Star Fox: a estrela que a Nintendo apagou

Saudações aos leitores.

Um dos games que mais gostaria de ouvir um anúncio na E3 desse ano é Star Fox. Desde 1997, ano em que foi lançada a clássica versão Nintendo 64, eu aguardo por uma nova versão que me divirta tanto quanto esse título. Falarei um pouco da breve saga dessa série que a Nintendo inventou e ela própria matou. Sigamos.

Data estelar: 1993. A humanidade vivia uma era de sangrentas batalhas entre os dois gigantes que então dominavam o mundo. De um lado o gigante vermelho: experiente, poderoso, ciente de suas forças; do outro lado o gigante azul: surpreendente, rápido e destemido. A cada vez que um fazia um movimento, o outro tentava revidar com outro movimento mais possante. Era uma batalha de movimentos marcados, passos estudados, como um balé violento (ui). Porém, em determinado momento surge a oportunidade do piloto Fox Macloud dirigir a novíssima Air Wing e partir em missão rumo ao desconhecido…

Ok, essa sinopse sem vergonha foi apenas uma desculpa para começar a falar da importância que foi o lançamento de Star Fox para o SNES, naqueles tempos. Tratava-se de um tipo de game que a Nintendo ainda não tinha feito, com um universo novo e aquele esquemão space opera que sempre é epic win. O game foi lançado também para vender a idéia do chip Super FX, que nada mais era do que o mesmo processador do console rodando a um clock maior e imbutido no cartucho, cortesia da já extinta Argonault. Hoje Star Fox parece algo completamente primitivo e desajeitado, mas em 93 mover 100 polígonos por segundo era um feito e tanto para uma máquina que rodava a 3,68mhz. De qualquer forma, era um game muito bom, com fases movimentadas, ótimo desafio, caminhos secretos e trilha sonora muito boa:

O game fez sucesso, sempre aparece na maioria das listas dos melhores do SNES, mas sua continuação agendada para 1995 foi cancelada pela Big N. Mas ninguém ficou desanimado, pois todos sabiam que o Nintendo 64 receberia sua versão, cedo ou tarde. E foi o que aconteceu mesmo.

O clássico, a lenda, o mito

Em 1997 é lançado o clássico Star Fox 64, um game maior, melhor e mais bem produzido que a versão anterior. Ao contrário do primeiro game que lutava antes de mais nada contra as limitações técnicas do console ao qual foi projetado para rodar, SF 64 vôou em céu de brigadeiro graças aos poderes do Nintendo 64:

A estrutura de jogo era a mesma, com três caminhos intercambiáveis, atráves do cumprimento de requerimentos para achar passagens secretas. Mas o direcional analógico melhorava em muito as respostas dos movimentos e manobras (DO A BARREL ROLL eterno), o ritmo era mais intenso, assim como a cadência também era melhor que a versão SNES. Mas as melhores novidades foram as fases em modo full 3d (chamadas de all range mode), e as fases com o tanque e o submarino, bons respiros diante de tantas fases com naves. Mas o maior diferencial mesmo na imersão do game foi sua dublagem, até hoje lembrada e parodiada devido ao seu caráter propositalmente canastrão.


Me senti meio esquisito ao perceber que ainda lembrava de TODAS as falas de cor e salteado

Perdi as contas de quantas vezes eu terminei esse game, fora as vezes que jogava para melhorar o score e ganhar as medalhas. O aspecto arcade garantia um replay quase infinito a Star Fox 64, apenas o modo multiplayer que eu não gostava, por considerar limitado e pouco divertido.

A decadência

Tenho certeza que na era GameCube muitos aguardavam com ansiedade a próxima aventura de Fox, Peppy, Slippy e Falco. E já logo no começo da geração foi lançado Star Fox Adventures, game produzido pela Rare e que nada tinha a ver com o estilo consagrado pela série. Adventures tratava-se de uma grande picaretagem, pois originalmente era para se chamar Dinosaur Planet, não tendo nenhuma relação com o universo de Lylat System. Talvez para chamar mais atenção, a marca de Star Fox fsubstituiu a de Dinosaur Planet, e Fox foi jogado naquela gororoba que nada mais era do que uma tentativa de Zelda. As batalhas espaciais foram para o brejo, dando lugar a lutinhas e exploração a pé. Não por acaso o game foi um fracasso comercial. Afinal, se é para jogar algo como Zelda, os jogadores preferem jogar…Zelda. Ninguém queria ver Fox salvando bichinhos e entrando em templos. O lugar dele era dentro da Air Wing explodindo tudo pelo espaço.

