Bad Trip: Batman Forever (SNES/Genesis) & Batman Forever the Arcade Game (Arcade,Playstation,Saturn)

Saudações aos leitores.

Se o seu dia estiver ruim, se seu trabalho deu errado, se seu serviço estiver por algum motivo saindo uma porcaria, lembre-se de uma palavra: Acclaim. Sim, amigos, reconfortem-se com o fato de que nada do que vocês fizerem poderá ser pior que os games da mais infame das produtoras de jogos que já existiu. Levante sua moral com o fato de que mesmo seu pior deve ser melhor que os games da Acclaim. E deve ser melhor ainda que os sensacionalmente ruins games baseados no sensacionalmente ruim filme Batman Forever – do sensacionalmente ruim diretor Joel Schumacher. Passada essa importante lição de auto-ajuda, dissecarei os terríveis Batman Forever e Batman Forever the Arcade Game, grandes perdas de tempo e bits dos anos noventa. Tapem o nariz, se preparem bem e vamos em frente.

Em 1995, os jogos de luta eram o que os jogos de tiro são atualmente: os reis de vendagem e popularidade. Prosseguindo com a analogia, diria que o Call of Duty daquela época era Mortal Kombat, pois não epenas era o rei dos arcades e best seller dos consoles, era praticamente anual (já estava na terceira edição em 95, com diversas expansões lançadas nos anos seguintes), como também gerou diversos clones e era o preferido do molecada proto-rardicori que se achava muito grandinha para jogar “jogo de criança” (basicamente qualquer um que não tivesse sangue ou uma arma de fogo na mão do avatar). Responsável pelas versões console, a gloriosa Acclaim ao perceber que faturava os tubos com a franquia Mortal Kombat, teve uma idéia genial: “se Mortal Kombat dá dinheiro suficiente até para pagar as piranhas e as biritas importadas, por que não fazemos mais jogos como Mortal Kombat?” E como genialidade era um artigo que sobrava na Acclaim, seus sensacionais executivos resolveram matar dois coelhos com uma cajadada, ao aproveitar a licença da entao novidade cinematográfica Batman Forever e usá-la em um jogo que teria de alguma forma o estilo de Mortal Kombat. Realmente era tanta genialidade que eu até me sinti mais inteligente ao escrever essas linhas.

Óbvio que deu errado. Aliás, MUITO errado. A primeira bobagem foi no departamento gráfico, ao tentar usar a mesma técnica de sprites pré-renderizadas de Mortal Kombat. No jogo de luta essa direção de arte era válida, pois o jogo foi pensado para ser assim desde sua primeira edição, e toda sua estética girava em torno daquele estilo. Já em Batman Forever, foi uma jogada tosca, pois não apenas o jogo ficou parecendo um clone ruim de Mortal Kombat, como também sequer parecia com o filme, devido a grande diferença visual entre os assets do jogo e os elementos do filme. A cara de picaretagem ficou ainda maior pelo fato da Acclaim não ter incluido nenhum ator do filme (quem que toparia essa fria, né?) na captura de movimentos para Batman, Robim e os vilões principais, tornando os personagens de jogo versões “paraguaias” dos personagens do filme.

Como a Acclaim sempre foi ótima em ser ruim, claro que o gameplay e o level design eram tremendamente mal feitos. Não apenas o gameplay de Mortal Kombat se adaptou mal à um contexto de beat em up, como ainda por cima a resposta dos controles e sistema de colisão de sprites tornavam as lutinhas algo mais parecido com brigas de bêbados sob efeito de anfetamina. Além disso, boa parte mesmo dos inimigos mais chinfrins tinham a mesma quantidade de energia e resistência que a dos heróis, o que fazia Batman parecer mais com aquele moleque do filme Kick Ass (bom filme, por sinal) do que um super herói. Aliás, TODOS os personagens do jogo tinham os exatos mesmo golpes, aplicados da exata mesma forma e que causavam o MESMO dano. Sim, amigos, para a Acclaim, não apenas todo presidiário ou meliante é versado em artes marciais, como também bate tão forte quanto Bruce Wayne.

