Os desafios de Donkey Kong Country Returns

Saudações aos repaginados.

Vamos conversar um pouco sobre game design. Para isso escolhi  Donkey Kong Country Returns, que tem um enorme desafio pela frente: superar o Donkey Kong Country original. O que será que o atual projeto da Retro precisará para superar o fenômeno da Rare? Cliquem e confiram.

Fenômenos são difíceis de se repetir, mas a história dos video games mostra que não é impossível de acontecer. Super Mario Bros e Super Mario Bros 3 mostra isso, assim como Final Fantasy e Final Fantasy VII e Zelda e Ocarina of Time. Nesses exemplos, os jogos posteriores superaram os anteriores, não apenas no aspecto técnico, como também como fenômenos comerciais e sociais. Dessa vez será Donkey Kong Country Returns que passará pelo teste. Por isso, o desafios da equipe de produção da Retro são enormes. Enumerei alguns aqui, dando meu ponto de vista em cada um deles. Vamos lá:

O contexto histórico e impacto comercial e social

Em 1994 estavámos no final da quarta geração e no começo da quinta, com Playstation e Saturn ainda “verdes”, e recebendo seus primeiros jogos. Foi um ano de fortes lançamentos para SNES, com Super Metroid, Mega Man X e Final Fantasy VI, enquanto o Mega Drive recebeu Sonic 3 e Sonic & Knuckles. Mas o grande jogo daquele ano foi sem dúvidas Donkey Kong Country. O nome da Rare, produtora do jogo, foi alçado ao panteão das grandes empresas de games, e uma parceria virtuosa que produziu clássicos posteriores foi formada. Quem jogava video games naquela época sabe como Donkey Kong foi grande. Simplesmente todos queriam jogar DKC, as vendas do SNES explodiram, e a Nintendo vendeu mais de 8 milhões de cartuchos. A reportagem abaixo não me deixa mentir:


Ignorem o penteado ridículo do William Bonner de churrascaria

Ter dois milhões de cartuchos pré-vendidos no primeiro dia de vendas, mesmo hoje é uma marca impressionante. Todavia se torna ainda maior se considerarmos que o mercado de video games em 1994 era bem menor do que é hoje. Mas reparem o olhar da criançada ali jogando. Não sei quanto a vocês, mas eu era exatamente como um daqueles fedelhos, quando joguei DKC pela primeira vez (tinha 10 anos em 1994). Mas Donkey Kong também foi um fenômeno, por assim dizer, midiático. Esse video ficou bastante famoso na época:

Ah sim, até o Brasil meio que entra na dança:


Ou vocês acham que foi à toa a propaganda ser com macacos?

Hoje aqueles moleques dos videos são marmanjos feitos (eu incluso), e certamente boa parte deles comprará DKC Returns. Mas o desafio por parte da Nintendo e da Retro será mostrar que o game apela também à molecada, da mesma forma como ocorreu em 1994. Não será fácil, pois naquela época os jogos de ação com plataforma tinham muita força e destaque, ao contrário de hoje, em que o mercado de games é saturado por joguetes de tiro. New Super Mario Bros Wii mostrou de forma inequívoca que existe uma demanda enorme por games de ação com plataforma, algo que muitos por aí julgavam como um estilo destinado senão ao passado, como algo restrito a consoles portáteis. Essa suposta verdade circulou durante muito tempo por aí, eu mesmo já ouvi coisa assim em uma palestra com game designers.

Por outro lado, hoje temos um contexto um tanto diferente daquele tempos. Naquela época a “próxima geração” já havia começado, e tanto SNES quanto Mega Drive já estavam em final de carreira. Já hoje, a nona geração de video games ainda é algo a surgir no horizonte, pois nada temos além do anúncio do Nintendo 3DS (que se bobear nem é o nome final). Outra diferença se dá com relação a imagem tanto do SNES quanto do Wii. Enquanto o 16-bits sofreu no máximo uma campanha negativa por parte da Sega, por outro lado, sempre foi visto como algo, digamos, “sério”. Se fosse lançado hoje, certamente seria considerado um console rardecor. Já o Wii, como bem sabemos, superou diversos mitos e preconceitos, sempre sob o selo de “casual”. Sem contar que em 94 Donkey Kong foi uma grande novidade, enquanto que hoje DKC Returns é um game que carrega uma espécie de tradição, devido a qualidade da trilogia lançada para SNES.

