Cool Vibrations: Jeanne D’Arc (PSP)

Jeanne D\'Arc
Saudações aos eremitas.

Fazia tempo que não dedicava um post a um game do PSP, mas finalmente arrumei um game novo para me dedicar. A poucos dias finalmente pude começar a jogar um dos clássicos cults do portátil, Jeanne D’Arc. Sem não antes ter uns probleminhas alfandegários e morrer uma grana em imposto de importação e IPI, isso graças ao serviço postal da Fodex. De qualquer forma, já gastei umas belas horas com a criança e está valendo a pena até o momento. Acompanhem.

 Lançado em 2007 e rapidamente esquecido, Jeanne D’Arc foi mais um daqueles games de nicho para PSP que receberam o selo de injustiçado ou cult, para desespero da rardecoridade. Digo isso porque me lembro de vários “pspistas” chegarem ao ponto de acusarem até o DS pelo fraco desempenho comercial do jogo, isso porque até hoje não me lembro de nenhum rpg tático temático ter se tornado million seller ou fenômeno de vendas. De qualquer forma, o fato é que desde o começo gostei do jeito com que o jogo se apresentava, além de que meu interesse por esse sub gênero dos rpg ganhou meu interesse de uns anos para cá. Curioso que esse interesse surgiu de maneira torta, quando joguei pela primeira vez o medíocre Megaman EXE, no GameBoy Advance. Naquele jogo eu curti o esquema de customização do personagem e do caráter tático das lutinhas, ainda mais estratégicas nas lutas contra chefes. Pena que o resto do jogo era chato de doer.

Então por que não Fire Emblem? Bom, porque ao que me parece, essa série é ainda mais restrita e muito pouco “user friendly”, ou seja, parte-se do princípio que você já a conheça e tenha jogado títulos anteriores. Já Jeanne parte do zero, além de explorar um tema que eu pelo menos ainda não havia visto em outros games, com a história da heroina mítica francesa. Um medo que tinha antes do jogo chegar era a interface, pois tenho um péssimo defeito: eu caio fora e passo a odiar para todo o sempre qualquer jogo que eu tenha que gastar mais que cinco minutos para aprender a jogar. Esse foi um motivo, por exemplo, que me fez desistir imediatamente após ver um video do Knights in the Nightmare do DS. Cacetada, aquilo é mesmo um pesadelo. Eu teria arremessado meu DS contra a perede se tivesse que passar por toda aquela parafernália só para aprender a jogar (dêem uma olhada nos videos de tutorial do youtube e confiram se estou errado).

Felizmente não é o caso de Jeanne, que logo após um filminho em anime muito bem produzido e alguns diálogos (ambos podem ser pulados, se for o caso) você já cai em uma lutinha e rapidamente pega os esquemas do jogo. No máximo apareciam umas janelas explicativas, que também podiam ser puladas e consultadas posteriormente. Claro que o jogo não tem um ritmo intenso, mas seu acerto foi na sua regularidade, cuja velocidade me pareceu a correta. Ou seja, as batalhas são bem animadas e detalhadas, sem contudo demorarem uma eternidade, o que é um alívio pois tornaria o inevitável grinding um processo isuportável. Por falar nisso, outra coisa que gostei é que além do ritmo ser adequado a dificuldade também é. Rpgs difíceis acabam se tornando jogos repetitivos e artificialmente longos, pois obriga o jogador a perder horas em trocentas mil lutinhas iguais só para ter nível para matar um chefe ou inimigo importante. Pior que sempre passo dos desafios nos menores níveis possíveis, devido a minha falta de paciência para ficar “grindeando”, e sempre dou um jeito de vencer os desafios com toda a astúcia e estratégias necessárias para compensar a falta de atributos. Até por isso terminei Final Fantasy IV sobrando só um sacripanta em pé e no melhor estilo melodramático a lá Cavaleiros do Zodíaco, como uma daquelas cenas em que algum dos cavaleiros dava o golpe final do sétimo sentido e vencia o vilão mesmo depois de estarem cegos, surdos, mudos, quinze ossos quebrados, ultramatismo craniano, cinco ressucitações cardíacas e anemia profunda (sim, porque eles perdiam sangue suficiente para abastecer um hemocentro).


