Bad Trip 2011: conversões da Takara

Saudações aos precavidos.

Para comemorar este que será a primeira seção de descarrego de cacete sobre joguetes ridículos, resolvi deitar o braço não em apenas um, mas em vários de uma vez. Os espancados de agora são nada menos que as conversões desprezíveis de jogos do Neo Geo que a Takara lançou para SNES e Mega Drive nos anos 1990. E vamo que vamo.

Quando olhamos para as diferentes gerações de video games, uma coisa que podemos notar rapidamente é que cada uma teve um gênero dominante. Na era Atari, eram os games estilo arcade, ou seja, jogos cujo objetivo era puramente ganhar pontos. Na era NES, os games de ação com plataforma eram a “coqueluche” (putz, que termo velho) da molecada. Na geração seguinte, com o Mega Drive e Snes, sem dúvidas que o gênero que mais conquistava corações e carteiras eram os games de luta. Capcom lançou o fenômeno Street Fighter 2, e a SNK mandava bem com jogos como Fatal Fury, Samurai Shodown e depois com a série The King of Fighters. Mortal Kombat também foi um sucesso monstruoso daqueles tempos. Há vários outros exemplos que poderia citar, mas encurtando a história, o fato é que os jogos de luta eram os reis do mundo dos video games nos anos 1990.

Talvez baseada nesse sucesso, a SNK resolveu converter sua placa de arcade MVS em um console, cujo resultado foi o Neo Geo. Devido ao fato do aparelho custar os olhos da cara, o Neo Geo nunca conseguiu vender lá muita coisa, o que forçou a SNK a portar seus jogos para outros aparelhos, como forma de ganhar uns trocados extras. Para realizar tal tarefa, a SNK convocou a Takara para fazer tais conversões para os dois consoles de mesa mais populares da época, o SNES e o Mega Drive. O problema começou com fato da Takara ser uma produtora de brinquedos que também produzia video games, mais ou menos como uma Bandai em menor escala. Aí lhes pergunto: conhecem algum jogo da Takara que prestou? Nem eu. Foi aí que a vaca foi para o brejo.

Embora o Neo Geo tivesse um equipamento bem mais potente que o SNES e o Mega Drive, sob os cuidados de uma empresa mais competente, talvez as conversões tivessem bem mais qualidade. Mas o fato é que elas foram bem ruins. Bom, sem perder tempo começarei pela pior das conversões. Com vocês, Samurai Shodown SNES e Mega Drive:


Cacetada, como esses jogos eram ruins. Na versão SNES, a Takara optou por transformar os lutadores em anões de circo do interior, detonando com a escala do jogo.Aliás, embora o SNES fosse capaz de executar efeitos de distorção, aumento e rotação de sprites, o zoom presente na versão arcade ficou no esquecimento aqui. Além disso, embora aparecesse aquele logo enganador de “Dolby Surround”, o som era muito ruim. Embora a mecânica de jogo fosse próxima à versão original, a jogabilidade era lenta, sem contar aquela travadinha estranha que acontecia ao final da luta. A versão do Genesis por sua vez parecia uma versão bastante empobrecida em relação ao original, porém o principal problema é que jogava muito mal. O lutadores tinham poucos quadros de animação, além de uma detecção de colisão falha. Olhando as duas versões era patente a falta de competência da Takara, e o direcionamento caça-níquel que os jogos tiveram. Mas não foi somente com Samurai Shodown, Art of Fighting também sofreu com os ports ruins:

Por um lado, é um pouco complicado falar de Art of Fighting, pois trata-se de um game que envelheceu mal. Porém, joguei as três versões que aparecem no video, e as versões SNES/MD são terríveis de se jogar, mesmo considerando a mecânica dura e pobre de Art of fighting. Entretanto, a versão Mega Drive é simplesmente horrível, com sua sonoridade estilo 8-bits e produção de game chinês pirata. A versão SNES embora mais bonitinha, era tão ordinária quanto. Outro game que sofreu nos consoles Nintendo e Sega foi Fatal Fury. Vejam:

Ignorando os comentários do jóquei de jibóia acima, o fato é que os dois jogos eram bem ruins (embora a versão Mega Drive fosse um pouco menos pior).Menos conteúdo, gráficos feios (considerando o padrão dos consoles em questão), gameplay duro e impreciso e sons ruins. Ok, não eram péssimos para o padrão da época (eu aluguei a versão SNES e joguei a do Mega em uma locadora com um amigo), até dava para jogar e tal, mas era muito mais negócio ir mesmo para um fliperama e jogar logo a versão original. Por sinal, comprar umas fichas era mais barato do que alugar uma porcaria dessas.

A Takara continuou lançando ports tosqueiras dos jogos de luta da SNK, porém duvido que os jogadores de Mega Drive e SNES ligassem muito para isso, já que tinham opções melhores. O mesmo processo continuou na geração seguinte, mas com o Saturn e o Playstation recebendo ports porcarias de joguetes como Toshiden e quejandos. Depois que foi comprada pela Tomy, a Takara parou de produzir games, com os últimos jogos dela saindo em 2004. E ninguém também sentiu falta. Afinal, se tirarmos todos os ports e versões menores de jogos famosos de outras produtoras, não há muito o que considerar por parte da Takara. Voltando aos jogos 16-bits, era bem melhor ficar com os games da Capcom feitos especialmente para o SNES e o Mega, do que com as imitações baratas do Neo Geo. Afinal, se fosse para jogar Fatal Fury ou Samurai Shodown, eu preferia ver essa telinha do que o logo da Takara:

Aí sim era garantia de jogo bom.

Abraços e até o próximo post.

André V.C Franco/AvcF – Loading Time.

