Especial Mario Kart – parte 1 de 2

Saudações aos corredores.

Essa é uma das franquias mais divertidas e sólidas que conheço desde os tempos do inesquecível Super Nes, console onde a primeira das seis versões existentes atualmente foi originalmete lançada. Este especial será dividido em duas partes, para facilitar a leitura de vocês, nem ser um texto muito longo e cansativo de acompanhar. Na edição de hoje falaremos de Super Mario Kart, Mario Kart 64 e Mario Kart Super Circuit, os três primeiros. Vamos a eles:

Super Mario Kart

Jogo inaugural da série e um dos primeiros spin-offs do universo Mario, Super Mario Kart foi lançado no mesmo ano que simplesmente Street Fighter 2 e The Legend of Zelda: A Link to the Past apareceram nas prateleiras. Seria possível competir com dois pesos pesados como esses e ainda contra os medalhões do Genesis que tinham na época? Não só foi possível como SMK foi o praticamente o lançador do gênero “corrida com sacanagem contra o adversário”, largamente copiado por uma penca de clones que ainda hoje não alcançam o mesmo brilho e carisma das corridas do Reino dos Cogumelos.

O jogo surpreendeu positivamente com seus gráficos coloridos e gameplay matador, que era o grande segredo da diversão. Aqui o jogador tinha que escolher um dos personagens típicos dos jogos Mario, e tinha que ser o mais sujo e mesquinho possível para vencer nas pistas e detonar com quem estivesse pela frente. Claro que todo um arsenal de bananas, cascos de tartatuga, estrelas de invencibilidade e raios encolhedores, estavam à disposição para incentivar a sacanagem geral. No melhor estilo “corrida dos ladrões”, nunca foi tão bom trapacear para vencer uma corrida.

A produção era simples, mas feita com capricho. As várias pistas temáticas eram divididas entre as copas (Mushroom, Flower, Star e Special), com dificuldade crescente e cheias de obstáculos. Por falar em dificuldade, o visual fofinho podia até enganar, mas já nas 100cc o computador tinha o hábito de ser bem apelão. O desafio era alto nas pistas mais complicadas e a estratégia era fundamental em algumas situações. A escolha dos pilotos também influenciava, já que os karts tinham diferenças entre si. Ainda sim, o jogo nunca era frustrante, não haviam complicações e tudo funcionava plenamente.

As trilhas sonoras e efeitos eram muito bons para seu tempo, a músiquinha da tela de abertura ainda toca na minha cabeça de vez em quando. Mario Kart é um dos jogos de corrida mais divertidos do Snes, iniciou uma tradição que foi continuada no console com Rock and Roll Racing e Biker Mice from Mars, onde não bastava vencer as corridas. Tinha que detonar com tudo e todos.

Mario Kart 64

Super Mario Kart foi tão bom, que logo que o sucessor do Snes foi anunciado, os jogadores já imaginavam como seria o próximo game da série. Pouco tempo depois que o Nintendo 64 chegou as lojas, Mario Kart 64 foi lançado. O sucesso foi alcançado rapidamente e não era para menos, já que MK 64 mantinha a tradição e era ainda melhor e mais divertido que o antecessor. A primeira novidade aparente foi a transposição dos gráficos para o 3D, que deu uma dinâmica e uma profundidade que o Mode 7 do Snes não podia oferecer.

Novos personagens, mais items e pistas com designs muito bem concebidos tornam o cartucho um must buy do Nintendo 64. O jogo ainda tinha algumas novidades interessantes como o Mirror Mode, em que os jogadores corriam com as pistas em sentido inverso, além do modo multiplayer caprichado, desta vez para até quatro jogadores simultâneos. As arenas foram bem projetadas pelos designers e contribuíam para as disputas insanas entre os jogadores. Eventualmente alguns slowdowns apareciam aqui e acolá, mas nada que atrapalhasse.

A alta qualidade do título o fez presente em quase todas as listas dos melhores do N64 e até de sua geração. Talvez o único defeito de MK 64 seja a dificuldade que foi um pouco aliviada em relação ao que era no Snes, nada desastroso ou tão significativo, mas é possível de se notar. Por outro lado, a trilha sonora continuou soberba, desta vez com a adição das ótimas vozes dos personagens, que acrescentava um ar cômico muito legal a ação e era ainda mais divertido ver os gritos de desespero ao tomar uma bela cacetada inesperada ou quando você derrubava alguém em dos precipícios que tinham nas pistas. O “Ai! Ai! Ai Ahhhhh!” do Wario ou o “Mamamiaaaaaaaa!” do Luigi eram impagáveis.

