ar, assim alimentando eternas discussões de fãs. Isso até dezembro de 2011, quando em comemoração aos 25 anos da série, lançou no Japão o livro chamado Hyrule Historia, contendo todas as informações dos jogos da série. Evidentemente que logo começaram a pipocar as traduções das páginas do tal livro, sobretudo pela fome de saber se afinal a Nintendo teria confirmado a tal “split timeline”. A Nintendo porém, conseguiu fazer ainda pior que os fãs, publicando isso que vai abaixo:


Se preferirem, tem em português também…

Sabem quando você está com uma mala de viagem já cheia mas ainda precisa colocar mais algumas coisas, e para conseguir tal tarefa, simplesmente atocha tudo lá e fecha correndo? Foi mais ou menos o que a Nintendo fez no caso dos games Zelda. Para realizar tal proeza, simplesmente não se deram por satisfeitos com duas linhas temporais, e simplesmente criaram uma terceira, e pior, cujo ponto de partida é a DERROTA DO HERÓI. Baralho, como assim? De alguma forma muito louca, a Nintendo simplesmente considerou que os jogadores ganharam mas perderam ao mesmo tempo, como se o game over fosse literal, e não um recurso de game play. Agora, imaginem por exemplo uma série como God of War ou Uncharted ou sei lá, Metal Gear Solid, em que algum dos games tem o enredo partido do pressuposto de que o protagonista PERDEU para o vilão-mor do game anterior (ou posterior, devido a bagunça que a Nintendo fez com a cronologia de Zelda). Sério, quem foi o bêbado retartado que propôs e/ou aprovou uma sandice dessa? Isso sem contar na óbvia forçação de barra que é encaixar jogos que na maioria dos casos são absolutamente diferentes uns dos outros, como por exemplo A Link to the Past estar na mesma linha e ser predecessor de Oracle of Ages. É como querer combinar água e óleo.


Até os fãs já zoaram com essa batatada de timeline

O pior de tudo é que agora todos os jogos subsequentes serão engessados por causa dessa porcaria de linha do tempo tripla, pois obviamente todos se perguntarão quando for anunciado o próximo game: “mas esse Zelda X se encaixa em que timeline?” ou ainda “O Zelda X é antes ou depois do Zelda Y?” Além disso, todos os games que vieram automaticamente perderão parte de sua graça, pois pela timeline todos saberão que esse game não, digamos, terminará de fato, por assim dizer. Ainda nesse sentido, a triple timeline fez o vilão Ganondorf ser um campeão de ressucitações. Quem sabe no próximo game não incluam setes esferas que realizam desejos e mudem o nome do vilão para Goku.

Por fim

Realmente a Nintendo vive uma fase bizarra, ao menos para mim, sem explicação mesmo. Depois de estragarem Metroid, segurar por dois anos um um grande game como Xenoblade, abandonar séries clássicas como F-Zero e Star Fox e não lançar continuações óbvias como um New Super Mario Bros.2; agora a Nintendo apronta uma dessa com Zelda, tranformando a cronologia da série em um samba da timeline doida. Quando se analisa os games já lançados, sobretudo os da era pré-aonuma, fica evidente que nada disso tinha sido planejado no início(e nem precisava, inclusive).E ainda por cima apelaram para uma solução preguiçosa e que claramente usou as viagens de fãs da internet como base. Quero ver agora a Nintendo rebolar para tentar justificar o injustificável.

Enfim, parábens a todos os envolvidos.

AvcF – Loading Time.

11 thoughts on “Zelda e o samba da timeline doida

  1. Sinceramente, não vejo com maus olhos o que a Nintendo fezr ao tentar organizar a timeline de Zelda. Claramente ela foi feita para os fãs da internet, aqueles que passam tempo viajando na maiionese. Para os demais, não vai fazer a menor diferença, como não fez até hoje.

  2. Também não acho que isso vá afetar alguma coisa, vai servir pra quem curte as teorias e pra quem não curte é só ignorar. Já faz tempo que os jogos da série se relacionam e isto nunca foi impeditivo para que as histórias se desenvolvessem de forma independente.

  3. Também não acho que vai mudar muita coisa, gostei da ideia de talvez o Hero of Time ter perdido em OoT, e apenas acharei q a Nintendo falhou se o próximo jogo da série ficar “preso” à timeline

    E algo interessante que encontrei foi q talvez as 3 timelines de Zelda representasse cada parte da triforce

    Poder: A Link to the Past até Zelda II, pq nesses títulos o jogador precisa de mais habilidade para jogá-los e são os mais difíceis

    Coragem: de Majora’s Mask até 4 Swords Adventures: são os de ambiente mais “dark” por assim dizer, onde tudo parece estar em trevas

    Sabedoria: De Wind Waker até Spirit Tracks: os jogos que pendem à jogabilidade e utilização de itens

    Digam ae o que acharam dessa teoria

  4. É o que dá quando começa a se dar importância demais a história. Antigamente, Zelda era um jogo focado na jogabilidade e, agora, sobre a batuta de Aonuma se transformou num jogo onde o foco é a história idealizada por ele e Miyamoto. Zelda se tornou uma franquia que não conta mais sobre o mundo de Hyrule, mas sobre uma história qualquer. Nesse sentido, até cabe da Nintendo montar uma timeline, mesmo ela sendo bem forçada.

  5. Eu simplesmente ignoro. Tentar conectar um história sem cabeça com outras ainda mais mirabolantes gera uma confusão tremenda pra quem tenta entender a cronologia da série. Aliás, qualquer tentativa ou feição cinematográfica de um jogo tende a me aborrecer, eu me atenho muito mais pela diversão proporcionada pelo jogo em si.

  6. Verdade seja dita.

    The Link To The Past e Link’s Awakening são os mais simples, mas que contam com uma mitologia do mundo e do ambiente ao seu redor ique pra mim só foi batida por Elder Scrolls 4.

    Isso é otimo pois te prende ao jogo, você quer saber como foi a guerra antes do jogo, quem foi Agahin, o que é o Dark World e etc.

  7. Nao sei qual a diferenca vai fazer na diversao que essa maravilhosa franquia oferece.
    Pra mim cada Zelda que ja joguei é magico, inteligente e divertido!
    Enquanto o jogo mantiver a qualidade da sua grife nao vejo pq reclamar.
    Sinceramente, Acvf, acho que vc é quem esta numa fase de criticar tudo que a nintendo faz.
    Seus posts sao bons mas esse beira à pura implicancia e intolerancia sem sentido.
    Se a nintendo tentou agradar aos fans com uma timeline? Qual o problema? Desde que os jogos em si continuem excelentes…

  8. Achei a ideia da realidade paralela em que o herói perdeu corajosa e genial!!!

    O vídeo do Back to The Future é um dos melhores que já vi hahahaha

    Não vi com maus olhos essa time line. Ainda assim há total liberdade pra nós os fans ficarmos supondo e supondo e interagindo, por isso é o melhor jogo de todos.

    E parabéns pelo blog, continue postando cara, tu escreve bem demais e tem total domínio do assunto.

    Abraços!!!

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