O que há por trás da grita contra os jogos usados?

Saudações aos ludâmbulos.

Aproveito esse post para abrir uma discussão que considero importante, e que não vejo acontecer aqui no Brasil, seja nos fóruns da internet, seja em blogs ou mesmo na gloriosa imprensa especializada.

Sabemos todos que praticamente desde que inventaram o comércio, surgiram a venda e a troca de objetos usados. Tanto em garagens, feiras ou mesmo no contato interpessoal, há todo tipo de objeto previamente usado que possa ter um destino diferente do que ser jogado fora. E claro, com os games não podia ser diferente. Desde o início os games usados fazem parte do mesmo universo que compreende jogadores, produtores e distribuidores. Foi assim com o Atari 2600. Foi assim com o NES. Foi assim com os sistemas posteriores. Com os portáteis é a mesma coisa.

Mas de uns tempos para cá, foram surgindo declarações diversas, reportagens e artigos atacando os jogos usados. Tirando idiotas como Michael Patcher (o especialista em errar previsões preferido dos rardecores), a mim é um tanto surpreendente que também desenvolvedores passem a atacar os jogos usados. Digo isso, porque atacar os jogos usados é de uma forma indireta atacar os consumidores, ou seja, os jogadores de video game – e portanto o mercado desses críticos.

Mas por que depois de anos de existência, os jogos usados passaram a ser vistos como o grande vilão por setores da indústria dos games? Afinal, nunca vi tais reclamações em gerações anteriores. Nem mesmo na geração anterior vi isso. Ou algum de vocês leu coisas do tipo “produtor Fulano de Tal reclama da perda de receita com jogos usados para Xbox”; ou “distribuidoras de games estudam taxar jogos usados de Playstation 2”? Contudo, analisando o caminho pelo qual a maior parte da indústria dos games seguiu na atual geração, podemos desenvolver hipóteses cujas respostas nos podem levar a o que há por trás dessa recente política antiusados.

Geração HD: a geração do aumento de custos.

Quando se fala em jogos em alta definição, nunca se custou tão caro para desenvolver um video game. A obsessão por gráficos em HD, efeitos cinematográficos e narrativa cinematográfica, fez o custo de desenvolvimento saltar em pouco tempo. Para terem uma idéia do que digo, dêem uma olhada nessa lista dos jogos mais caros já produzidos do site Eurogamer. Vejam que dos dez presentes, oito são da atual geração. Ao mesmo tempo, esses medalhões vendem cada vez menos. Prova disso é GTA IV ser o game mais caro já feito até hoje, e mesmo assim vendeu menos do que GTA: San Andreas, que custou bem menos. Embora os games Final Fantasy sejam cada vez mais caros para ser produzidos (Final Fantasy XII custou cerca de US$ 48 milhões, e estima-se que FF XIII tenha custado 50% mais), nenhum título superou as vendas do longínquo Final Fantasy VII. A mesma coisa ocorre com Metal Gear 4, que vendeu menos e custou mais que Metal Gear 1 e 2, os mais populares da série.

O pior é que os games acima não são exceção, essa é a regra geral dessa geração. Fora que falei exclusivamente de custos de desenvolvimento, excluindo a distribuição e marketing, o que inflaria as marcas dos jogos já citados. Claro que há casos como o de Modern Warfare 2, que teria custado no US$ 200 milhões no total, mas as vendas foram tão massivas que o faturamento foi mais do que o dobro do custo. Porém, o fato é que as produtoras em geral têm tido dificuldade cada vez maior para produzir jogos rentáveis, fora a crescente pressão dos acionistas de algumas dessas companhias. Considerando que a base de jogadores parou de aumentar nos últimos anos, produtoras então passaram a optar por explorar mais a base de usuários. Isso ajuda a explicar o surgimento de práticas como chaves pagas que liberam conteúdo que já estava dentro dos jogos, aumento do preço sugerido de US$50 para US$60 (vale notar que os de Wii continuam com o preço antigo) e jogos “incompletos” que são preenchidos com DLCs pagos.

Ataque ao consumidor

A bola da vez (ou a mais recente ao menos) são os jogos usados ou quem os vende (vide o mimimi todo com a GameStop). De um dia para o outro os games usados se transformaram em uma espécie de câncer, sendo até piores que os eternos e famigerados piratas. Por algum motivo estranho, alguns produtores imaginam que barrando a circulação de jogos usados, irão faturar uns belos trocos extras. Existe ainda a noção entre alguns de que devem ser compensados a cada vez que um game troca de dono. Tirando o absurdo de tais concepções, nota-se uma visão autoritária por trás de tais idéias. Primeiro que uma vez de posse de um produto, o consumidor faz o que bem entender com ele. Além disso, não há qualquer impedimento legal nesse sentido. Consultando as informações legais dos manuais de jogos de GameBoy, DS, Wii, GameCube e PSP, não há nada que aponte ilegalidade no ato de vender um jogo.

