A delegada, Modern Warfare 2 e o pânico moral

Saudações aos plebeus.

Como eu costumo dizer (não sei se todos conhecem essa expressão), eu “cantei a bola”. Ou seja, advinhei que isso cedo ou tarde fosse acontecer. Sabia que acabaria sobrando para que Modern Warfare 2 fosse vítima de difamação por gente que nada entende de games. Tudo após o link

A notícia foi originalmente publicado pelo portal G1 (que aliás está com título errado, pois não se trata de Call of Duty 2), segue aqui o video:


Link

Como já cheguei a dizer antes, é até constrangedor. Mas a fala inicial da tal delegada é a síntese do pânico moral:

“Quando se associa o Rio de Janeiro, principalmente a imagem do Cristo Redentor, com a imagem estereotipada da favela, num primeiro momento, para quem não conhece a realidade, pode parecer sim. Mas o que vemos dentro da favela é que existe vida, e o jogo não mostra isso”

Pois é, agora Modern Warfare 2 tem obrigação de fazer justiça social. Sim pois antes do tiroreio o jogo deve mostrar em detalhes as ONGs, as rodas se samba, bailes funk, crianças jogando futebol e trabalhadores humildes e esforçados. Quem sabe assim o jogador poupe a destruição na favela e fique com remorso ao matar um traficante, já que por trás do bandido há um sujeito que sofreu as mazelas da pobreza e que por isso ascendeu a crime como única forma de ter algo na vida. Às favas com essa correção política babaca! Em um game de ficção como Warfare 2 eu quero mesmo é meter bala em quem vier na minha frente, e quanto mais intensa e movimentada a experiêcia de jogo for, mais divertido será. Afinal é um videogame, lembram-se? A graça da fantasia é justamente não ter consequências práticas do que fazemos, pois afinal é fantasia. Mas parece que nossa genial amiga da polícia não entende esse conceito.

Mas a coleção de bobagem ainda não acabou. Rebaterei ponto a ponto. Vamos lá.

“Eu acredito que o jogo foi criado por pessoas que não convivem com a realidade das comunidades.”

OH REALLY??!!1 Surpreendente mesmo seria um jogo com orçamento de milhões de dólares ter sido feito por uma ONG do morro. Se seguirmos esse raciocínio então somente afegãos poderiam fazer um jogo se passando em Cabul ou só iraquianos poderiam ter feito um jogo passado em Fallujah ou Bagdá. Afinal, somente as pessoas desses lugares é que conhecem a fundo suas realidades, não? Quanta bobagem…

(O jogo) passou a pior imagem possível e tenta instigar uma ideia de guerra (…)

OH REALLY O RETORNO!!!! Jura que um jogo de guerra tenta passar a idéia de uma…guerra??!! Essa merece um facepalm:

Ainda tem mais, amiguinhos:

“Eu achei que a ação é exagerada. Ela simula mais uma guerra do que uma ação policial. Não fica claro pra quem está jogando qual o objetivo daquela ação, enquanto que, na ação policial, os policiais têm objetivo”,

É óbvio que a ação é exagerada, pois é um game cuja direção é cinematográfica, e como toda ficção tem que ser exagerada mesmo. E novamente, É ÓBVIO QUE SE TRATA DE UMA GUERRA E NÃO UMA AÇÃO POLICIAL, POIS MODERN WARFARE 2 É UM JOGO DE GUERRA. Incrível como ela não conseguiu perceber isso, pois qualquer garoto sabe ao ligar o jogo. A parte final do trecho trata-se de uma mentira, pois cada missão é bem explicada nas telas de briefing antes da ação, além do jogo informar as missões que o jogador cumpre pela fase. Mas a ignorância da delegada é tamanha que ela foi incapaz de perceber isso também.

A realidade é muito mais cruel que a fantasia

Acho que se talvez existisse uma força militar internacional que subisse os morros do Rio de Janeiro para bater de frente com a bandidagem, a violência seria menor e os cariocas estariam mais aliviados. Mas a realidade é que a corrupção, a omissão do estado e o mau preparo e aparalhamento da polícia transformaram o problema da violência em algo quase impossível ser resolvido no Rio de Janeiro. Por isso digo que a realidade é infelizmente muito mais brutal do que a fantasia de Modern Warfare 2. Quem não se lembra do dramático caso do helicóptero da polícia que foi derrubado por um foguete lançado por um traficante, matando dois policiais que estavam na aeronave. A fase de Warfare sequer chega perto disso. Assim como sequer chega perto do número de mortos e feridos dos diversos confrontos nos morros, que são sim uma zona de guerra permanente, seja de policiais contra traficantes ou de facções rivais de pontos de tráfico.