13 thoughts on “Bad Trip 2011: conversões da Takara

  1. É mas mesmo ruins eu joguei de monte estes jogos. Eu não estou lembrando é se as versões seguintes de alguns destes jogos também foram lançadas pela takara, tal como Fatal Fury 2 de Mega e o Fatal Fury Special do Super além do AOF 2. Estes até eram bem jogáveis.

  2. Caramba, joguei Samurai Shodown do Snes ontem.Apanhei como um frangote num jogo de hockey.No fim, achei os cenários bonitos e a jogabilidade ordinária.

  3. Me lembro que Art of Fighting 2 do SNES era bem legalzinho tinha efeitos de zoom e tudo mais, músicas bem razoáveis e era divertido, mas não lembro se essa versão foi feita pela Takara =/ De qualquer forma lembro que os persons nesse jogo eram grandes e bem animados, bem diferente dessas bombas citadas no post, prova de que quando bem projetado tudo é possível em um game.

  4. George, acredito que esta versao era da Sammy…Sobre a Takara, bem…nesta epoca eu e meus amigos jogavamos muito um contra o outro, entao compensava mais alugar um Art of Fighting ou Fatal Fury 2 por hora do que comprar fichas para o original…mesmo assim joguei muito no fliper tambem…uma das coisas que eu gostava nesta empresa era que os personagens que nao eram selecionaveis no original ganhavam mais golpes no versus destes ports como em Art of Fighting do SNES e Fatal Fury 2 do Mega Drive…no mais eram muito ruins mesmo…

  5. Lembro que uma das minhas maiores decepções foi com a Samurai, é um dos jogos de luta que eu mais gosto até hoje, ae quando eu vi na locadora a fitinha para o SNES eu pirei, aluguei sem pensar e quando cheguei em casa… tive que jogar aquelas miniaturas lentas que lembravam o original…

  6. Nossa que nostálgico… joguei muito Samurai Shodown no SNES e Fatal Fury 2 no Mega… e realmente, eram HORRÍVEIS!! Fazer os golpes especiais era mais difícil que o próprio chefão do jogo… ahahha, realmente era muito horrível.

    Mas como na época eu não tinha um NeoGeo, era a única opção para o meu sofá. =) Só vários anos mais tarde, com a chegada do NeoGeo CD (que no começo da sua vida, os loadings dos jogos eram bem curtos) é que finalmente pude joga-los em paz. o/

    E curiosamente nunca gostei de Toshinden! rsrsrs

  7. Cara nem fala isso! Me divertia horrores com fatal fury 2 e depois fatal fury special do snes, mas muito mesmo! Outri tambem que me pareceu muito bem representado foi o sonic wings (que nem sei se foi convertido pela takara) também divertia horrores… Na época o meu sonho era conseguir a art of fighting 2 do snes, até hoje nunca consegui joga-la mas o povo fala bem…

  8. Antes de comentar eu queria fazer um adendo: Art of Fighting não se pode dizer que envelheceu mal. AOF foi concebido como se fossem aqueles filmes ridiculos de ação na década de 80 (quebrar garrafas para aumentar espirito ?).E no meio desse clima a SNK , que ainda era uma empresa que inovava, incluiu cadencia nos golpes . De modo que certos golpes poderosos , se mal aplicados deixavam o jogador vulneravel. O Genei kyaku(aquela sequencia de chutinhos do robert) tem um segundo de cadencia após o término do golpe e é um golpe poderoso enquanto o dragon punch é rápido , sem cadencia e fraco. Além disso muitas coisas que hoje são ‘obrigatórias’ em jogos de luta surgiram nele . Coisas como carregar chi, golpes simples de botão, super move (Ha Oh Souko ken) , desesperation moves (rikuo rambu) , throw escape, golpes na cabeça darem mais dano que no tronco , tudo isso está lá. A SNK desenvolveu essa cadencia de duas maneiras distintas , principalmente a partir do Samurai Shodown 2 , usando na recuperação dos golpes e no clash (quando duas armas encostam , medio ganha do forte , fraco ganha do médio e para o forte , e no caso de golpes fortes ganha quem apertou o botão por ultimo) e tambem foi usado em savage reign , de um modo semelhante ao primeiro AOF.

    Alguem ai comentou que nas versões caseiras tinham mais golpes , principalmente dos selecionaveis apenas no versus . Na verdade todos os golpes já estavam no jogo , muitos deles não eram selecionáveis por conta de bugs na versão arcade , especialmente porque na programação original o computador so usuaria desesperation moves na dificuldade 6 ou 7 do arcade (as maiores) , so que eles são disponiveis apenas no modo versus , que na programação do jogo é considerado nivel 4 (padrão). Se alguem tem curiosidade , são praticamente os mesmos do 2 , exceto o do mickey e do Mr Big .

    Comentário do AvcF: você tem razão quanto ao que foi dito dos recursos que Art of Fighting introduziu nos games de luta. Porém, o que quis dizer no texto é que o AOF em si envelheceu mal, pois hoje ele ficou muito lento e um tanto travado em relação aos jogos de luta mais recentes. Não dá para jogar AOF hoje sem notar suas limitações, não rola legal. Diferente por exemplo do próprio Samurai Shodown 2, que acho que ainda joga bem

  9. Pelo que me lembro o Samurai do SNES tem anoes pq resolveram deixar o Eathquake (lutador gigantesco,ocupando boa parte da tela no NeoGeo) no jogo.Hilario realmente.Outra coisa interssante eh o AOF,tb do SNES.Pelo fato de ter zoom como no original,deixaram os cenarios mt pobres e sem detalhes.
    Sobre os AOF 1 e 2,realmente hj em dia a jogabilidade esta datada,mas os Samurai Shodown continuam otimos.O 2 pra mim continua o melhor Fighter 2d de todos os tempos.Eh isso (perdoem a falta de acentuaçao no post.)

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