Cool Vibrations: Xenoblade Chronicles

Saudações aos leitores.

Antes tarde do que nunca. Após eras finalmente consegui uma cópia britânica de Xenoblade e dei uma bela explorada no jogo. Posso dizer de antemão que foram horas muito bem gastas. Seguem minhas impressões abaixo.

Antes de falar no jogo em si, algumas considerações rápidas. Como o jogo ainda não foi oficiamente lançado na América do norte, alguns devem estar se perguntando como fiz para rodar uma cópia que é européia. Bom, sem rodeios, utilizei um programa chamado Riivolution, cuja função é justamente rodar games de outras regiões no Wii americano.

Passado esse momento solene, voltamos à programação normal.

A decadência dos JRPGs

Algo que tem sido discutido nas internets da vida é o mau momento vivido pelos RPGs japoneses, talvez o pior desde que começaram a ser feitos. Nunca foram tão irrelevantes e medíocres. Para não estender muito, creio que essa decadência seja fruto de um crescente distanciamento da raiz que unia os sucessos do gênero. E que raiz é essa? É a fantasia medieval européia – baseada principalmente na obra de Tolkien e Dungeons & Dragons – que originou os principais games japoneses do gênero, como Final Fantasy, Dragon Quest e Tales of Phantasia, só para ficar em alguns exemplos. O problema é que com o tempo os RPGs japoneses se afastaram dessa raiz para abraçarem os piores clichês de animes medíocres. No lugar de heróis valentes e determinados, magrelos andróginos e menininhas mimadas e insuportáveis. No lugar de dramas da natureza humana, draminhas emos e romancezinhos mimimis. Além disso, entraram na lama personagens bizarros, roupas e equipamentos carnavalescos e aquele pseudo-humor esquisito na linha “Japan superior”. Além disso tudo, houve ainda um gradual retrocesso no design dos jogos, uma vez que os JRPGs se tornaram cada vez mais óbvios, faceis e lineares – exatamente para não perder o aspecto anime.

Felizmente, Xenoblade em grande medida caminha na contramão disso tudo. Não foi à toa que houve tamanha demanda para a localização ocidental do jogo (que finalmente acontecerá na America do Norte, por sinal).

Um mundo vasto

Um dos atrativos mais conhecidos de Xenoblade é justamente a vastidão do mundo onde acontece o jogo. São mapas enormes, com vários tipos de áreas como planícies, selvas, pântanos, praias, montanhas e por aí vai. Todos os mapas inclusive são cheios de áreas escondidas, prato cheio para quem gosta de explorar para valer os games. Aliás, a Hyrule dos últimos games Zelda é um quintal comparado somente à Gaur Plain de Xenoblade. Se por um lado as texturas em baixa resolução são bastante evidentes em diversos pontos, o nível de detalhes do jogo é sim impressionante, e não apenas levando o Wii em conta.

Considerando-se a quantidade enorme de quests entre opcionais e relacionadas à história do jogo, há realmente muito o que se fazer nos mapas. Por sinal, já cheguei a ler gente na internet reclamando até da grande quantidade de side quests presentes. Sinceramente, não vejo problema nisso, pois além de dar uma função aos comumente inúteis NPCs, as tarefas são opicionais mesmo. Porém, voltando ao tema da vastidão dos cenários, outro lado que me impressionou bastante foi com a rica e bem cuidada direção de arte presente em Xenoblade (uma pena que não tenha sido publicado um artbook em larga escala – por sinal, se alguém tiver uma para vender, eu compro):

O Gameplay

O esquema de luta de Xenoblade é sim um tanto complicado, tanto que o jogo fez uma batalha-tutorial para que pudesse acostumar o jogador aos diversos esquemas para poder aplicar os golpes e técnicas especiais. Uma coisa um pouco chata também é que ao invés de explicar o máximo em poucas vezes ou simplesmente já deixar os tutoriais disponíveis desde o começo, o jogo interrompe o jogador várias vezes para explicar cada nova técnica que surge. Achei excessivamente didatico, e honestamente nem me preocupei em ler todas as janelas explicativas.