Analisando dessa forma, o pânico moral da delegada se torna ainda mais patético. Como no trecho seguinte:

“A gente vê no jogo utilização de granadas, o que não se usa, por causa do potencial lesivo. Com relação a outros tipos de armas, eu posso dizer que são armas poderosas, que são utilizadas em situação de exceção, e não de regra”.

É mesmo? Então não se usam granadas, certo. Faltou explicar isso aos bandidos.

Folha Online:

“Policiais militares do Bope (Batalhão de Operações Especiais) encontraram na tarde desta quinta-feira oito granadas, duas submetralhadoras e duas pistolas enterradas em um matagal no alto do morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, zona sul do Rio.”

G1:

“A polícia encontrou nesta terça-feira (15) no Morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, uma espingarda, 17 litros de cheirinho da loló, quatro granadas de fabricação caseira e quatro morteiros.”

Estadão:

“Durante patrulhamento pelo conjunto de favelas do complexo Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, no bairro de Ipanema, na zona sul do Rio, policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) encontraram drogas, armas e munição escondidos num beco. Foram apreendidas 14 granadas, um fuzil, dois carregadores de pistolas, munições, além de seis tabletes de cocaína.

Pois é, acho que deve ter sido alguém da Activision que criou o apelido de “Faixa de Gaza” para o complexo do Alemão.

Por fim…

Por tudo isso, mostro mais uma vez como o pânico moral não se sustenta diante de uma argumentação baseada em fatos e lógica. É rídiculo atribuir a um jogo a responsabilidade de “passar a pior imagem possível” de uma cidade, quando sabemos que a realidade é muito pior do que a ficção digital proposta por um jogo que passa longe de ser um simulador (embora proponha-se a ser realista em diversos pontos, mas ainda sim muito longe da realidade). Isso não passa de uma tentativa canhestra de transformar um produto de entretenimento em um bode expiatório para esconder a incompetência em resolver um problema grave que afeta a todos os cariocas. E um problema real, cotidiano.

Antes fosse como no game, assim seria bem mais fácil de passar dessa fase. Mas no game da vida real, a polícia ainda está no nível easy e toma de lavada dos bandidos.

André V.C Franco/AvcF – Loading Time.

25 thoughts on “A delegada, Modern Warfare 2 e o pânico moral

  1. Pior é que infelizmente muita gente acredita nesse lixo.

    Se ainda fosse como a do aeroporto lá, que os russos não gostaram, até da para engolir.Foi mesmo um tanto desnecessária aquela fase, feita só para “causar” mesmo.

    Mas a do Rio, como comentado, esta levinha de mais na verdade.
    Aliás, ela fala que eles deviam mostrar a “vida” que existe na favela.
    Beleza, seria ainda mais chocante, já que na vida real morrem muitos inocentes de bala perdida, vitimas dos tiroteios entre traficantes e polícia.
    Muitas crianças passam por desespero, sozinhas ou acompanhadas das mães, voltando da escola enquanto a bala começa a rola solta.
    O jogo foi até bonzinho não mostrando essas coisas.

    Como sempre, pânico moral e o complexo de inferioridade brasileiro.
    E é muito melhor ficar metendo o pau no jogo, do que fazer algo pelo povo.

  2. Pô!

    E quem não se lembra do que ocorreu ano passado, quando as temíveis forças do pânico moral tentaram barra o lançamento de Resident Evil 5?

    O motivo?

    Em síntese, para essas pessoas o jogo passava a imagem de um caucasiano metendo bala em preto nas favelas africanas.

    Pusta ignorancia, né gente?

    Além do que, nem precisa comentar tanto a respeito desse post. Eu também “cantei a bola” quando haviam anunciado uma fase no Rio em um jogo de guerra.

    Agora um dúvida que me ocorreu é saber se seria possível realmente executar a cena do lança-foguetes contra o helicóptero.

    NOTA: eu não possuo um PS3 OU 360, apenas joguei o Modern Warfare 1 na casa de amigos, onde era possível abater helicópteros no modo multiplayer usando o lança-granadas.

    Portanto, penso que também haja a possibilidade disto ocorrer nessa continuação.

    E aí, fato ou mito?

    Abraços!