Mas os jogadores não perderam a esperança. Creio que muita gente encarou Adventures como um lapso apenas, mas que não demoraria para a verdadeira sequência surgir no horizonte. Até que para a alegria da molecada, Star Fox Assault foi anunciado. Tenho algumas revistas daquele período e praticamente todas davam destaque ao fato de que o game estava sendo desenvolvido pela Namco, e especificamente a equipe responsável pela série Ace Combat. Lembro que essa informação foi motivo de celebração, mas na época eu fiquei desconfiado. Afinal, por que a Nintendo entregaria uma série sua para outra empresa desenvolver? Sim, deu certo com F-Zero GX, mas eu não gostava desse tipo de atitude por parte da empresa. No fim das contas, entre idas e vindas, o game foi lançado…e foi uma enorme decepção. Para começar, era menor e mais curto que a versão Nintendo 64, ou seja, com menos fases e sem passagens secretas. Mas para piorar tudo, conseguiram a proeza de projetar fases com batalhas a pé, para desespero dos jogadores. As fases com nave por sua vez eram a menor porção do jogo, que como já disse, era curto.

Após o lançamento do DS, Star Fox Command foi anunciado. Lançado em 2006, foi mais uma decepção. E mais uma picaretagem também. Sim, porque Command nada mais é do que um reaproveitamento do projeto de Star Fox 2 do SNES:

O esquema de jogo era idêntico, as únicas diferenças existentes (além do óbvio avanço técnico) eram nos ajustes e no tipo de algumas missões. Eu não joguei Command, mas li muitos comentários pela internet reclamando da jogabilidade imprecisa em alguns momentos, e também da frustração que era passar por algumas missões. Comercialmente não chegou nem perto dos maiores sucessos do DS, hoje deve ser daqueles jogos fáceis de se encontrar nas seções de liquidação das lojas de games no exterior. Por tudo que vi e li, não tenho a menor vontade de um uma jogar Star Fox Command.

Os erros e maus tratos por parte da Nintendo jogaram uma série sua no limbo da irrelevância. Falco e Fox se viram relegados a coadjuvantes em Smash Bros Brawl, que além de game de luta é praticamente um “Retiro dos Artistas” para muitos personagens secundários e terciários da Nintendo. Mas nem sempre foi assim, e nem precisa ser. A E3 desse ano pode ser uma ótima oportunidade para um retorno triunfal da raposa do espaço, embora ache que esse seja apenas um desejo meu que não será cumprido. Mas quem sabe seja diferente, potencial o game já mostrou de sobra em seus melhores dias. Star Fox é uma estrela que a Nintendo apagou. Mas pode voltar a brilhar. Só depende dela.

André V.C Franco/AvcF – Loading Time.

59 thoughts on “Star Fox: a estrela que a Nintendo apagou

  1. Cara li tudo isso ai emocionado, sinceramente!
    Porque não é possivel deixar um jogo desse acabar poxa, joguei ele no SNES, Joguei também no N64, meus principais consoles foram da Nintendo, porém esta empresa, assim como outras que não vem ao caso agora, vem deixando morrer altos games que faziam nossa diversão em tempos aureos, a Sega tá retornando vamos ver, mas o que mais me deixa indignado é a fato de os consoles terem mudado tanto de preço, hoje são praticamente brinquedos de ricos, sinto saudade do tempo em que eu podia chegar na loja e comprar meu brinquedo da moda e divertido por volta de R$400, e saudade também dos games que nos fazia reunir os amigos e passar horas jogando! fica aí o desabafo. obrigado

  2. Apesar de não gostar do N64, StarFox64 foi o primeiro jogo que “me convenceu” do console. Viciante. Não cheguei até o final (por preguiça e ser o videogame dos outros), mas joguei muito.

    Lendo alguns comentários ví algo que não havia percebido: A maioria das séries clássicas nascidas até a geração 16-bit ou morreram ou viraram zumbis. Assim como na Sega e SNK, sobrou pouca coisa do legado Big N ’90 nesta década ’00.

