Bad Trip portátil: Gretzky NHL – PSP

Saudações, honoráveis internautas.

Após a semana dedicada ao Game Boy, ainda sobrou espaço para falar um pouco mais sobre os portáteis. Como já ouve um Bad Trip para DS, nada mais justo que seu concorrente direto também tenha o seu. Estamos em tempo de eleições municipais, e tal qual os políticos têm de ter as mesmas oportunidades para aparecer, os consoles aqui também. Tal qual o DS, o PSP também passa vergonha com um game esportivo: Gretzky NHL, que também poderia se chamar “Tá vendo a burrada que a gente faz quando compra por impulso?”

Gretzky foi um dos primeiros games lançados para o PSP, em 2005, na época eu já dispunha do portátil 😎 e tinha apenas Ridge Racers para jogar nele. Os lançamentos ainda eram poucos e eu estava “seco” para jogar alguma coisa nova, aí vi o maldito lá na prateleira da loja. Some isso ao fato de que adoro assistir hóquei no gelo (sou torcedor do Vancouver Canucks), além do preço que não era caro, bem abaixo dos pornográficos 250 reais que costumam ser cobrados por qualquer game porcaria por aí. Foi nessa que me ferrei bonito, banquei o bobo na casca do ovo. Cara de melão mesmo.

Gretzky NHL é mais um daqueles típicos títulos de lançamento, ou seja, feito as pressas e só para dar uma recheada extra nas prateleiras das lojas. É aquela situação: o sujeito acaba de adquirir um console novo, e quer pegar uns “joguinhos” a mais para brincar com o aparelho. Aí é claro que produtoras espertalhonas correm para explorar esse filão, com joguetes produzidos a toque de caixa, sem qualquer preocupação com essas frescuras de qualidade ou gameplay decente. É justamente nessa malfadada categoria que entra o jogo analisado aqui. E é justamente nessa malfadada categoria de consumidor bocó que eu entrei quando dei essa mancada. As vezes eu me impressiono com minha própria palermice, admito.

Como já era de se esperar, Gretzky oferece o básico e o típico de outros títulos esportivos mais respeitáveis, como a linha NHL da EA ou 2K da 2K Sports. É aquela coisa de sempre mesmo, menus com músicas genéricas de bandas mais ou menos conhecidas, partidas simples, contra outro jogador, campeonato, penalties (no caso do hóquei se chama shoot out) e uma ou outra perfumaria que eventualmente tem mais para encher lingüiça. Tal qual outros jogos da seção Bad Trip, Gretzky é aquele tipo de jogo que consegue enganar em seus primeiros minutos, ou pelo tempo o suficiente para convencer o jogador de que ele terá uma boa experiência com aquilo que tem em mãos. Mas quando a partida se inicia de fato, o show de horrores começa.

De cara, já dá para notar que o jogo não foi bem programado, pois até mesmo as cenas de entrada dos jogadores, execução dos hinos nacionais e etc, tinham problemas sérios de queda na taxa de quadros por segundo, coisa que também acontecia direto durante as partidas. Essas quedas abruptas tornavam o jogo muito instável e dificultava ações que deveriam ser simples como passes e dribles, pois quando o framerate ía para o espaço, a jogabilidade ía junto, as respostas aos comandos que já eram lentas, ficavam ainda piores. Por falar em pior, Gretzky tem os jogadores de hóquei mais burros que já em um simulador esportivo, ou eles simplesmente não iam com a minha cara. Era comum momentos em que tentava passar o disco para jogadores que simplesmente preferiam continuar correndo como se não ouvesse amanhã. Era mais irritante ainda a total ausência de noção da regra de impedimento por parte dos atletas, que insistiam em ficar em posição irregular ou simplesmente demoravam para voltar enquanto eu era obrigado a ficar dando voltas feito uma barata tonta. Isso quando o computador decidia que meu passe tinha que ir para o jogador impedido, mas quando obviamente não era essa a minha intenção. Sério, parecia até sacanagem.

Com alguns minutos de jogo, a sensação era a de comandar um time inteiramente formado por Forrest Gumps com patins. Pena que não é como o futebol americano que é só correr para o touchdown e ir para o abraço. Era constrangedor ver meus jogadores ignorarem sistematicamente essas coisas bobas como posicionamento e esquema tático, proporcionando contra-ataques com dois, três, as vezes até quatro jogadores adversários, patinando alegremente em direção ao meu goleiro. Felizmente, as rotinas de comportamento artificial do time do computador também era bastante lamentáveis, fazendo com que os jogadores adversários perdessem chances de gol das maneiras mais bizonhas possíveis. Até o Pateta depois de ter estrelado aquele desenho sobre as Olímpiadas ficaria com vergonha.

O som é outro ponto rídiculo, não há qualquer narração, sequer um grito de gol quando um é marcado, o máximo que tem são uns gritinhos genéricos dos jogadores quando tomam jogo de corpo, ou um ou outro anúncio, como em um lance de falta. Os efeitos sonoros são bem ruins e não passam qualquer sensação de que estamos diante de uma partida de hóquei no gelo. Isso quando não rolam uns barulhinhos esquisitos que mais se parecem com latas de refrigerante sendo abertas.

Então pelo menos serve para marcar uns golzinhos e enterrar o jogo em seguida? Nem isso. Marcar um gol em Gretzky é um verdadeiro acontecimento, devido a programação anormal que fizeram sobre os goleiros. Os sádicos programadores tornaram a tarefa de marcar um gol uma verdadeira máquina de ódio de tão apelões que os goleiros ficaram. Fica a impressão que a cpu já lê o movimento que o jogador faz assim que aperta o botão, fazendo com que o goleiro “advinhe” onde e como será o chute. O mais tosco é o próprio computador sofre com isso, tornando partidas empatadas em 0x0 o resultado mais comum do jogo. Até mesmo nos shootouts a apelação persiste, é lamentável decidir uma partida desse jeito. Ruim ao extremo.

E dessa forma o jogo prossegue rumo a ruindade total. Poderia escrever páginas e páginas dos defeitos restantes, mas esse jogo sequer merece isso. Da mesma forma que o grande campeão Weyne Gretzky não merecia um jogo tão ruim com seu nome e sua foto estampados. Acho que se alguém perguntar a ele sobre esse jogo, ele finge que não conhece. Deve ser motivo de piada, até. Felizmente, o PSP recebeu grandes jogos e possui biblioteca boa o suficiente para enterrar essa porcaria na obscuridade que merece. O troféu que aparece na capa não chega a um troféu jóinha. E de latão.

André V.C Franco/AvcF – Loading Time.

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