E3 2016: The Legend of Zelda: The Breath of the Wild

E3 2016: The Legend of Zelda: The Breath of the Wild

Saudações aos leitores.

Enfim, após colossal atraso – como expliquei no post anterior – que tal falar sobre Zelda? Ou mais especificamente The Legend of Zelda: The Breath of the Wild, jogo que não apenas roubou a cena na última E3, como foi o assunto mais comentado e discutido das últimas semanas. E não foi por menos, afinal, há muito tempo que um jogo Zelda não causava tamanho impacto, e justamente sobre esse e outros pontos que resolvi escrever esse texto. Assim sendo, vamos ao que interessa, e mais do que nunca espero por suas opiniões nos comentários lá embaixo.

Salvando a E3 da Nintendo

Não é segredo para ninguém que a expectativa quanto à E3 da Nintendo fosse a pior possível, pois não apenas o Wii U é uma grande âncora que afunda a companhia, como a própria Nintendo havia deixado mensagens indicando que seu foco no evento seria “apenas” Zelda e mais nada. Se por um lado é estranho colocar um advérbio de exclusão ao lado de um um substantivo tão poderoso quanto “Zelda”, por outro é fato que basear um evento inteiro em jogo foi uma aposta para lá de arriscada. Aí se soma isso ao fato de que ninguém tinha idéia de como era o jogo antes da E3, e tinhamos um cenário que tendia ao fracasso.

Felizmente porém, The Legend of Zelda: The Breath of the Wild  chamou atenção como há muito não se via não apenas com os jogos da série Zelda, como com qualquer jogo da Nintendo. Não foi à toa que Breath of the Wild foi eleito como o jogo da E3 por vários sites e veículos especializados.

O efeito que o jogo causou em todos foi tal, que ninguém se importou com a quantidade de jogos, mas sim com a enorme qualidade do único jogo mostrado pela Big N.

Olhando (finalmente!) para o passado

Falando sobre o jogo em si, parece que após os fracassos recentes e a ladeira que a série desceu nos últimos anos, enfim alguém na Nintendo ouviu minhas preces e resolveu se inspirar no design de The Legend of Zelda original, lançado para NES há exatos trinta anos. Sim, já eu 2011 eu perguntava o que “O que os futuros Zelda têm a aprender com a versão NES?”, questionando elementos como a linearidade estrutural, a falta de desafio e a repetitividade dos calabouços presentes nos jogos Zelda até então. Curiosamente, Skyward Sword ainda não tinha sido lançado na época que escrevi aquele post, e eu ingenuamente acreditava que aquele jogo poderia tomar lições de The Legend of Zelda, porém como todos sabemos, Shigeru Miyamoto e Eiji Aonuma ainda precisaram fracassar mais uma vez antes resolverem reaprender com o que funcionou no passado.

E essa foi não apenas a tônica dos vários videos de jogo que foram exibidos, como também de declarações do próprio Miyamoto, que inclusive fez questão de não apenas relembrar da ilustração oficial de “Zelda NES” – aquela com Link olhando para o horizonte – bem como inserí-la integralmente em Breath of the Wild:

Zeldas

No videos que puder ver da E3, além de Miyamoto, outros membros da Nintendo, como Reggie ou Bill Trinen, também sempre faziam questão de frisar a liberdade de exploração e as muitas possibilidades de mecânica de jogo advindas dessa liberdade, inclusive com uma mecânica de criação de armas claramente inspirada em Minecraft. E por falar em inspiração, Breath of the Wild também tomou muitas lições dos jogos Xenoblade, a ponto de a Nintendo destacar a Monolith Soft para ajudar na produção de Zelda. Se a Nintendo for capaz de fazer de Hyrule um mundo tão interessante quanto os de Xenoblade e X Chronicles, será certeza de que teremos um clássico à caminho.