O resto do jogo segue o mesmo padrão Acclaim de qualidade, com fases enormes, repetitivas e monótonas, trilha sonora tão emocionante quanto um baile de aposentados, chefes genéricos e um nível de dificuldade que varia entre mongolóide e completamente impossível.Em resumo, mais um joguete que vai para a lata do lixo das incontáveis porcarias licenciadas que sairam e continuam saindo para os video games. E olhem que o filme já era pra lá de ruim, mas o game conseguiu ser ainda pior.

Batman Forever the Arcade Game

Que tal rolar um pouco mais ladeira abaixo? Em se tratando dos games da Acclaim sempre é possível piorar mais um pouco. Não preciso dizer muita coisa, basta ver um pouco do video abaixo:

Desde o Batman e Robin girando feito loucos, passando pelos bandidos brotando feito água do meio da rua e terminando pelos especiais e efeitos que mais parecem um simulação dos efeitos de drogas sobre o cérebro. Sério, tentem ver uns 20 segundos de ação (mas não do que isso, não se punam a esse ponto) e me expliquem o que está ocorrendo na tela, o que são aqueles montes de gritos incompreensiveis, explosões sem sentido, coisas indo e vindo por puro nada, enfim é…expliquem esse troço. Ou melhor, nem precisa. Forever the Arcade Game continuará sendo uma porcaria do mesmo jeito mesmo. Se cobrir é circo, se prender é hospício.

Versões para Playstation (por sinal a do video) e Saturn ainda foram lançadas na maior cara de pau, embora duvide que alguém foi otário o suficiente para comprar um joguete que valia menos do que a midia onde foi impresso. Nem emulador merece rodar uma rom desse nível.

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E por hoje é só, pessoal. Se alguém tiver alguma sugestão próximos bad trips, eu agradeço. Abraços e até o próximo post.

AvcF – Loading Time.

7 thoughts on “Bad Trip: Batman Forever (SNES/Genesis) & Batman Forever the Arcade Game (Arcade,Playstation,Saturn)

  1. Joguinho deprimente. Joguei o do Snes por alguns minutos na locadora (isso quando eu era bem pequeno e o nível do meu senso crítico ainda beirava o zero) e achei bizarro. O do PS1 eu só soube da infeliz existência agora. Obrigado AvcF, vou ter pesadelos por uma semana.

  2. Não precisa fugir da Acclaim pra encontrar outro Bad Trip, Sub-Zero Mythology (PS1 e N64). Ganhei meu 64 junto Sub-Zero e o Mario 64. Nem preciso dizer o que aconteceu.

    AvcF: Esse Sub-Zero foi um puta presente de grego, hein?

  3. O engraçado é que as revistas brasileiras da época deram um notão para este game horrível, devem ter ganhado uma boa grana para isso aliás, dai muitos gamers alugavam este game e pensavam que a culpa era deles por não conseguir jogar este monstro. Seria interessante a pesquisa, lembro que uma dessas revistas ainda chegou a publicar como fazer os golpes e usar os apetrechos do batman de “forma correta”, além de detonados extensos. Um horror de jornalismo.

  4. Joguei esses Batman Forever pro Mega Drive e pro Sega Saturn. Pra mim esses não foram tão execráveis quanto o Batman & Robin do Playstation 1 (esse sim uma puta de uma esculhambação sem tamanho). Mas Mortal Kombat Mythologies: Sub Zero perto deles até era legal – ou pelo menos não tão ruim, sei lá eu!

  5. Cara, eu ainda acho o Batman & Robin do Play 1 o pior troço já feito até hoje com a imagem do morcego, apesar de, graças à Deus, nunca ter chegado a jogar esse aí.

  6. Cara, o último bom jogo do morcego para supernes foi “The Adventures of Batman and Robin”. Realmente um jogo muito bom, pois se baseava naquele desenho também excelente do Batman dos anos 90. Vc tem razão. Independente de ser um jogo da Acclaim, uma porcaria sendo feita inspirada em outra porcaria (Batman Forever – o Filme) só poderia ficar catastroficamente ruim.

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