  3. nunca joguei esse jogo e nem gosto de jogos de tiro em primeira pessoa em geral, mas o que me chama a atenção é justamente o quanto as pessoas de modo geral se sentem incomodadas e até amedrontadas com o conteúdo de videogames, como se o que estivesse lá pudesse distorcer ou corromper a mente de quem joga e que percam a noção do que é fantasia e realidade… por que o mesmo não acontecendo com a literatura ou o cinema?

    tem que avisar essa delegada que isso é uma peça de FICÇÃO e como tal não deve ser levado para a VIDA REAL.

  4. Hipocrisia pura.

    Por que a Delegada tbm não fez uma crítica forte ao filme “2012” ou ao diretor Roland Emmerich, por mostrar o Cristo Redentor sendo destruído e os saques realizados pelos cariocas na cena em questão (onde até a Globo News é citada)? Veja bem, o cinema tbm é um meio veiculador de mensagens em massa…

    Mas condenar o video-game é mais fácil.

    Ela deveria se fundamentr antes de tecer esses comentários de um jogo que, com certeza, ela só ouviu falar ou viu cenas na fase no RJ pelo youtube.

    Paciência.

  5. O pessoal acha que só porque o Rio tem gostosas de biquini, praia, Cristo Redentor, olímpiada e copa que os outros problemas tem que sumir por mágica e que se alguém falar que não dá errado.

    Todos sabemos que o Rio (e muitas outras cidades brasileiras) são autênticos campos de guerra, quem fala aliviado que o Brasil não tem guerra tá é de sacanagem.

    Eles dizem que isso é para não denegrir a imagem do país lá fora, mas eu vejo na verdade dois motivos “internos”:

    1) AUTO-PROMOÇÃO: Tá na moda proibir e censurar jogos, então qualquer um que o faça aparece na mídia quase instantaneamente;

    2) IMPEDIR ASSOCIAÇÃO COM A REALIDADE: Um brasileiro que jogue uma fase de guerra no Rio, não só vai achar normal como vai começar a fazer diversas associações com a realidade, por mais exagerado que seja o jogo. E nossos políticos e suas extensões (juízes, delegados, etc) não tem interesse nenhum em que fiquemos fixados na realidade.

    Na boa que dava pra ser feito um jogo inteiro de guerra só nas favelas do Brasil, com direito a classificação etária máxima se mostrar a realidade mesmo.

  6. @Tchulangero

    “quem fala aliviado que o Brasil não tem guerra tá é de sacanagem.”

    É que o brasileiro é sempre assim, e a mídia sempre tenta vender essa imagem: Brasil não tem guerra, Brasil não tem terremoto; Brasil não tem racismo, não tem xenofobia,não tem desigualdade social, todos se amam, todos se respeitam….

    É o tipico complexo de inferioridade exarcebado.
    Por se acharem tão inferiores e dependentes de aprovação, chegando a ter “neuras” como essa que você citou (“MEU DEUS, U Q US ISTRANGEIRO VÃO PENSA??” ou “U Q SIRÁ DA IMAGE DU BRAZIL LA FORA?”), eles começam a criar desculpas para alegar que aqui na verdade é o melhor país do mundo para se viver.

  7. Sinceramente, eu tenho é pena dos turistas que vão vir para o Rio na copa de 2014, essa delegada é só mais uma sem noção que vem falar do que obviamente não entende. Oww nossa, já imaginou que legal seria jogar Moderd warfare 2 com uma introdução das praias mais belas do Rio com um arrastão acontecendo? Com helicópteros caindo e bala para todo lado? Isso sim seria mais real né?!

  8. Esses tipos de coisas chegam a me irritar profundamente, querer condenar um jogo que nem tem “haver” com a realidade do Rio em questão? fala sério.
    Se fizessem o jogo realmente como fosse no Rio a situação como citaram ae em cima, ela não poderia reclamar denada, até pq, essa é a realidade que eles tentam esconder, pessoas estúpidas são assim mesmo.
    Igual o Robin Williams fez uma sátira com o Rio sobre as Olimpíadas. O Brasil ficou todo sentidinho e foi reclamar, me poupe, como se aqui nos programas também não fazem essas coisas com os outros paises.
    A verdade dói, não sabem aceitar a própria realidade, vivem presos numa ilusão, lamentável, e ainda dizemq eurer construri um Brasil melhor.

  9. Como eu sempre eu adoro ler sua opinião sobre esse tipo de assunto André, mandou bem, queria ver a cara dessa delegada se um dia lesse a opinião de alguém que realmente entende do assunto.

