Briga na feira: Tales of Symphonia (GameCube)

Tales of Symphonia

Saudações aos autocratas.

Vocês já devem ter percebido ao olhar para a direita no layout do blog, uma seção chamada “Briga na feira”, com três textos já publicados. Se já leram os artigos, notaram a natureza deles em gerar uma discussão, uma controvérsia. Dessa vez então, falarei de jogos consagrados pela crítica e pelos jogadores, mas que por motivos discutidos no texto, mostrarei que como diria…não me desceram. O primeiro game a passar por essa experiência será Tales of Symphonia, lançado em 2003 pela Namco.

Como se trata de um game bastante conhecido da geração passada, creio que Tales dispense maiores apresentações. Uma prova de sua popularidade foi justamente o fato de eu ter adquirido-o na versão “player’s choice”, pagando apenas vinte doletas. Logo depois comecei a experimentar o jogo e fui explorando-o. Mas em pouco tempo fui percebendo que haviam indícios de que eu não iria gostar tanto assim da experiência. Foi aí que percebi o primeiro problema do jogo: ele demora muito para de fato começar. Todo aquele blá blá blá da vilazinha é chato pra dedéu, o rítmo é demasiadamente lento e a musiquinha dava sono. Sei que devem estar se perguntando como é que o jogo faria para contar a trama, aí nesse caso preferia que fosse ou em um video ou em uma dessas animações em tempo real, mas seja qual for com opção de cortar e seguir em frente.

Ainda esse ano terminei Final Fantasy IV no DS. Claro que não compararei dos dois, mas no game portátil, após uma cena curta e alguns diálogos, o jogo já me coloca em uma batalha, já para “sentir o drama”. Depois mais um trecho da história é contado e já em seguida eu volto a comandar o personagem e mandar bala no jogo (não detalharei para evitar spoilers). Em Final Fantasy III, praticamente a primeira coisa que acontece é o personagem ser emboscado por uns monstrinhos e partir para a ação. Após isso, já de cara temos que explorar uma caverna. Em Symphonia tudo me pareceu mais lento e até rolar a primeira lutinha, lá se foram pelo menos uns dez minutos. Começo mais lento assim só me lembro do Zelda Wind Waker, por sinal o único Zelda que não terminei desde que conheci a série.


Abertura ocidental de Tales of Symphonia. Nessa versão toca um instrumental genérico, ao passo que a abertura japonesa toca uma música cantada por uma japinha de voz aguda.

Outro elemento que não gostei foi aquele mapa geral do mundo, a coisa mais vazia e sem graça que já vi em um jogo. Sei que isso é uma espécie de tradição que vem desde jogos mais antigos (Zelda II era meio assim), mas eu não vejo muita graça em ficar andando no meio do nada enquanto uma gosminha roxa ou um bichinho genérico vem ao meu encontro. Em Super Mario RPG por exemplo, você caminhava realmente pelo mundo do jogo, algo bem mais vivo e com cara mesmo de ser um lugar “real”, no sentido de fazer parte daquela diegese. Em Superstar Saga e nos jogos já citados também é assim, e creio, que em outros famosos também seja. Não fez muito sentido para mim andar por aquelas cordilheiras genéricas e se parecer com um monstro gigante de seriado japonês ficando ao lado de uma miniatura de uma vila ou cidade. Contudo, sei que esse tipo de recurso não deve ser levado ao pé da letra, não que me falte uma certa suspensão de descrédito. Mas acho que outro tipo de solução poderia ser adotada.

Entre o gameplay e a narrativa

Tales of Symphonia é claramente voltado para a narrativa, como em outros jogos de seu gênero. O duro foi que mesmo depois de diversas partidas nem esse aspecto me pegou. Quem tem alguma cota de animes já vistos certamente não se surpreendeu em nada com o que era contado em Symphonia, mas até aí não acharia ruim uma história cliché mas bem contada. Os draminhas, conflitos e preconceitos até deram o tom certo para a história, mas tudo aconteceia de forma muito lenta e sem muito sentimento. Tinha a sensação de que tudo era meio contido, ou açucarado para não chocar nenhum jogador. Mas nem acho que esse era o maior problema, afinal Final Fantasy III por exemplo, também era super água com açúcar. O maior problema mesmo foram os personagens. Todos muito fraquinhos.

Para variar nos jogos de videogame, não haviam construções psicológicas, apenas meros estereótipos. E estereótipos típicos dos animes. Quem nunca viu antes um personagem como Seiy…digo Lloyd? Ou aquele tipo pseudo gay pegador de menininhas como o Zelos? Ou a kawaii atrapalhadinha-futura-par romântico do Lloyd, a Colette? Aliás, nesse momento não me lembro de uma personagem tão chatolina quanto ela. As vezes mesmo as ceninhas com ela que eram puramente textuais conseguiam beirar o insuportável. Por falar em cenas, elas foram arruinadas pela dublagem americana, que tornou tudo mecânico e sem graça. Eu via e ouvia aquilo e me sentia em uma legítima aula de curso de inglês, com aqueles exercícios que ouvíamos situações e preenchíamos nos livros. Os diálogos eram tão marcados e de tal forma ritmados, que mais pareciam uma leitura em voz alta do que uma dublagem mesmo. Pior que mesmo nesse esquema robótico a Colette não larga a mão de ser chata.

Normalmente um game ou nos captura por seu gameplay ou por sua narrativa. Ambos fazem parte do conteúdo, e quando esse não é equilibrado entre os dois termos, ao menos algum tem que se destacar. Por exemplo, Super Mario Galaxy tem um gameplay fantástico e narrativa/história pífios. Resident Evil tem uma mecânica que envelheceu mal, com seus personagens controlados como tanques de guerra e respostas duras. Mas seu universo e a narrativa são tão legais que nem ligo para as viagens na maionese da história do jogo. Já Tales of Symphonia não me capturou nem por um lado, nem por outro. Ficou em um meio termo que me fez arrastar-me até o final do segundo CD, para então finalmente desistir daquilo tudo. E para mim, desistir de um jogo antes de completá-lo é algo deveras frustrante. Mas simplesmente não tinha mais motivação para continuar com aquilo.

Por fim…

Por fim aqui estou eu com a caixa do jogo e seus dois mini discos, há meses rejeitados e guardados. Agora não faria sentido depois de tanto tempo continuar de onde parei, ao mesmo tempo que não tenho forças para recomeçar do zero. Até porque foi uma longa experiência, e por longo tomo pelo pior tipo. Não fiz esse artigo para descer a lenha como faço no Bad Trip, até porque o jogo tem diversas qualidades e as reconheço. Foi apenas para dar uma opinião sobre um jogo que é cercado por uma certa unanimidade, em especial pelos fãs de RPGs. E justamente por serem fãs que muitas vezes, até de forma inconsciente, relevam diversos defeitos que alguém “de fora” costuma ver. Tales of Symphonia foi consagrado por todo mundo, mas eu não consegui gostar dele. E não foi por falta de tentar.

Nunca havia jogado algum jogo da franquia “Tales of”. Mas depois de Symphonia, não será tão cedo que voltarei para esse universo.

André V.C Franco/AvcF – Loading Time.

18 thoughts on “Briga na feira: Tales of Symphonia (GameCube)

  1. Não tenho mais a mesma força/paciência pra me dedicar a um RPG, mas a verdade é que aí não tem muita novidade, afinal outros podem ter encontrado essa profundidade que cê não encontrou. Questão de gosto! Quem curte RPG mesmo não grila com alguns dos pontos tocados… Tem gente que gosta de alguns RPGs, mas isso não faz dele fã do gênero. Eu por exemplo não entendo como tem gente que passa horas no mesmo campo verde chutando bola pra lá e pra cá.

    …mas encontrar uma história boa em Residente foi de lascar! Questão de gosto.

    …ando meio de saco cheio desses animes de agora. É tudo muito igual e chato!

    …me lembrei de FFX. Que começo demoraaado!!!

  2. Da série eu só tive contato com o do Snes através de emulador, mesmo assim só dei uma olhada pela curiosidade de conhecer o “maior” jogo do console e a tão falada abertura cantada. Me pareceu bacana, mas ainda não animei jogá-lo. Quanto ao jogo citado eu entendo o seu desânimo, também detesto jogo que te obriga a parar de jogar pra contar a história, ao invés de te fazer vivenciar a história. E de RPG água com açúcar já me basta o medonho FFVIII…

  3. Tá falando do Tales of Phantasia né? Nunca joguei também, nem mesmo em emuladores. Pelo menos com Symphonia a decepção foi menor porque paguei 20 dólares e não 50…

  4. Phantasia…. Esse jogo é mto bacana.

    Joguei no emulador por curiosidade e acabei chegando bem longe =D… mas depois de 10h nao dava pra continuar jogando em japones, ae parei XD