Mario Kart 64, assim como seu antecessor 16 bits, envelheceu muito bem e onze anos após seu lançamento ainda é capaz de divertir bastante. Quem tem Wii, pode experimenta-lo no Virtual Console, com direito a uma resolução maior que no cartucho (640×480 contra os 320×240 do original). Quem não jogou vale a pena experimentar, pois MK 64 vale o download. E muito.

Mario Kart Super Circuit

Aqui chegamos ao ponto baixo da franquia. Calma! Não precisa ficar preocupado, MK Super Circuit não é ruim, muito pelo contrário. Lançado em 2001 para o rei dos portáteis até então, o GBA, o jogo foi feito para ser uma espécie de mistura da Super Mario Kart com Mario Kart 64, tudo dentro daquele diminuto cartucho. A junção das duas fórmulas resultou em um ótimo game, mas que não herdou a genialidade de nenhum dos dois.

Super Circuit retorna aos gráficos 2D e o faz muito bem, com um visual geral extremamente bem feito, bastante superior ao que vimos no Snes, inclusive. As sprites dos corredores eram bem detalhadas e animadas, as pistas acompanhavam o padrão de qualidade, tudo acontecia com boa velocidade e sem slowdowns. O estilo da série foi mais uma vez bem representado na telinha do portátil, sem dúvida nenhuma era uma vantagem e tanto poder carregar um Mario Kart para uma fila de banco ou uma sala de espera de consultório pra tirar uns rachas bacanas. Como o som do Gameboy Advance não é lá essas coisas, a qualidade das trilhas e dos efeitos sonoros é apenas razoável, melhorando um pouco com o uso dos fones de ouvido.

Como já foi dito, o jogo tentou misturar o melhor de SMK e MK 64, juntando um pouco das pistas e desafios do Snes com uma jogabilidade inspirada no Nintendo 64, é aqui que o jogo falha. É possível usar as derrapagens do MK 64, mas como o GBA não possuí um direcional analógico, os controles ficaram um pouco imprecisos, tornando esse recurso quase inútil. Outro problema é que o botão L ficou com a função de usar os items, some com o A para acelerar, o B para freiar e o R para derrapar e você tem um setup ergonomicamente desconfortável, principalmente quando precisa segurar um item para se proteger ou para utilizá-lo na hora certa. Ok, não é nenhuma tragédia (principalmente se considerando que o GBA tem poucos botões) mas é um detalhe que não tinha como passar batido.

O design das pistas não era tão inspirado como nos anteriores, algumas eram até um pouco repetitivas em relação as outras, mesmo as de cursos diferentes. Outro ponto negativo era que o desafio era fraco mesmo nas 150cc, muito devido ao comportamento artificial deficiente do computador. Enquanto no Snes e N64 os adversários te sacaneavam sem pestanejar e não tinham o menor remorso em te jogar pro oitavo lugar, em Super Circuit você mal era incomodado as vezes. Mesmo em primeiro, o jogador era pouco atacado pelos oponentes, era muito fácil ganhar as taças. O desafio real do jogo era coletar as moedas para abrir as pistas do Snes, por sinal o melhor extra do game.

O multiplayer, uma das marcas da série, também ficou devendo aqui. Como no Nintendo 64, quatro jogadores podem encarar disputas entre si, mas o grande problema é que para aproveitar esse recurso plenamente, os quatro precisam ter o cartucho do jogo. É possível também todos jogarem com apenas um cartucho, porém a experiência é bastante limitada dessa maneira.

No aspecto geral, Mario Kart Super Circuit é um jogo de corrida muito bom e um dos melhores disponíveis para o Gameboy Advance. É verdade que possui defeitos inegáveis, mas que também não tiram o brilho do game como uma bela experiência portátil. Talvez, na realidade o maior problema de Super Circuit seja o fato de que ele é inferior aos seus “irmãos de mesa”, o que por outro lado não chega a ser um demérito, visto o padrão de qualidade altíssimo da série. Mario Kart Super Circuit é bom, mas Super Mario Kart e Mario Kart 64 são clássicos.