Até porque não faria sentido mesmo, já que seria um abuso contra os direitos do consumidor. Agora imaginem que vocês queiram comprar um carro e opte por um Gol usado. Aí se descobre que a Volkswagen exige que ela seja ressarcida por essa transação, já que ela não ganhou nada com isso. Agora imagem as fabricantes de televisão, aparelhos de som e quaisquer bugigangas que seja, querendo ganhar nas transações entre consumidores. Imagem isso com CDs e DVDs de filmes e músicas. Pois é isso o que defende alguns desenvolvedores de games por aí. Ou seja, o que eles defendem é que mesmo que você compre um jogo, ele nunca será seu de fato, e se você quiser vendê-lo para um amigo ou conhecido, ou para ganhar um desconto em loja, você deve para a produtora do jogo. O mesmo princípio está por trás da defesa apaixonada pela distribuição digital, pois o jogador ao comprar um game nesse esquema, não é o verdadeiro dono do jogo, já que não pode fazer nada com ele sem a benção da produtora.

A diferença entre preço e valor

Um conceito que nunca é mencionado por produtores e distribuidores é o valor que os jogos têm para os consumidores, que em muitos casos anda em baixa. É aí que entra a diferença entre valor e preço, e muitos jogos por aí não valem o que custam. Ou seja, embora os preços sejam tabelados e isso torne o preço dos jogos igual, na percepção do consumidor o valor entre eles é diferente. Fazendo uma analogia com refrigerantes, embora o preço de uma Coca-Cola seja parecido com a da Dolly Cola, o valor de ambas as marcas é completamente diferente. Com os games não é diferente, pois uma coisa é pagar US$ 60 em um clássico, outra é pagar o mesmo por um shooter genérico ou um desses games esportivos de edição anual.


Por isso pergunto: quantas pessoas vocês conhecem que compraram um recente clássico usado? Ainda nessa linha, vocês já viram alguém da Nintendo, como Satoru Iwata ou Reggie Fills Aime reclamando dos jogos usados? Ou alguém da Square-Enix dizendo que os jogos usados prejudicam as vendas de suas séries? Ou mesmo a Capcom reclamando que os usados diminuíram as vendas de Resident Evil e Street Fighter? Conhecem alguém que tenha vendido ou comprado um game Pokémon usado?

“Ah, mas essas são as maiores produtoras de jogos”, alguém poderia exclamar. Oras, mas são justamente os jogos dessas produtoras que têm os maiores custos de produção, e conseqüentemente a maior pressão por vendas e faturamento. Nessa situação há duas possibilidades de ação, a primeira é se esforçar para fazer jogos que cativem o público, como a Nintendo a Level 5 e a Square-Enix (com a série Dragon Quest) fazem. A segunda opção é agir como a EA e Ubisoft, e medíocres como Realtime Worlds e Blitz, que querem explorar o público consumidor ao invés de cativá-lo. O que esse pessoal não entende é que o público percebe quando o valor dos jogos é baixo, ou seja, que a capacidade de entretenimento deles é baixa. Não há gráficos “super realistas” com milhões de polígonos e shaders de última geração que disfarcem a curta duração e a superficialidade da experiência de um jogo.

Como já mencionei dezenas de vezes aqui no Loading Time, na minha época de moleque havia jogos que eu queria comprar, enquanto havia outros que pareciam ter qualidade para ser ao menos alugados. Hoje o processo é parecido; quando o jogador percebe que o jogo não tem valor suficiente para ficar em uma coleção ou para continuar divertido por mais tempo que o mínimo para ser completado, o resolve passar para frente. Mas isso sempre foi assim, não um fenômeno dessa geração, como as menções dos links do começo do texto faziam parecer. O fato é que essa cruzada contra os piratas esconde o verdadeiro problema dessa geração, que é mediocridade criativa que assola muitas produtoras de jogos. Aí para os chorões de plantão é mais fácil reclamar do consumidor do que admitir a própria mediocridade.

Em suma…

Quem realmente molda o universo dos video games são os jogadores, pois são eles quem elegem que jogos se tornam clássicos e que jogos são condenados ao fracasso. Existem casos de injustiças, com bons jogos que são ignorados ou não reconhecidos à altura de sua qualidade, mas esses são exceções à regra. Portanto, quando um jogo não tem o resultado comercial esperado, é inútil culpar os outros pelo próprio fracasso e bolar teorias mirabolantes sobre isso. Atacar uma tradição como os jogos usados, tampouco. Querer buscar formas de explorar o público como forma de garantir lucro seguro, além de nada louvável, é querer subestimar a inteligência do consumidor. Isso porque tirando os istas fanáticos, as pessoas abandonam um produto que não exige demais para entregar de menos.