Falando mais sobre o jogo em si, vendo alguns dos diversos videos que foram publicados durante e depois da E3, é fácil compreender o porquê da empolgação de muitos com esse novo Zelda. Tecnicamente e artisticamente, BotW é muito bonito e bem realizado, sobretudo quando se lembra que tal qual foi feito em Twilight Princess, Breath of the Wild também será “cross generation” e ganhará versão Wii U (que em termos de poder é um Xbox 360 “2.0” com mais memória RAM). E tudo fica ainda mais impressionante quando se nota o detalhismo presente no jogo não apenas nos grandes cenários e nos efeitos de luz e sombra presente neles, mas também nas reações físicas às ações do jogador. Em geral, já é possível notar um grande capricho em tudo que envolve esse jogo.

Declarações “polêmicas” de Aonuma passam despercebidas

Abrindo um rápido parênteses aqui, achei no mínimo curioso que uma declaração pública de Aonuma feita em uma entrevista à Wired não tenha tido repercussão:

“I’m actually the one who was the most affected by Miyamoto taking a step back, because now I have to take on all the responsibilities of Zelda,” Aonuma says. “I thought, hey, this is my chance to create something I really want to create!”

(…)

To the development team, “Miyamoto is God,” Aonuma says. “So even when I say, hey, this is what I think should be done, they’ll always question: ‘Well, what would Miyamoto say?’” In that sense, the team wanted to create something Miyamoto will enjoy. “Up until about two years ago, Miyamoto actually had a lot of comments and advice about Breath of the Wild.”

Pode ser exagero de minha parte, mas ninguém achou estranho que justo agora que Zelda parece estar agradando a gregos e troianos Aonuma diga que ele “finalmente tem a chance de criar algo que ele realmente queira”, como se tivesse finalmente “se livrado” de Miyamoto? Ou seja, quando os jogos davam errado ou não agradavam, era tudo por ordem do “Rei Lear” Miyamoto, que obrigava a pobre equipe de produção a seguir suas loucuras, enquanto que agora o “são” Aonuma é que realmente comanda o barco? Sei lá, me soa meio como oportunismo, até porque ele já havia declarado em no passado que não conseguia sequer jogar o Zelda original. Fora que esse papo de considerar alguém como “Deus” não me soa muito normal.

Por fim…

Sei que ainda se trata de uma demo e há muito o que ser revelado nos próximos meses, mas creio que The Legend of Zelda: Breath of the Wild realmente mostrou bastante potencial para se tornar o grande clássico que a série não tem desde Ocarina of Time. Liberdade de exploração, grande quantidade de possibilidades de ação, detalhismo brilhante, muitos segredos ainda a descobrir,tudo isso fez The Legend of Zelda: Breath of the Wild ter a consideração e o destaque que vem recebendo. Em resumo, é isso o que acontece quando temos um jogo Zelda que se parece com Zelda de verdade, tal qual os clássicos, e não equivocos como Skyward Sword ou TriForce Heroes.

Ainda há muita água para rolar por debaixo da ponte, e em se tratando da Nintendo atual, é bom mantermos certo ceticismo quanto a seus jogos (vide Star Fox Zero, que parecia bom e decepcionou). Mas mesmo assim, vejo esse novo Zelda com muito bons olhos e torço para que dê certo. Veremos.

AvcF – Loading Time.

2 thoughts on “E3 2016: The Legend of Zelda: The Breath of the Wild

  1. Discordo quanto ao tal oportunismo por conta da recepção positiva da crítica e do público ao jogo, simplesmente pelo fato de que Aonuma já dá declarações quanto ao desejo de olhar ao passado da série já faz um bom tempo. Em 2013 ele disse que ” ‘Nós queremos deixar essas convenções de lado, voltar ao básico e criar um novo jogo do Zelda , para que os jogadores de hoje possam curtir a verdadeira essência da franquia.’ ”. Ele já havia dito coisa semelhante antes do lançamento de Skyward Sword também.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *