Bad Trip: Hook (NES)

Saudações aos legionários.

Quem disse que não teria post em pleno feriadão? Tem sim, senhor! Em mais um Bad Trip, descerei o porrete em um dos jogos mais safados que já joguei no NES: Hook. Vamo nessa.

Nos longínquos tempos em que o mundo dos video games era feito à base de sprites, havia uma espécie de guerra paralela para decidir quem fazia mais jogos ruins para o NES. Sabemos todos que o vencedor foi a famigerada Acclaim (e sua pseudo subsidiária LJN). Entretanto, houve também um competidor “de respeito” nessa particular área, que foi a Ocean, com seus malfadados joguetes licenciados. Mas acredito que navegando pelo mar de lixo da Ocean, ao jogar a rede sobre a água, certamente o primeiro “peixe” a ser fisgado seria Hook. Sim, porque considerando a época, alguns joguetes como Robocop e Adams Family embora fossem ruins (ok, Robocop 2 é MUITO ruim), eram ao menos jogáveis e tinham alguma coerência no gameplay. Já no caso de Hook, todas as regras básicas do que faz um game ser no mínimo aceitável foram solenemente ignoradas. Vejam por vocês mesmos:

A ruindade começa assim que o botão “Start” é pressionado na tela-título. Na tela seguinte, a historinha do jogo é exibida em uma mensagem escrita com letras garrafais, entretanto uma horrível fada Sininho (cujo desenho tentou porcamente copiar o visual da Julia Roberts do filme homônimo) fica voando pela tela e justamente atrapalhando a leitura do texto. Ok, normalmente ninguém dá bola para essas coisas e pula direto para o jogo em si, entretanto já nesse ponto inicial percebe-se que os responsáveis pelo jogo não tinham muita noção de design, pois acho que nunca ouviram falar em legibilidade e visibilidade. Tratando-se de design gráfico, é absolutamente idiota inserir elementos gráficos que sobreponham-se a textos. Seria como se alguém colocasse, por exemplo, um personagem ocupando parte de um parágrafo em uma matéria de uma revista de games. Enfim, um erro grosseiro por si só.

O restante do jogo infelizmente só piora. Passando pelo feioso mapa de “quase seleção” de fase (porque você não podia selecionar todas de uma vez) e por mais uma tela com a porcaria da fada que fica passando sobre o texto de explicação, você entra finalmente em contato com a ruindade “gameplayística” de Hook. Além de estágios feios (para os padrões do NES mesmo), genéricos e mal planejados, o jogador é obrigado a suportar problemas e esquisitices típicos dos joguetes de baixa qualidade. O primeiro problema é o ridículo sistema de colisão do jogo aliado ao alcance ridículo do ataque do Peter Pan-anão-feliz do jogo. Se fosse um game lançado para Xbox 360, certamente Hook teria um achievement para aqueles jogadores capazes de matar um inimigo sem tomar dano. Isso sem contar as plataformas e outras situações com o mesmo defeito. O jogo ainda conta com bizarrices como a ridícula necessidade de fazer o personagem se deitar para pegar um item, além do verdadeiro chilique que Pan dá ao tocar na água. Sério, mesmo em plataformas em que a profundidade daria na cintura daquele anão risonho, ao tocar na água ele sai voando e espernando pelo ar, de uma forma incompreensível até. Sério, como diabos alguém da equipe de produção achou que isso faria sentido?

A música e os efeitos sonoros são no limite da educação MEDONHOS. Aliás, como o restante do game, como os controles pouco responsivos e frame rate digno de forno de microondas rondando um programa em DOS. Não me lembro exatamente como que esse joguete imprestável parou diante de mim, se algum amiguinho de escola que emprestou ou aluguel mesmo, mas lembro bem que até o cartuchinho pirata safado/sem vergonha de 60 pinos era horroroso. Por outro lado, curiosamente, se vocês olharem pela internet, notarão que Hook teve duas capas, sendo que a segunda era diferente da que está postada aqui. Acredito que provavelmente foi uma pilantragem da Sony Imagesoft (COMO ASSIM, A SONY FEZ JOGOS PARA NES???????? SIIIIIIIMMMM!) para associar o lixo lançado para NES com os joguetes posteriormente lançados baseados no filme Hook para SNES, Genesis e Sega CD (que embora não fossem nenhuma maravilha, eram anos-luz superiores)

Por tudo isso se conclui que Hook foi um joguete pavoroso que nunca deveria ter sido lançado, ainda mais porque sacaneou um personagem clássico como Peter Pan (e por tabela aquele filme medíocre do Robin Williams). Não merecia nem mesmo ter chegado às lojas. Agora voltará a lata do lixo de onde nunca deveria ter saído.

Bonus tracks

Peter Pan foi realmente uma personagem malsucedida no NES. Pois além de protagonizar a excrescência acima, ainda teve outro joguete lixoso com seu nome. O Fox’s Peter Pan & The Pirates: The Revenge of Captain Hook foi lançado pela THQ um ano antes de Hook. De qualquer forma, é tão ruim quanto:

Que dureza, seu Peter Pan…

André V.C Franco/AvcF – Loading Time.

12 thoughts on “Bad Trip: Hook (NES)

  1. Nunca fui fã de Peter Pan, muito menos dos games baseados nesse lixo, vai ver foi daí que começou o estigma de games ruins baseados em filmes! Acho que o único game que consegue ser melhor até do que o filme é Goldeneye! Rare nos seus áureos tempos fazia milagres mesmo.

    Comentário do AvcF: a maldição dos games ruins baseados em filmes vem da era Atari, cujo o, digamos assim, ícone foi o E.T. Sobre o Goldeneye, se tudo der certo, semana que vem jogarei a versão Wii. Se minha expectativa se confirmar, terei um Bad Trip e tanto para escrever.

  2. Caro Avcf, fiz uma descoberta que vai deixá-lo abismado: (Retro)- ”The company was founded in October 1998 by the video game veteran Jeff Spangenberg after leaving Acclaim Entertainment”, uma das desgraças da era Nes chamada Acclaim pelo menos deu um bom fruto que foi esse cara! Ele deixou a nossa querida Acclaim e fundou em outubro de 1998 a Retro! Eu sei o quanto você é fã de carteirinha dela (Acclaim) rsrsrs Me lembrei da bomba do e.t. do Atari logo depois que postei o comentário rsrs Quanto ao Goldeneye 007 do Wii espero que seja o oposto, até porque ele está sendo desnvolvido por um pessoal bem competente da Eurocom que fez Dead Space extraction que é um ótimo game, pelo menos até agora não me parace ser um game ruim, mas vamos ver após o lançamento (que é hoje!) se todo o falatório foi em vão ou era verdade mesmo.

    Comentário do AvcF: eu sabia dessa da Acclaim, se não me engano o que hoje é a Retro um dia foi um estúdio chamado Iguana (responsável por atrocidades como o South Park do N64, que por sinal foi distribuido pela Acclaim). Sobre a Eurocom, acho que nunca joguei nada deles, então não endosso 007 Goldeneye assim “no automático”. Estou desconfiado com o jogo. Mas impressão não define jogo, então só depois de jogar que darei meu veredito.

  3. @George Sadat: Não se esqueça que essa Eurocom converteu uns UMK3 da vida aí…

    E me lembrei: os Hook de SNES, mega Drive e Mega-CD só saíram bons porque não teve Acclaim, LJN e nem Ocean no meio; eram da Sony Imagesoft.

  4. Pra que serve a faca do personagem se ela não atinge ninguém?! Morri de rir quando o bonequinho foi “emparedado” pelo vilão sem conseguir se defender… Trash!

    E olha que eu quase gostei da música da primeira fase (me lembrou um pouco a do jogo Smurfs de SMS/NES), mas nada feito.

  5. @Avcf Comentário do AvcF: eu sabia dessa da Acclaim, se não me engano o que hoje é a Retro um dia foi um estúdio chamado Iguana (responsável por atrocidades como o South Park do N64, que por sinal foi distribuido pela Acclaim). Não veja só o lado ruim das coisas, essa mesma Iguana foi quem fez o ótimo Turok 1 e 2 e diga-se de passagem tem uma dificuldade digna de jogo de NES! Fora que para os padrões do N64 os dois games estavam acima da média! Já esse South park prefiro nem comentar, pois não os joguei, mas pelo estilo de jogo deve ser uma porcaria mesmo.

  6. South Park, um jogo de perguntas e respostas alà Show do Milhão, totalmente em inglês. Uma maravilha pra nós crianças na época não?

    Se eu não me engano era isso, me corrijam se eu estiver errado.

    Eu gostava bastante do filme Hook, aluguei várias vezes hehehe

    Eu fico pensando, será que os desenvolvedores, sinceramente, conseguiam jogar esses jogos e SE DIVERTIR com eles? A ponto de pensarem “É isso aí, podem lançar que tá legal!”

    Comentário do AvcF: Foram lançados três games South Park para o Nintendo 64, sendo esse “Show do Milhão” que você mencionou, um clone de Mario Kart e um FPS, que foi o que eu tive o desprazer de jogar. Sobre sua indagação, a pergunta correta seria ” A bagaça funciona? Dá pra jogar? Então lança essa p* assim mesmo”

  7. da Eurocom tive só o prazer de jogar o Cruis´n World do N64, que foi uma ótima conversão, mto superior ao Cruis´n USA.
    Eu joguei esse South Park FPS, em q vc atirava bolas de neve e desentupidores (se nao me engano galinhas também). Muito Ruim!

  8. Sobre o Goldeneye Wii : Com certeza vc NAO terá um Bad trip para escrever 🙂 Surpreendentemente.

    Mas seria legal vc fazer uma materia a respeito de qualquer forma. 🙂

  9. Bom a versão de Hook para Snes é mil vezes melhor que esse lixo que joguei por acaso no emulador de Nes pensando que fosse uma versão igual a do Snes mas com limitações respeitando o antigo console de 8-bits, mas quando vi o logo da Oceam já fiquei desapontado.

    Nem cheguei a ver o Pan dando chilique na água mas vou abrir o emulador novamente só para ver essa cena bizarra.

    Abraços André.

  10. esse south park 1 pessoa era um @$¨@&*! pra jogar mesmo, mas o multi player era super divertido! hahahaha

    qdo achei a versão do ps1 eu baixei e fiquei jogando com meus amigos, q me lembrava uma época de outro amigo que tinha 64 que nunca mais vi…. =D

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