  3. Há quem prefira a versão clássica de SNES, mas eu lhes digo que eu jogava esse Starfox 64 mais ou menos na época em que o mesmo foi lançado e simplesmente PIRAVA!!!

    Sequer cheguei a jogar os de Game Cube, mas do jeito que a Nintendo nessa época tava “cagada de urubu” não espero muita coisa não…

  4. Caras, eu joguei as versões do SNES e do Nintendo 64 e me tornei um grande fã da série. O Starfox 64 ainda é maravilhosa, jogo, e terminei um sem número de vezes.
    Não compreendo porque personagens tão cativantes foram relegados à obscuridade.
    Faço minha as palavras de vocês, mais um fã que continua orfão das aventuras de Fox Mccloud e seu esquadrão.

  5. Joguei o Star Fox do SNES (a primeira vez foi em 2003) e o do N64 (a primeira vez foi em 2000).

    Ainda não joguei os Star Fox do GameCube, mas quando o Star Fox Assault que pedi pela internet chegar vou finalmente poder 😀

    Agora vamos ás análises:

    Star Fox – SNES
    Eu já conhecia o SNES há muito tempo, mas não conhecia o Star Fox. Só conheci o jogo em 2003, quando meu pai ainda tinha um SNES como relíquia na locadora dele (que fechou em 2005). Adorava o Star Fox SNES, e o considero um ótimo jogo, mas o considerava difícil (pois fazia anos que tinha jogado o Star Fox 64, e assim tinha perdido minha experiência em jogos aéreos). Só consegui zerar uma vez (e quase fico louco tentando fazer isto). Se pudesse jogá-lo de novo, acho que conseguiria finálizá-lo sem problemas.

    Star Fox 2 – SNES
    Nunca joguei porque o mesmo não foi lançado (apesar dele poder se encontrado hoje na internet para download). Vi vídeos do jogo no youtube e o achei ótimo, tão bom quanto o primeiro.

    Star Fox 64 – N64
    Foi o primeiro Star Fox que joguei, foi amor á primeira vista. Era o segundo jogo que mais jogava no N64 (atrás apenas do Mario Kart 64). Finalizei o jogo umas 4 vezes, adorava os personagens, principalmente o Fox e o Slippy (adorava a voz dele). Considero um jogo excelente.

    Star Fox Adventures – GC
    Não joguei e não tenho interesse em jogá-lo. Vi vídeos do mesmo no youtube, e achei ridículo. Considero um péssimo jogo.

    Star Fox Assault – GC
    Ainda não joguei, mas em poucos dias o SFA que pedi pela internet deve chegar. Vi vídeos do jogo no youtube e o achei fantástico. A Namco fez um excelente trabalho. Achei espetacular a ideia de misturar batalhas terrestres com aéreas, mas as aéreas deviam ter prioridade.
    Das 10 missões do jogo, 4 são somente em Arwings, 3 somente a pé ou a pé e em Landmasters, e em 3 há “mistura” dos 3 tipos de combate. Mas nas missões “misturadas”, o jogador costuma jogar um pouco mais a pé ou em Landmasters do que em Arwings. Assim o jogo fica + ou – 50% em Arwings e 50% a pé ou em Landmasters.

    Star Fox Command – DS
    Nunca joguei e acho que não vou ficar muito empolgado caso tenha a oportunidade. Tenho visto muitas críticas ao mesmo por parte dos nintendistas.

    Um novo Star Fox (não custa nada sonhar)
    Na minha opinião, um novo Star Fox deveria ter batalhas aéreas e terrestres (sendo 70% em Arwings e 30% a pé ou em Landmasters), passagens secretas (relembrando os tempos do N64), divisão dos níveis de dificuldade igual á do Star Fox Assault (sem a necessidade de mudar de fases, como é nos Star Fox do SNES e do N64), e uma boa história. Na minha opinião, esse é o melhor caminho para a série voltar a ter sucesso.

  6. Correção em Star Fox Assault:

    Das 10 missões do jogo, 4 são somente em Arwings, 2 somente a pé ou a pé e em Landmasters, e em 4 há “mistura” dos 3 tipos de combate.

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