    Abraços cara, até a próxima.

  10. Essa análise/crítica do avcf tinha que ir para o email desta hipócrita maldita pra ver se ela tem noção do monte de asneiras que disse na entrevista. O que não dé pra entender é que a crítica do G1 deu nota 9,5 para o jogo e dias depois estampa essa matéria tosca!!!

  11. A maior hipocrisia é quando ela diz que o jogo passa uma imagem do Brasil que não é real… Então os tiros q eu escuto do morro o dia inteiro são o quê?? Fantasia da minha cabeça???

    Às vezes parece que eu é que vivo num jogo de videogame.

    E vem cá, alguém mais reparou que essa “delegada” tem o mesmo sobrenome de um dos comentaristas do Jornal da Globo? Seria mera coincidência?

  12. A Delegada está certa, essas cenas não condizem com a realidade do Rio de Janeiro, lá são menores de idade que manuseiam armas desse calibre, no jogo os bandidos têm mais de 18!!!!

  13. Essa ae é uma patricinha mentirosa que gosta de esfrega esfrega!!! no baile funk rebola a vera!!! no baile funk rebola a vera!!!no baile funk rebola a vera!!!no baile funk rebola a vera!!!no baile funk rebola a vera!!!no baile funk rebola a vera!!!no baile funk rebola a vera!!!no baile funk rebola a vera!!!no baile funk rebola a vera!!! Patricinha mentirosa…

  14. NÃO TEM NENHUM HELICOPTERO CAINDO NA FAVELA…OS FAVELADOS FALAM 3 IDIOMAS…ESSE JOGO NÃO PODE SER ACUSADO DE REVELAR AO MUNDO A PIOR PARTE DO RIO!!!

    XD

    xaudades do meu pc,nao era legal postar do ps3 ake

  15. delegada ??? definitivamente esta sra nao tem cultura es uma analfabeta em relaçao ao vasto mundo dos games, acho que ela nao sabe o que e ( moderna luta ) ou ( moderna guerra)

  16. Engraçado, como são esses críticos hipócritas, vê um episódio do Simpsons que mostra algo do Rio de Janeiro e falam mil besteiras, mas seus filhos e eles mesmo devem rir a vera quando um episódio trata de piadas de ex-presidentes dos EUA ou trata de uma zuação com outros países de terceiro mundo.

    Não se pode falar do RJ ou outra cidade brasileira? Fala sério delegada!!! com todo o respeito, nós ainda somos um paisinho de terceiro mundo, merecemos isso, e mesmo se não fosse merecido, MW2 é só um jogo fictício. (A NOSSA REALIDADE É BEM PIOR)

    Então para você só sobra a seguinte frase: “GAME OVER”.

  17. A demagogia do poder público, em qualquer esfera, enoja! Delegado existe pra colocar bandido na cadeia e até matar, se necessário. Já bastam as organizações de direitos humanos para defender bandido.

  18. Antes fosse como no game, assim seria bem mais fácil de passar dessa fase. Mas no game da vida real, a polícia ainda está no nível easy e toma de lavada dos bandidos.
    ………….
    Vai lá enfiar a tua kra pra ver o nivel easy da policia, só mais um idiota que fica se borrando atraz da cadeira criticando e naum faz absolutamente nada, delegada falo merda mas a culpa naum é só da policia naum a culpa é de todo estado e principalmente de um povo de merda como o brasileiro, pimenta no olho dos outros é refresco.

    Comentário do AvcF: ah sim, ser machão mesmo é ficar “atraz” da cadeira (como é que diabos alguém senta atrás de uma cadeira? Você se senta SOBRE ela, gênio) xingando os outros? E onde foi que disse que a culpa pela criminalidade do Rio de Janeiro é exclusiva da policia? Ou você não leu o texto direito ou tem sério problema de interpretação. Recomendo também uma Maracugina antes de ler os posts do blog.

  19. A realidade é bem pior que esse jogo, oque a policia do Brasil enfrenta nenhuma policia no mundo enfrenta, sobreviver 30 anos em um pais que bandido naum fica preso ganhando 800 reais sendo ameaçado de morte e arriscando a vida todo dia por um bando hipocrita que só consegue espantar bandido com o cheiro de merda que sai dele quando aparece algum.

  20. dá um desconto, essa ***

    Comentário do AvcF: aproveito esse comentário para deixar claro que não são aceitas ofensas aqui no blog. Se for esse o caso, terei de censurar as mensagens. Obrigado.

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