Sequência de abertura e introdução do jogo

Felizmente em Jeanne o alto grau estratégico das batalhas permite com que não seja necessário tanto grinding para vencer as principais lutas, desde que se escolham os personagens certos e tome as decisões mais lógicas. Uma boa customização com a escolha certa das habilidades e poderes faz toda a diferença, fora que esse aspecto foi implementado de maneira competente no game. Gostei daquele sistema de tipos de pedras diferentes com a mesma lógica de vantagem e desvantagem do jo-ken-po (no caso do jogo é sol, lua e estrela), o que faz com que na hora das batalhas você evite ou escolha os inimigos a quem atacar, tornando as partidas ainda mais pensadas. Esse é o brilho real do jogo, já que o gameplay acontece basicamente nas lutas, pois o resto são animações e menus. Não há qualquer exploração, rotas alternativas, npcs interessantes ou coisas do tipo. O que acontece é simplesmente acessar a próxima “fase”, assistir as animações ingame/filminho e cair na porrada, sempre nessa sequência, sem tirar nem por. Isso tornou o jogo terrivelmente linear, pelo menos até o ponto em que pude jogar. Não sei dizer se há alguma mudança mais adiante, mas ao que me parece, o jogo será assim até o final.

Estéticamente o game é muito bem resolvido, com gráficos muito bons, tudo bem detalhado e animado. A direção de arte só não foi muito feliz na representação de um mundo que tivesse mais identidade e se relacionasse melhor com os personagens. Embora todos os heróis sejam franceses (inclusive os diálogos tentam o todo simular o sotaque francês), não há nada lá que me fizesse sentir que estava na França da época da heroina Joana d’Arc. Não havia quaisquer símbolos, elementos visuais nem culturais que pudessem me fazer crer que realmente havia uma nação francesa a ser salva dos ingleses. Até o momento ficou parecendo a mim que o mundo de jogo é apenas uma terra medieval genérica, sem qualquer laço com o enredo do jogo. Senti problema parecido com os personagens, cujos traços dos retratos exibidos no jogo eram típicos de animes sem inspiração. Aliás a Jeanne é muito feia, coitada. Se bem que em matéria de feiúra ninguém ganha do Gilles com seu visual emo gótico e do bulgogue antropomorfo Rufus, que mais pareceu um design rejeitado dos Thunder Cats.

Em geral é um game muito bem executado, com um gameplay muito agradável e inteligente. Não é um clássico nem um game indispensável, mas gostei bastante do jogo até onde pude ir e estou certo que o terminarei com gosto. Foi mais um trabalho de primeira linha da Level V, cuja competência pude atestar recentemente com o ótimo Professor Layton. É um game que me fez gostar ainda mais de batalhas táticas, tenho certeza que após esse game eu olharei com mais carinho para jogos desse estilo. Até lá estarei ao lado de Jeanne e seus companheiros na luta pela libertação da França e contra a tirania britânica.

Até o próximo post.

André V.C Franco/AvcF – Loading Time.

 

11 thoughts on “Cool Vibrations: Jeanne D’Arc (PSP)

  1. AVCF disse:
    ” Até por isso terminei Final Fantasy IV sobrando só um sacripanta em pé e no melhor estilo melodramático a lá Cavaleiros do Zodíaco, como uma daquelas cenas em que algum dos cavaleiros dava o golpe final do sétimo sentido e vencia o vilão mesmo depois de estarem cegos, surdos, mudos, quinze ossos quebrados, ultramatismo craniano, cinco ressucitações cardíacas e anemia profunda (sim, porque eles perdiam sangue suficiente para abastecer um hemocentro).”

    falo certinho hsIAHSIOhsiohAIPOSHaposhpAHS
    ou ate mesmo quando o cavaleiro de dragão(não sei o nome pq nao assisto mesmo XD)bateu seus punhos e começo a sair um rio de sangue ijaihjdpioHJP
    exagero XD

  2. eu tbm sou hyperfã desse tipo de jogo em q só tem “ação” e nada de exploração… eh simples… só lutar…rs o primeiro jogo nesse estilo q eu joguei foi o fft do psx [quero ate hoje ter outra oportunidade de joga-lo para termina-lo] e se um dia eu pegasse um psp seria quase que exclusivamente pra jogar fft. [os do ds e do gba eu axei muito cheios de “boberinhas” então não tive paciencia de joga-los] mas tem um jogo nesse estilo que eu estava me amarrando em jogar era o valkyrie profile do ds… muito bom…
    no demais parabens pelo site…

  3. Caramba, desconhecia completamente esse título! Adoro também esse subgênero dos RPGs, onde você pode utilizar o cérebro a todo vapor, assim como num tabuleiro de xadrez. O primeiro game do gênero que joguei foi o inesquecível Ogre Battle que joguei na época do PSX, logo depois vieram os Final Fantasy Tatics: PSX e o posterior para GBA.

    Quanto ao fator da exploração… bom, sou obrigado a dizer que é um aperitivo e tanto, algo que consegue transportá-lo com maior realidade ao mundo desenvolvido pelos designers. Talvez por falta desse elemento, a questão da cultura francesa ficou um pouco de fora no ponto de vista do jogador! Acho que uma solução engenhosa para a quebra dessa linearidade, foi o mapa desenvolvido no FFT Advance, onde você escolhia os locais onde ir e tinha uma série de variáveis.