É certo que todos esses aspectos influirão no desempenho do jogo. Não dá para precisar em que medida, isso só dando tempo ao tempo. Mas afinal, seria possível repetir fenômeno semelhante? Sinceramente, nas mesmas proporções acho muito difícil (embora torço para estar errado), mas por outro lado, o mercado mostrou que é possível. Basta olharmos para o recente New Super Mario Bros Wii e seus impressionantes números de vendas. Indo além, NSMB Wii, como já havia escrito aqui no Loading Time, salvou o ano de 2009 do Wii. Presumindo pela expectativa que Donkey Kong Country Returns já gerou pelo seu anúncio na E3, o cenário é bastante positivo. O legado de DKC bem como o momento do Wii (especialmente após ter saído fortalecido da E3) também fazem parte dessa equação.

Competência técnica

Esse é, digamos, o menor dos “problemas” para a equipe de produção da Retro. A competência técnica da produtora já foi provada com os games da trologia Metroid Prime, mesmo que estes sejam óbviamente bastante diferentes do projeto atual que envolve DKC Returns. Talvez a questão do “problema” seja algo subjetivo, pois é certo que DKC Returns não impressionará como o DKC original. Embora da mesma forma que o SNES era uma máquina superada em relação a Playstation e Saturn, o Wii é diante de X360 e PS3; o que tornou DKC chamativo foi a inovação envolvida no processo de sua programação visual (ver um dos videos acima). Na época de DKC não se usava estações gráficas e tecnologias de captura de movimento nos jogos para consoles (nos PCs isso já ocorria em produções mais sofisticadas), sem contar a grande idéia dos irmãos Stamper (os donos da antiga Rare) em converter os modelos poligonais para sprites, permitindo assim ao SNES exibir aquela estética inacreditável para seus padrões.

Isso não será possível em Returns. Pelo o que já foi mostrado, não há qualquer novidade nesse sentido, nem mesmo alguma técnica nova cabível ao Wii. Mas isso não impediu que o jogo se mostrasse muito bem feito no aspecto gráfico. Como mostrado no video abaixo:

Como DKC Returns não tem como impressionar com contagem poligonal, efeitos avançadíssimos e outras firulas, o pessoal da Retro optou por focar os esforços gráficos na animação. Reparem como tudo no jogo é muito bem animado, rodando macio e sempre em movimento. A direção cartoon do jogo também contribui para alguns exageros interessantes também (a forma como alguns inimigos morrem, por exemplo). É nesse tipo de detalhe que o capricho do jogo se concentra, seja na fumacinha que sai do jet pack de Diddy ou squash and stretch dos personagens. E nisso é fácil ver que houve uma evolução notável entre DKC e o futuro DKC Returns.

Isso também mostra uma importante, e de certa forma ousada, mudança de direção de arte do jogo. Isso porque na versão original, os designers da Rare se preocuparam bastante em fazer os personagens do jogo agirem como os respectivos animais que representam. Embora se tratasse de um jogo de fantasia, havia notória preocupação em mostrar uma dose de realismo nas animações dos personagens. Desta vez, o pessoal da Retro se esforçou em tornar Donkey Kong e seu universo em um grande desenho animado. E do que pude ver até o momento, eles acertaram em cheio. Portanto, creio que Donkey Kong Country Returns será um game bastante vívido, vibrante e animado. Tem jeito de ter um espírito, por assim dizer, mais alegre do que os games do SNES. Nesse sentido, assistam videos dos antigos DKCs e reparem como na seguna e terceira versões o pessoal da Rare se esforçou para colocar alguns toques de humor. Porém, dessa vez o game será interamente desse jeito, o que deverá gerar diversas situações interessantes de humor.

Trilha sonora

Aqui está o grande perigo e o grande desafio do jogo. Digo isso porque a experiência de se ouvir uma música embora seja algo absolutamente sensorial, se trata de algo completamente subjetivo. Definir uma música como boa ou ruim vai além da quantidade, qualidade e harmonia dos instrumentos, ou da complexidade e amplitude das melodias. Seja como for, a parada para DKC Returns será duríssima, pois as músicas desse jogo terão de superar alguns clássicos como os exemplos abaixo:

E ainda poderia citar várias outras. Ainda muito pouco foi mostrado nesse sentido em Returns, sendo apenas uma remixagem do tema da floresta de Donkey Kong Country (que por sinal ficou muito bom). Mas há um indício positivo em se tratando do jogo atual. Para assumir a responsabilidade dessa área, foi escalado o experiente compositor Kenji Yamamoto, que trabalhou em vários games Nintendo ao longo das gerações de consoles. Entre seus trabalhos recentes se incluem trilhas para os games da série Metroid Prime. Um exemplo:

