Especial: Os mitos da Sega – parte 3 de 4

Minhas saudações aos senhores.

Vocês já sabem, texto completo no link. Não demoro para postar a parte final.

E vamos para o penúltimo capítulo do texto especial sobre os mitos criados pelos fanáticos seguistas e viúvas adjacentes. O mito que será debatido hoje:

– O Sega Saturn não foi um fracasso, ele apenas não foi tão popular fora do Japão.

Tirante qualquer análise sobre a biblioteca de títulos (não é a função desse texto), o fundamental é que o Saturn foi um desastre em forma de aparelho. Seu primeiro problema se referia a arquitetura, absolutamente complicada e que privilegiava o 2d em detrimento do 3d. “Ah, mas isso é papo de nintendista de fórum!” Com a palavra, o jornalista Steven L.Kent, autor do livro The Ultimate History of Videogames: “…programar no Saturn era difícil, e dirigir as operações para ambos os processadores provou ser quase impossível. Em uma entrevista para a imprensa, o famoso designer de jogos arcade, Yu Suzuki, admitiu abertamente ter problemas com o desenho dos dois processadores, enquanto trabalhava na conversão do jogo de arcade Daytona.

Ainda sobre o assunto, Winnie Forster, autora do livro The Encyclopedia of Game Machines, escreveu: “o Saturn foi lançado um mês antes do Playstation, mas perdeu sua vantagem com Virtua Fighter. O jogo rodava bem, era rápido e apresentava 3D em tempo real, mas sem texturas. Em dezembro, Ridge Racer superou os lutadores quadrados e em 1995 Toshiden apareceu com figuras suavemente sombreadas e roupas translúcidas – os gráficos do Playstation pareciam quase uma geração a frente

No plano comercial, o Saturn nunca engrenou e apesar de ter tido um desempenho inicial satisfatório, logo já perdia para o Playstation, isso em qualquer território que fosse: “a Sega também estava perdendo na arena 32 bits. Em março (de 1995) a Sony enviou um comunicado a imprensa informando que tinha enviado mais de 1 milhão de Playstations na América do Norte. Em setembro, essa estimativa cresceu para 2.3 milhões de unidades na América do Norte e mais de 8 milhões de unidades em todo o mundo. ” Se consideramos que o console da Sega vendeu no máximo 10 milhões durante toda sua vida útil, aqui já temos uma medida do tamanho que foi a surra que levou do PSX.

Além de mal ter sido páreo para o Playstation, o Saturn apanhou do Nintendo 64, logo que este entrou na geração, como apontou Kent: “como o vice presidente executivo de vendas da Nintendo, Peter Main, previu, muito do sucesso do Nintendo 64 veio as custas da Sega. Com o lançamento do Nintendo 64, as já baixas vendas do 32 bits da Sega foram cortadas pela metade. Em agosto de 1997, a Nintendo controlava 40% do mercado de consoles de nova geração e a Sony controlava 47%, deixando a Sega com meros 12%.” Ou seja, para ira dos fanáticos seguistas, o Saturn não perdeu para o PSX, e sim para o “infantil” Nintendo 64. Que ironia, hein viúvas?

O Saturn não foi apenas o saco de pancadas de sua geração, mas foi um desastre financeiro para a Sega, conforme reporta Kent: “o dano do fracasso do Saturn foi extenso. Na época de sua descontinuação, a Sega vendeu 2 milhões de consoles nos Estados Unidos. Em comparação, a Sony enviou 10.75 milhões na América do norte. A Sega teve de absorver US$ 450 millhões em perdas (além de queda de 21% nas vendas) em 1998. O impacto foi devastador.

Para demolir de vez o mito seguista, o co-fundador da Sega, David Rosen declarou no livro Ultimate History of Videogames, que ele e o presidente da companhia (na época) Isao Okawa, queriam deixar o mercado de hardware após o Genesis. Sim, o console mais sagrado para os fanáticos já não tinha sido o que a companhia esperava e o Saturn teve um desempenho ainda pior. E isso vindo das palavras do homem que viu a Sega nascer. O fracasso do Saturn ainda obrigou a companhia a antecipar seu próximo console, um caminho que se mostrou sem saída e levou ao resultado que todos conhecemos.

Por fim, O Saturn ainda encontrou seu nicho nas pequenas produtoras independentes do Japão, que produziram vários jogos após a descontinuação do console. Ainda atualmente, não é raro encontrar jogadores que guardem com carinho seus consoles e seus jogos preferidos dele, como Nights, Panzer Dragoon, Radiant Silvergun, Guardian Heroes, entre outros. Mas daí que tentar criar uma realidade ilusória para defender o aparelho para criar um mito em cima do mesmo, já existe uma grande distância. E fanatismo não é algo saudável em nenhuma situação.

Até o último capítulo, amigos.

André V.C Franco/AvcF – Loading Time

Publicado originalmente em 18 de maio de 2008

7 thoughts on “Especial: Os mitos da Sega – parte 3 de 4

  1. Eu acho que foi uma peculiar maneira dele manifestar o ódio que sente por uma das marcas que destruiu o reinado incopetente da Sega.

    Que que isso amiguinhos… Eu adoro a Sega, sempre tive os consoles dela e até o Dreamcast (que eu gostava muito). Mas esse “ismo” é pra lá de bobagem. Minha filosofia é “Se o console é bom, eu compro”.

    E olha só… a marca pouco se importa conosco.

  2. Olha, esse Rosen pode até ter dito isso mesmo de descontinuar após o Genesis, mas o depoimento tem todo o jeito de ser do gênero “quero tirar o meu da reta para não ficar mal na história”.

    Enfim, qdo meu outro PC voltar vou terminar o meu “Top 10 maiores erros da história dos videogames” (e sem o Virtual Boy!!!), onde o Saturn ganha a medalha de prata.

  3. Nada mal o texto, porém, não desmentiu o fato do console ter conseguido um certo êxito no Japão! Ser o segundo lugar por lá e deixar 9 milhões vendidos no JP, para a bomba-relógio que era, não me parece pouca coisa.
    Aliás, só vi 3 referências de êxito aos jogos do Nintendo 64 no Japão até hoje: Mario 64, Zelda Ocarina of Time e Smash Bros!
    Enquanto isso, as developers japonesas preferiam fazer jogos para o Saturn japonês (isso, lógico, se não priorizassem projetos para o Playstation), logo, se não houveram êxitos que chegassem perto do furacão que foi Virtua Fighter 2, pelo menos a variedade maior de títulos deviam indicar alguma coisa, não? (principalmente o suporte da SNK e Capcom)

    Comentário do AvcF: você não era aquele que ficava resenhando revistas de games no fórum uol, e que tinha avatar do Quackshot?

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