    Abraços saudosos!

  4. cheguei a escrever um comentário… mas não foi…

    achei o jogo lindo, mas não tenho paciência pra jogar rpg de estratégia….. tentei com o ff tactics… tenho até o tactics advance original (completo) mas…. não consegui jogar por muito tempo… hehehe 😀

  5. desculpa a ignorancia, mas o que significa esse sub gênero?
    qual a diferença de um rpg normal para esse rpg tático? nunca fui muito desse tipo de jogo, só consegui encarar o final fantasy X, pelo carisma que os personagens apresentaram pra mim e pelo estilo de batalhas em turno… o q facilita a batalha. Atualmente, tentei jogar o Final Fantasy crisis core, do psp, gostei de jogo, mas ainda acho meio chato escolher o que fazer enquanto apanho desesperadamente. meio tenso!!!.. esclareçam essa duvida por favor… abraço!!

  6. e ae andré franco? eu já postei aqui a algum tempo atrás e fique sabendo que eu sempre leio TODOS os seus posts via rss… o seu ponto de vista sobre os jogos sempre é diferente, porque muito mais um carater pessoal do que as análises que se vê por ai… só te deixo uma sugestão de colocar os tempos que você gastou em horas para cada jogo, ou depois de quanto tempo, em horas também, abandonou algo… acho que nunca vi você escrever a quantidade de horas gastas

  7. Oi serginho, demorei mas respondo sua pergunta.

    Creio que hajam duas diferenças fundamentais entre os rpgs ditos comuns e os considerados táticos. A primeira diz respeito as batalhas, muito mais meticulosas e detalhistas nos rpgs táticos. Por exemplo, nos “trpgs” o terreno costuma influenciar nas estratégias de ataque e defesa, muitas batalhas costumam ter condições especiais como ser vencida em um número limitado de turnos, ou a proibição de um personagem morrer (caso ocorra o jogador leva gameover) e por aí vai. Para notar bem a diferença, sugiro-lhe assistir videos de lutinhas dos games Fire Emblem, da Jeanne D’Arc e Finfal Fantasy Tactics e compará-los com rpgs tradicionais.

    Outra diferença se dá nos restante dos jogos, no além batalha. Enquanto nos tradicionais costuma haver exploração de calabouços, locais secretos a se descobrir, gente para conversar etc; nos trpgs o gameplay se restringe as batalhas e customização de personagens.

  8. Esse é um dos poucos títulos de PSP que me interessam. Na verdade, os tactics são uma das poucas coisas que ainda me prendem no mundo dos games (e por consequência, em sites e blogs relacionados =P).

    Gostei de suas impressões, só reforçou minha vontade de ter esse título. Mas devo dizer que você se equivocou ao se referir a Fire Emblem (compre logo a versão do DS e vamos tirar um racha online XD).

    Mas você tocou num ponto interessante ao citar Knights in the Nightmare. Tive um problema parecido com Final Fantasy Tactics Advance, custei a pegar as manhas. Foram horas e horas lendo e relendo o manual. XD Claro, como tinha comprado o jogo, fiz um esforço para aproveitá-lo. Isso me traz de volta a questão de Knights in the Nightmare, onde o bando do chapéu de palha parece ter largado o jogo tão logo o “comprou”.

    o/

  9. Também tem pouca coisa que me interesse no PSP. Depois que terminar Jeanne não sei qual será o próximo jogo que procurarei, isso porque meu PSP estava parado fazia mais de seis meses.

    Não sei ainda se compro o Fire Emblem do DS, pois é aquilo que disse no texto, ele faz parte de uma longa história em capítulos e certamente devem ter situações e personagens que demandam conhecimento prévio das versões anteriores. E aí eu danço.

    Isso que você falou do Knights in the Knightmare, é a velha tônica dos pirateiros. Quando não se gasta dinheiro e não se possui de fato um jogo, não há como não baixarmos nosso senso crítico, afinal se o jogo é ruim basta apagar o arquivo e partir alegremente para a tranqueira seguinte. Eu vi vários videos do KitK e se eu tivesse o cartucho dele comigo, eu teria o tacado na parede e dado um roundhouse kick nele. Mas como os pirateiros jogam qualquer porcaria, eles até perdem algum tempo prosseguindo no jogo, sem se frustrar muito. Alguns até terminam o jogo naquele esquema meio nas coxas, afinal é só um jogo a menos ou a mais no cartão.

  10. Oi Guilherme,

    No meio das coisas que estava fazndo aqui, esqueci da sua resposta, foi mal. Primeiramente agradeço a “audiência e a preferência” de sua parte. Só não entendi bem o porquê sobre as horas gastas em jogos coisa e tal. No mais, continue acessando o blog e, ah! Tem post novo ainda hoje e estou preparando um especial que publicarei logo. Tenso.

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