Se esse pessoal anti-usado resolver investir em jogos mais divertidos, envolventes e duradouros, se preocuparem em deduzir os anseios do público; seus joguetes não farão o trajeto -loja-casa do jogador-prateleira de usados tão rapidamente. Ou não farão. Portanto, chorem menos e façam games melhores.

E vou ficando por aqui, pessoal. Até o próximo post.

André V.C Franco/AvcF – Loading Time.

23 thoughts on “O que há por trás da grita contra os jogos usados?

  1. Eu penso assim: O jogo usado pode ter o agravante de não vir, digamos, “100%”. Se no caso a pessoa for colecionadora ferrenha de jogos, corre o risco de sair ligeiramente perdendo nessa coisa toda. Isso sem falar na “garantia” ou “tempo de vida” do jogo – em especial os 8 ou 16 Bits que se valem de bateria de lítio. Quanto ao fato de os principais desenvolvedores não saírem reclamando, muito simples: não se concebe isso como um agravante. Se hoje em dia fazem downloads de, por exemplo, jogos de PSP à torto e à direito, não creio que esse lance de usados seja o maior dos problemas. Isso quando o consumidor em questão não prioriza a compra de jogos “zerinho” (eu, por exemplo).

  2. essa ideia é tão absurda que nem deveria estar sendo colocada em questão. nunca ouvi falar de nenhum produto que, ao ser comprado não pode ser revendido depois…

  3. Excelente texto, e concordo 100% com a sua opinião. Se os jogos fossem realmente bons, o consumidor raramente procuraria se desfazer deles!

    Obs.: Parabéns pelo blog, de longe os melhores textos sobre o universo dos games, na minha opinião.

  4. Eu já imaginava que isso fosse acontecer uma hora ou outra. Daqui a pouco vão reclamar de emprestar jogos também, lembro que na era 16-bits era comum um único cartucho (original) servir como diversão pra várias pessoas que não pagavam nada por aquilo.

  5. Triste perceber que a abordagem das empresas está em apontar o dedo anter de perceber qual o real problema.
    Starcraft sendo lançado em 3 partes, MW2 sem servidor, FF banalizado, GTA perdendo a graça e não vendendo.
    Agora chegou o Onlive o insulto final aos jogadores. Passaremos o resto de nossas vidas “alugando” e nunca mais “tendo”.
    Enfim.. estamos perto do fim? Ou seria do inicio?

  6. eu tnho 2 jogos usasdos. God of War 2 (bjomeliga GameSpot o/) e um FFX que comprei… AQUI! por 50 lulas 🙂 preço bom pra época. Comprei em uma loja na Sta Efigênia completinho…. mas como não é a versão internacional, eu não jogo mais ele… mas tá paradinho ali 🙂
    Todos os jogos do meu master, mega, snes, GBA (opa, FF tactics usado e completo tb o/) são usados.
    Do PS2 tenho alguns originais novos (FFX-2, Guitar Hero 3 e MMX Collection).

    Lembro que não comprei o Devil M. Cry 4 usado pq era só 3 dólares mais barato que o original…

    e assim vamos indo… com eles colocando preços abusivos por coisas não tão boas e os otários pagando e agente não paga pq é mais caro e aí não temos 🙁

  7. É no mínino ridículo esse conceito de ”Prejuízo”, quando se compra um produto se adiquire a posse legal sobre ele, se você quiser tocar fogo, emprestar, jogar frisbie com o disco é uma decisão sua. Você só não pode locar porque para essa finalidade existem os produtos próprios para isso, é o mesmo caso do DVD, existem os que são para venda e os que são exclusivamente para locação. Concordo plenamente com o Avcf nessa questão de ‘usados’ sempre foi assim e sempre será, até porque se eu quero um carro novo porque que eu teria que ficar com o velho? E mesmo assim quando é feito a venda de um produto usado geralmente o preço é bem abaixo do que um novo, que por sua vez já pagou seus tributos, lucro e tudo o mais a que os produtores têm direito.

  8. É como disse o Fernando, essa idéia é tão absurda que os caras deviam ter vergonha de vir a público defendê-la, o jogo é meu, faço o quiser, empresto, vendo, dou de presente e etc, engraçado que esse principio só é válido aos games, e como foi dito, dessa geração.

  9. Concordo com muito seu post! Como as produtoras não conseguem mais extrair ganhos maiores dos consumidores, estão trabalhando “a finco” para promover jogos por streaming, que praticamente aluga o jogo para o consumidor que não tem nenhum direito sobre ele, e paga+ toda vez que quiser jogar denovo.

    Cara eu prefiro comprar jogos por download do que físico pela praticidade, mas essa prática também estrangula o mercado de usados. E vejo que esse é um caminho sem volta… amenos que “a bolha” da imbatível indústria de videogames “anti-crise” quebre denovo, e pelo que anda acontecendo, não deve demorar nem 1 década para acontecer… acho.

