Semana Game Boy: Bad Trip – série Mortal Kombat

Saudações, caros eleitores.

E continuamos a semana Game Boy.

Falem a verdade, vocês já estavam com saudade de ver algum jogo detonado por aqui, né? Pois bem, farei vossas vontades, com prazer. Se tem um console que é recheado de shovelware, esse console é o Game Boy. Escarafunchando na montanha de lixo do portátil, resolvi pegar uma franquia que é uma vergonha em forma de game: a série Mortal Kombat. Se os games para consoles de mesa já são vergonhosos, as versões portáteis são ainda piores. Somando os quatro títulos do GB não é possível nem chegar a um padrão de mediocridade, são tão ruins que reuni um Bad Trip para todos, pois são patéticos demais para estrelarem textos próprios.

Vamos do princípio. Em 1992, Street Fighter 2 era o rei dos Arcades e dos jogos de luta. Ninguém era capaz de bater de frente com a qualidade e popularidade desse título. No mesmo ano, a conversão para Snes foi um sucesso comercial, vendendo milhões de cartuchos. Até que surgiu Mortal Kombat. O jogo era lento, desajeitado e copiava uma série de principios do gameplay de SF2, mas tinha um diferencial importante: o design gráfico. O clima de filme B de kung-fu ainda era uma novidade, as sprites de fotos digitalizadas de atores era um recurso pouco explorado, até então só tinha sido utilizado em Pit Fighter, game de razoável sucesso. Porém, O ponto em que Mortal Kombat brilhava era realmente um só: é o primeiro jogo de luta que dava ao jogador a opção de matar os oponentes, através de finalizações especiais. Quem não se lembra dos infames Fatalities?

Somado a um eficiente esquema de marketing, Mortal Kombat foi um sucesso inquestionável. E obviamente que iria seguir para os consoles. Enquanto a Midway produzia a segunda versão, ela deixou as conversões para os consoles a cargo da Acclaim, empresa que já tinha a tradição de lançar boa parte das maiores bombas gamísticas da época. Para ganhar uns trocados a mais, ao invés de se focar nos aparelhos mais potentes daquela geração, Snes e Genesis, a gananciosa produtora resolver converter Mortal Kombat para todos os consoles disponíveis. Era óbvio e ululante que o Gameboy não tinha qualquer condição de rodar Mortal Kombat da maneira como o game foi proposto, mas mesmo assim lá estava o cartucho nas lojas em 1993.

Sendo curto e grosso: nenhum MK para console presta, mas a versão Game Boy é a merda em forma de jogo. Ou melhor, é uma merda mesmo, pois até como jogo é discutível. Digo isso, porque MK beira o injogável durante mais de 80% do tempo. A taxa de quadros por segundo mal deve chegar a 10 fps, isso porque o olho humano consegue reconhecer a mudança de quadros quando a velocidade de uma animação é abaixo dos 12fps. Como o game ficou pesado demais para o Game Boy, todas as ações têm resposta muito lenta, o simples ato de pressionar para a direita para movimentar o lutador tem uma espécie de atraso irritante. A sensação é parecida com aquela que experimentamos ao jogar um game online em conexão discada ou com ping muito alto. Porém, no portátil esse problema é bem mais severo, quando digo que o jogo é lento, é LENTO MESMO. O conjunto de ações que envolve dar alguns passos, pular e aplicar uma voadora no adversário, leva o mesmo tempo para se cozinhar um pacote de miojo. Simplesmente nojento.

Tal qual as versões de mesa, Mortal Kombat 2 para Game Boy é o menos pior da franquia, evoluiu consideravelmente e já conseguiu ao menos ser jogável. É um game safado de ruim, mas ao menos consegue ser divertidinho se for encarado com muita boa vontade. Não chega a ser uma experiência traumática, até dá para perder uns minutos em uma fila de espera de um banco, por exemplo. Ainda sim, quando a série parecia que iria melhorar alguma coisa e ganhar algo que lembrasse qualidade, a terceira versão conseguiu a proeza de retroceder e ser ainda pior que MK 2. Bem pior, por sinal, quase ao nível abismal do primeiro.

Para não ficar tão lento, as sprites foram diminuídas, porém os programadores economizaram na quantidade de quadros de animação, e a ação ficou confusa e dura.  Some isso a um sistema defeituoso de colisão dos lutadores, uns bugs aqui e acolá e temos o Mortal Kombat 3 mais disléxico de todos. A jogabilidade também era muito ruim, aplicar os golpes especiais era um desafio a parte, fora a trilha sonora que dava ódio de tão chata e irritante. Mas se você acha que esse é o ponto mais baixo da série, se enganou. É possível ser pior que MK1? Sim, é. E aí que falarei do talvez um dos piores games já concebidos para um portátil: Mortal Kombat 4, para Game Boy Color.

Se Mortal Kombat 1 é a merda em forma de jogo, Mortal Kombat 4 pode ser considerado a bosta em forma de jogo. Sério, ainda estou tentando entender como um troço tão ruim foi criado e programado. Logo de cara, nota-se que foi desenhado por crianças usando o paint do Windows, ou por gente com idade mental semelhante. Outro ponto que nota-se rapidamente é que assim que começa a tocar uma irritante musiquinha, ela não para mais até que se desligue o jogo. Sim, há apenas UMA música no jogo inteiro, tocando ad infintum em eternos e torturantes loopings. Quando chegamos ao menu de lutadores, já temos uma idéia do que serão os gráficos: um monte de borrões coloridos e disconexos.

As tentativas de lutas são piadas de mal gosto, as sprites dos lutadores são ruins até mesmo em comparação com aqueles desenhos que crianças do pré-primário fazem para mostrar a “Tia”. “Tia! Olha meu ninjinha azuuul!” E temos o Sub-Zero na tela. É nesse nível mesmo. Os cenários são ainda mais toscos, com cara de “obras” dignas de bêbados com altíssimo teor de alcóol no sangue. A ação lembra o jeito do MK 3, mas com jogabilidade ainda pior e o gameplay mais disléxico de toda a série. Foi tão mal programado que parece até aleatório em diversos momentos. A lista de defeitos é tamanha que já não tenho palavras para prosseguir descrevendo algo tão grotesco.

Se algum dia vocês virem um desses cartuchos amaldiçoados em alguma liquidação da vida, nem ousem perder tempo com essas porcarias. Será um tempo perdido que jamais será recuperado. Poupem seus Game Boys e suas vidas dessas aberrações eletrônicas. Até o próximo post.

André V.C Franco/AvcF-Loading Time

9 thoughts on “Semana Game Boy: Bad Trip – série Mortal Kombat

  1. Eu já tive a infelicidade de jogar o 3 e o 4 (que aliás são o mesmo jogo com modificações). Acho que o pessoal pensava que só porque era pro GB tinha que ser porco. Jogo de luta no GB pra mim até hoje não vi melhor do que The King Of Fighters 96.

  2. Cara, faz muuuuuito tempo desde a última vez que joguei o Cold Shadow. Mas assim como o NitroxxBR, nada te impede de escrever uma. Porque não tenta? Publicarei com o maior prazer.

  3. lol o famoso homem-catarro ~~
    boogerman na epoca de 96-99 era legal
    mas eu peguei com meu amigop pra jogar denovo
    e nao achei mais tanta graça ¬¬

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