Ou seja, em se tratando de música e som, DKC Returns está em boas mãos. Mas é inegável que se trata de uma grande responsabilidade, pois se tem um aspecto em que os antigos DKCs não envelheceram foi justamente suas trilhas sonoras (embora a trilha de DKC 3 seja a mais fraca da trilogia). Estou longe de querer ensinar padre a rezar missa, mas acredito que o caminho ideal para Yamamoto seja misturar remixes das melhores trilhas dos games antigos com composições originais com balanços fortes. Falar é fácil, pois além de tudo a trilha sonora precisar casar com a direção de arte do jogo, com o climão de desenho animado que já mencionei, ou ficará algo meio fora de lugar. De qualquer forma, ainda há pouco desse tipo de material que foi mostrado, então fica difícil de fazer maiores julgamentos.

O fato é que Yamamoto está diante de um desafio complicado, o de integrar e superar as composições originais de David Wise feitas durante os anos noventa. Currículo para isso o japonês tem, estou otimista quanto a isso. Então quem viver verá. Será que Donkey Kong Country Returns sobreviverá às expectativas criadas em seu entorno e será capaz de reeditar aquela mágica de Donkey Kong Country? Os indícios conspiram para que sim. E vocês, após todas essas linhas o que acham?

Abraços e até o próximo post.

André V.C Franco/AvcF – Loading Time.

23 thoughts on “Os desafios de Donkey Kong Country Returns

  1. pq todo mundo odeia o dk3? xD tudo nele é mais fraco? huaehuaehuaehue

    eu gosto bastante dele! talvez pq é o que eu mais joguei (tks vizinhos que empresatavam a fita o/) e o único que consegui terminar MUITO bem (vide foto no meu facebook….)

    eu quero meu wii preto pra jogar ele \o/

  2. Eu simplesmente adorava DKC. Passava horas jogando na escola, locadora, em casa, nas casas de amigos e talz. Como já disse aqui antes, esses games que renovam as séries são puro marketing pra reaver consumidores perdidos. Mas com certeza tem tudo pra ser um bom jogo, boa movimentação de tela, personagens facilmente reconhecidos, excelentes cores, jogabilidade parece ser bem divertida e intuitiva, mas será só mais um bom jogo na biblioteca do Wii, nada mais, assim como NSMBW. Jogos feitos dessa maneira podem vender muito, serem perfeitos, mas nunca se tornarão o que seus antecessores eram, clássicos incontestáveis.

  3. eu estou empolgadaço com esse jogo (e tambem com o kirby, pq vc não falou dele ainda? rs) vai ser como o amigo Edwazah falou: “eu quero meu wii preto pra jogar ele \o/” hahahahaha não suma hein avcf!

  4. Não tem como não ficar empolgado com a notícia desse game. No SNES, destrocei os 3, de cabo a rabo, no tempo áureo que para saber tudo tinha que comprar uma ação games da vida. Tempo esse que explorávamos de verdade os jogos, atras dos seus segredos, ponto em que DK tinha de sobra. Sou dessa geração, e independentemente de como for o game, é compra certa! Parabéns pelo post, AVCF, muito bem argumentado e concordo com todos os desafios que você salientou. E lembro de mais um: Os inimigos, que pelo jeito nao serão os mesmo, devem ser tão cativantes quanto os de outrora. Será possível?
    Grande Abraço.

  5. Estou muito interessado neste DK returns, gostei de saber que o compositor será Kenji yamamoto, mas acho difícil ele superar as belíssimas músicas dos originais (principalmente do 2) mesmo assim estou confiante pois o cara compôs para a série Metroid que admiro muito as músicas (principalmente o Super Metroid) confio na competência da Retro também para o desenvolvimento do game e tenho certeza que pelo menos divertido e competente o game vai ser, embora nunca revolucionário como o original foi.

  6. Esse jogo é show de bola eu joguei muito zerei os 1,2 e 3 esse jogo nunca sera esquecido ainda bem que eles tão fazendo ele de novo vai ser show de bola vamos joga ate de manhã

  7. DKC foi uma das séries que eu mais curto até hoje, tanto que comecei uma maratona dela esses dias no emulador de SNES do Cubo e mesmo sabendo como é o jogo todo a diversão não muda.

    Com relação ao texto concordo com o que disse, mas acrescento que vi algumas coisas que me lembram muito o também ótimo Jungle Beat, o que pode dar um diferencial bacana no jogo.

    Com relação a Retro Studios eu me sinto tranqüilo, em Metroid Prime eles conseguiram mudar completamente a jogabilidade e mesmo assim você se sente jogando Metroid, inclusive em muitos momentos achei a trilha sonora semelhante a de DCK.