  10. Embora nem todas as empresas reclamem publicamente dos jogos usados, o fato é que nenhum centavo da venda de um usado vai para o bolso da empresa que desenvolveu/distribuiu o jogo.

    E aí não sei qual é a atitude mais condenável: se é quem reclama publicamente do mercado de jogos usados ou se é quem hipocritamente se passa por empresa “boazinha”, mas que “fora dos holofotes” também é contra ou tem restrições a “partilhar” jogos com outros jogadores.

    Um bom exemplo é Capcom, que é citada aqui:

    “Ou mesmo a Capcom reclamando que os usados diminuíram as vendas de Resident Evil e Street Fighter?”

    A Capcom nunca se pronunciou contra os usados. Mas vejam que interessante.

    Recentemente ela lançou “Final Fight: Double Impact” para os consoles HD. Porém, ela – sem avisar previamente – colocou um famigerado DRM no jogo para nerfar o compartilhamento.

    No caso da PSN, um mesmo jogo ou add-on pode ser baixado em até 5 PS3 diferentes (ou seja com um grupo de compartilhamento é possivel pagar 20% do preço – ) e funciona sem restrição alguma (todos podem jogar o mesmo jogo ao mesmo tempo e na hora que quiserem).

    Porém no compartilhamento do FF:DI se uma pessoa joga o game (e é preciso estar conectado para isso, mesmo se jogar single player ou co-op local) a outra precisa esperar 24 horas para poder jogar.

    Ou seja, o compartilhamento deixou de ser viável para esse jogo.

    Quando questionada sobre o DRM, a Capcom justificou dizendo que o compartilhamento era algo “ruim” para ela pois reduzia o faturamento potencial de seus jogos para download.

    Comentário do AvcF: desconhecia essa atitude da Capcom com o Final Fight Double Impact. De fato é uma sacanagem enorme, uma vez que a rede PSN sempre previu o compartilhamento de jogos. Isso só mostra como as impresas de games podem ser hostis ao consumidor.

  11. Mas refleti muito sobre esse artigo e acho bom frisar que eu poderia até comprar jogos usados sim; me lembro que no Stand Center no início da década passada podia-se encontrar em alguns estandes jogos originais semi-novos de X-Box, Playstation 2 e GameCube em um ótimo estado (na caixinha, com manual e tudo – claro que ainda que não estivessem lacrados, ao menos estavam “novinhos”) e por um preço razoável. O que eu não faço (nem nunca fiz) nem ferrando é comprá-los na Santa Efigênia, onde na década de 90 eram vendidos jogos roubados de locadora por um preço relativamente irrisório. Tudo bem que é até legal pagar um bom preço por um jogo usado, mas não às custas da desgraça/prejuízo de terceiros.

  12. Isso é verdade, tenho meu N64 com Zelda Ocarina e SM64 até hoje, e não tenho a minima intenção de vende-los. Sou apaixonado por eles. Quanto ao PS2 mantenho os clássicos, RE, SF3, FFs, GoW, Tekken, o restante já passei tudo pra frente. E com o 360 será a mesma coisa, o primeiro a ir será Splinter Cell Conviction, muito bom, mas curtíssimo. Eu sou contra a distribuição online, quero ser dono dos meus games, te-los enquanto eu quiser. Imagina baixar um clássico como Super Mario Galaxy 2, e por alguma infelicidade o HD cai e quebra, e eu fico sem ele. Já com a midia fisica, mesmo com o aparelho quebrado, eu tenho o game, podendo mante-lo comigo, ou vende-lo, caso não conserte ou compre outro Wii.

  13. Bom texto e parabéns por ter voltado a escrever por aqui.

    Bem… acho a distribuição digital interessante sim, desde que as empresas possibilitem que as pessoas façam backup dos produtos, isso dá muita credibilidade a empresa e seria uma solução ao “vc não é dono do jogo”.

    O grande medo dessa continuação da distribuição digital é o onlive que istaura coisa bem pior que a distribuição digital. Vc nem tem o jogo no seu computador, tudo fica na nuvem de dados e vc simplesmente aluga o jogo.

  14. É o fim do mundo, gente: tá uma bagunça enorme com esse lance de “liberou geral”. Agora com esse lance de Download fica pior ainda, pois às vezes (ou melhor, aqui na América Latina em 99% das vezes) não é pago. Me pergunto quantas pessoas que trabalham/trabalhavam no ramo de locação (tanto de games quanto de filmes) não se ferraram e/ou estão se ferrando com isso tudo.

  15. @Rodrigo “Coldcow”: Nossa… também não sabia dessa. Pensei que só a Ubisoft era louca para usar esse método “jogue apenas on-line”. Além de ser um caminho sem volta… ta piorando.

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