    Mas o jogo tem um gameplay muito gostoso e me fez sentir a sensação q tinha quando criança de ficar pulando todas as falas sem entender nada e nem me importar com isso… apenas me divertir =D

  5. Tchulanguero, tu falou uma real. Que história idiota do FFVIII! Fora aquela merda do jogo de cartas.

    Mas voltando.. sempre curti rpg, mas realmente não tenho mais tempo/saco pra ficar hooooooooooooooooooooras aumentando level, dando role em mapa, caçando item e etc.
    E sinto falta DEMAIS.. de um RPG com uma temática mais madura, um gameplay mais rápido, se desgarrar da influencia dos animes e, pelo amor de Deus, uma quebra do esquema cidade-mapa-caverna-chefe.

  6. A única coisa que sinto falta nos RPGs de videogame há muito tempo são protagonistas que realmente pareçam heróis aptos a lutar contra inimigos capazes de destruir o mundo.
    Nada contra Final fantasy (todos a partir do 9), a serie Tales of, the world ends with you, entre outros, mas… nenhum dos protagonistas destes jogos parecem heróis, e sim membros de “boys band” japonesas.

    Detesto protagonistas infantilizados, e este tales é completamente formado por este tipo!
    A história é interessante e gosto do jogo, mas é cansativo jogar. Tenho ele desde o lançamento, trolhentos anos atrás, mas nunca o termieni tambem, talvez pela falta de carisma apontada no texto. 🙁

    Se fosse falta de ânimo, eu não teria terminado Diablo, Bauldur’s gate, Zelda TP e mais alguns, desde que comprei o jogo.

  7. PS: Em FF IV, Cecil se parece de fato com um paladino, Cain, com um cavaleiro, e rosa, com uma curandeira. Este jogo é maravilhoso, os personagens são carismáticos, e a história envolve o jogador nos dilemas morais e pessoais dos personagens.
    Falta este tipo de carisma em Tales os Simphonia.

    Gostaria que mais jogos como FF IV fossem produzidos, sem crianças cheias de penduricalhos como personagens-chave da história.

  8. Terminei Final Fantasy IV no DS e deu até gosto. Já o Symphonia eu “fiz que fui mas não fui, e acabei fondo” até o final do segundo disco. É raro de acontecer, mas se percebo que estou prosseguindo em um jogo só por prosseguir, me arrastando por uma espécie de obrigação em terminar, eu paro mesmo. Recentemente aconteceu isso com o Battalion Wars 2 do Wii. O joguete é bom e talz, mas…não rolou.

  9. Isso, é o Phantasia mesmo, se não me engano eu tenho até uma versão traduzida por fãs para o português, na verdade o meu problema está em jogar no computador, apesar que de uns tempos pra cá eu animei mais. O último RPG que joguei foi o Fallout 3 que apesar de não ter jogado os anteriores me agradou bastante (puta jogo grande, até hoje não explorei o mapa inteiro).

    FFVIII na minha opnião até tinha potencial para ser bom, mas no final das contas o romance dramalhão mexicano acabou com tudo.

    O que eu vejo na verdade é que há uma falta de imaginação muito grande em todos os jogos, mas no RPG sentimos mais isso justamente pelo fato do jogo depender muito da história. Mas esse lance do grupo de heróis salvando o mundo já deu no saco.

  10. Mudando de assunto… esse blog (bem como seus leitores) tem um certo foco nas peripécias da Nintendo, contudo, o nome é “Loading time” e, irônico o suficiente, a Nintendo é onde o loading time é menor, ou, nem sequer existe.
    Incrível não?

  11. Mudando de assunto… esse blog (bem como seus leitores) tem um certo foco nas peripécias da Nintendo, contudo, o nome é “Loading time” e, irônico o suficiente, a Nintendo é onde o loading time é menor, ou, nem sequer existe.
    Incrível não?(2)
    ………….
    Esse blog é nintendista mais é um dos melhores da net =P

  12. Pô, mas vocês definitivamente não se decidem a respeito do meu ismo. Teve uma vez que um lunático me chamou de doido nintendista. Em um que escrevi sobre a Sega, um disse que era sonista convicto. No artigo dos jogos de luta ruins do Nintendo 64, um lá me chamou de anti nintendo.

    Poxa, decidam-se ou logo terei uma crise de identidade 😆

  13. Hehehe.. nao falei nada de ismo. Falei que o blog tem um “um certo foco nas peripécias da Nintendo” – que é verdade.
    Seja anti ou pró. Aqui fala-se de nintendo.

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