    Essa “volta” de jogos de plataforma era algo que eu já estava esperando a tempos, nunca aceitei muito a restrição que criaram para o gênero somente aos portáteis. O fato dos consoles agora terem gráficos tridimensionais com trocentos efeitos simultâneos que estes jogos passaram a ser ruins.

  8. jogavamos muito DC… o problema éra que a fita éra alugada e nunca conseguimos terminar… e quando alugava-mos na outra semana (pra ficar sabado e domingo com a fita) nosso save ja tinha sido apagado…. tinha gente que apagava os saves só por apagar… quase sempre pegavamos a fita com 1 save game… ou sem nenhum!!!

    mas falando de DC, RARE… ta faltando um killer instinct novo em… fala serio não terem lançado…
    jogavamos horas e horas esse jogo tbm!

  9. DK fio o melhor jogo que ja fizeram, tudo nele é fantastico, desde a trilha sonora até as moedas DK e Bonus escondidas nas fases.

  10. Cara, incrível!!! Li tudo, ví os vídeos. Gosto muito dessas coisas, me informar do que acontecia e acontece na indústria.
    Comecei a jogar os DKCs assim que começou a surgir os boatos de um novo DKC pra Wii! Perdi essa época…
    Já fechei o primeiro e to no segundo agora, são demais!

    To com muita expectativa pra esse jogo. Eu acredito que vai sair coisa boa, a equipe parece bem confiante!

  11. O jogo é fora de serie.Espero que nesta nova plataforma o jogo não fique enjoativo.Como muitos jogos de titulos maravilhosos e quando viramos cai no esquecimento.Diferente na epoca do snes e outros.Quanto mais jogavamos mas tinhamos vontade de virar,virar e mesmo assim era gostoso.Diferente de hoje…Vou fica na espectativa que seja o melhor jogo como foi no passado…vlw

  12. Legal , matéria , então , nostalgico mesmo, fez parte da história de todos nóis, ótimo jogo não tem nem o que falar, a sacada da empresa na conversão foi realmente d+, aguardar pra conferir remake, curti o new mario tbm muito bom.

  13. matéria muito massa! mano, eu fico muito bobão quando falo de DKC porque eu cresci jogando todos os jogos! era viciado em tudo mesmo, e você falou sobre algo MUITO importante: trilha sonora! o jogo e trilha que eu mais gosto é o DKC2, eu até tenho o cd do DKC2 hehehe veio junto com o meu cartucho, quando ganhei de niver em 1996… mano, ouvia tanto esse cd, e ainda ouço as vezes so pra lembrar… nostalgia total! hehe, eu disse que fico bobao quando falo disso né =) ansioso pra jogar o returns, fazendo figas pra que seja bom haha.

  14. ótima matéria! parabéns pelo post.
    De qualquer forma acho muito difícil DKC-R falhar, mas muito mesmo, como aconteceu com o (pra mim) frustrante DK64 que não me lembrou em quase nada os anteriores.
    Eles vão acertar, tenho certeza! ^^

  15. nada se compara a epoca super nintendo…pode fazer oq for de modernidade mas o segredo do sucesso foi um console com cartuchos.a vida longa dos cartuchos q ate hoje temos é o segredo e cds quem tem um do playstation 1 ainda rodando?dizem que a nintendo voltara a fabricar cartuchos mas sao so comentarios…se a nintendo lançase uma versao retro do super nintendo com cartuchos mas a com tecnologia wii ai vcs veriao oque é o lance de jogar video game e nao isso que vemos hoje em dia que jogamos sozinho numa sala…cds, computadores e jogos em rede isso foi o motivo da era do gelo dos games que tornam cada dia mais as crianças, jovens e outros distantes de amigos numa sala jogando video game..os games de hoje nos manda a um caminha de isollamento social….94 era de fogo dos games

  16. putz… eu nasci em 1994 e só jogava qdo ia na minha tia, (eu ficava de semana lah só pra jogar dk)
    depois eu ganhei o snes com trilogia inteira…
    aí eu virei viciado completamente…
    fiz ateh meu próprio detonado…
    so zerava para fazer recorde de tempo…kkkkkk

    hj tenho um ps 2… e faz falta um dk nele…
    vamos ver
    quem sabe e num compro um wii

  17. Nossa, este DKC, e o maximo.. joguei de mas…. estou louco pra jogar este novo… mas pena que n’ao tenho will…..
    Se este jogo rodace no pay2….
    vou ficar por enquanto so na vontade…
    bem que a sone podia comprar o direito de rodar ele tbm.. seria um presente, para os clintes, da sony…muito bom

    nonta 100000
    para DCK

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