Até a próxima postagem.

André V.C Franco/AvcF – Loading Time

8 thoughts on “Especial Mario Kart – parte 1 de 2

  1. Como não esquecer a dificuldade insana do Super Mario Kart. Você estava lá, em primeiro lugar, quase perto da linha de chegada, quando de repente vinha aquele casco vermelho e lá ia você para o ultimo lugar…. Mas se enganam os que pensam que isso era ruim, pois só fazia a vontade de jogar aumentar ainda mais. E o multiplayer? É, foram grandes tardes jogando com os amigos. Uma serie realmente divertida. Esperando a segunda parte. Abraços

  2. “Ainda sim, o jogo nunca era frustrante…”

    Você tá doido, eu quase arranquei os cabelos pra zerar o Especial nas 150cc no Snes, lembro que na primeira vez que consegui eu e um amigo meu tivemos que fazer um acordo de não avacalhar um com o outro.

    Mario Kart 64 eu joguei pouco, apanhei muito pra jogar no analógico, mas como nunca tive um N64 nem tive como.

    Já o Super Circuit eu tive quando tinha o GBA e curti muito, apesar de alguns poréns como descritos no texto me divertia demais. Só não concordo com a parte das derrapagens, eu achava até fácil demais.

    Só parei por ae porque não tive acesso aos outros consoles, esse é disparado meu jogo de corrida preferido.

  3. Haha, noob! (Fórum Lol detected)

    Super Mario Kart era difícil pacas, mas nunca me frustrei com o jogo. Mas é verdade que o computador conseguia estragar umas corridas de uma forma tão filhadaputa que parecia até roubalheira.

    Mario Kart DS é muito mais jogo que Super Circuit, acredite. É mais ou menos como eu disse no texto, é o ponto baixo da série, o que não significa que seja ruim mas é que os outros é que são bons demais.

  4. Nossa, eu penso absolutamente o contrário. Acho MK64 o pior da série, aquelas corridas gigantes, pistas imensas com trocentos caminhos, lembravam mais o Paris – Dakar do que uma corrida de Kart. Lembro de um dia estar na Star Road, e já havia minutos que eu estava jogando e quando vi eu estava na metade da segunda volta, a pista deve ter uns 50km de extensão, por uns 50m de largura, assim a sensação de velocidade se perdeu totalmente, bem ao contrário da Star Road do SNes, que dava até alucinações devido a velocidade e quantidade de cores. Não havia mais aqueles pegas que eram decididos por milésimos de segundo. E ainda parecia que os Karts estavam a deslizar por uma pista de manteiga quente, já que bastava uma segurada mais vigorosa para um dos lados e o Kart virava tanto que já era possível ver a face do piloto. Horrível, nem de longe lembrava a firmeza do MK original, o qual havia disputas incriveis no Time Attack, em que 10 centésimos de segundo era o suficiente para te jogar lá em baixo do ranking. Já o MKSC eu achei um dos, senão o melhor da série, além dele ter tudo que o original tinha, ele tinha extras, era a mesma jogabilidade, só que uma série de adições fantásticas, e pra alegria geral da nação, ele ainda contava com as pistas do MK original de Snes. O Erro dele foi ser tão bom num console portátil, que na época precisava de fios para um multiplayer. Imagine conseguir 4 GBAs, com 4 Cabos e 4 MKSC, quantas pessoas tiverama chance de ter isso para um belo Multiplayer? E como a graça do MK esta no multi, ele foi esquecido rapidamente. O MKSC se tivesse saído em 1994 pro Snes, hoje seria um dos maiores clássicos da história.

  5. Não seria Rainbow Road a pista que você se refere? A do N64 é bem chatolina mesmo, pois exceto se tentar aquele pulão do começo, não há como cair e ainda por cima se alguém conseguir uma certa distância os cascos se perdem ao baterem no eterno guard rail da pista. Mas essa é a única pista mais longa do jogo.

    Quanto ao Super Circuit, é um bom jogo, mas é superado – e de longe – pelas demais versões, incluindo a do DS, para ficar no plano portátil.

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