Avancem para 4:49s

Por outro lado, uma grata surpresa desse jogo é que ele não te prende ao protagonista, já que é permitido escolher qualquer dos personagens do grupo para batalhar. Como cada um tem um modo de atuar e habilidades e limitações distintas, o jogador tem a sua disposição vários tipos de gameplays. Inclusive, o jogador pode até mesmo montar diversos times de batalha, o que gera uma pletora de táticas e esquemas à disposição para enfrentar os inimigos mais poderosos do jogo. Por outro lado, o que realmente achei confuso foi o esquema de produção de cristais cuja função é aumentar pontos status diversos dos personagens. Já as demais opções, como manejamento de equipamentos e items, seguem o esquema que quem está acostumado com RPGs já manja.

Finalizando

Por fim, não poderia deixar de destacar a fantástica trilha sonora presente no game. Seguem dois exemplos:


Xenoblade é de fato um grande game, muito acima do que tem sido a média dos RPGs japoneses, por sinal. Enquanto a Square-Enix gastou milhões de dólares para transformar Final Fantasy XIII em um medíocre filme interativo e passou vergonha com Final Fantasy XIV, a Monolith, uma equipe bem mais modesta em pessoal e recursos, gastou tempo e talento para fazer um game magnífico acima de tudo. Belo, divertido e prazeroso, mas com bastante conteúdo e exploração, como um RPG tem que ser. Mesmo a modelagem pobre dos personagens termina despercebida diante de de um conjunto com tantas coisas legais para se fazer e ver.

Ainda sim não deixa de ser vergonhoso que somente a burocrática e arrogante Nintendo of America resolva lançar esse game apenas em 2012, e ainda sim (ao que parece) com um esquema limitado de distribuição(o jogo estará disponível apenas na rede GameStop). Como se até parecesse que o Wii está sobrando em matéria de RPGs, o que não é verdade. Depois de tanto atraso, fico com a impressão de até ser uma auto-sabotagem, pois caso o jogo pouco venda (o que pode acontecer, uma vez que centenas importaram uma cópia européia, assim como eu) a NoA ganharia um super argumento do tipo “estão vendo, estavamos certos em não trazer esse game”. Mesmo que a NoA “ganhe” essa discussão, quem perde mesmo são os jogadores.

Seja como for, Xenoblade é um game imperdível para quem tem um Wii. Mesmo a quem não tem o console, sugiro ao menos uma teste usando o Dolphin, pois o jogo fica lindo em HD.

Até a próxima, amigos.

AvcF – Loading Time.

7 thoughts on “Cool Vibrations: Xenoblade Chronicles

  1. parece que o jogo é bom mesmo hein?

    Esse esquema de cristais deve ser parecido com um em Lufia: Curse of the Sinistrals, p/ DS, que serve para aumentar determinados Status, meio confuso também

  2. AvcF, a NOE limitou as remessas do jogo também. O jogo faltou duas vezes no mercado europeu, as remessas foram baixas no mercado europeu. Agora a NOA está lançando de má fé esse jogo no ocidente.

    Desconfio que vai faltar jogo, tão tímida que é a distribuição.

  3. Eu joguei e posso afirmar que é um dos melhores RPG’s que eu já consegui jogar, sem comparação com os últimos jogos da square.
    Historia envolvente, mundo vasto, heróis de verdade, tudo o que é necessário para um grande jogo.
    Quem ainda não jogou não sabe o que está perdendo.

  4. Esse já é top RPG de todos os tempos. Tem toda a inteligência de um RPG japonês clássico misturado com a liberdade dos RPGs ocidentais atuais.
    É um prato cheio para fãs de RPG de todos os subgêneros.

  5. Será o último game que comprarei para o meu Wii, e tenho certeza que será uma excelente compra. NoA anda fazendo muita mer.. ultimamente. Pena que o fim do Wii seja tão escasso e vazio de lançamentos como foi do N64 e do Cube, espero que ela aprenda com o Wii U. Enfim um game que certamente já era para ter sido lançado a muito tempo. Só uma dúvida pertinente Avcf, eles vão fazer uma nova dublagem ou vai ser utilizado o mesmo esquema dual audio da versão européia com a dublagem européia? Abs meu caro. =D

  6. finalmente comecei a jogar, o jogo é espetacular, e mesmo sendo possível escolher entre os personagens, eu uso bem mais o Shulk, o principal, acho ele o melhor e mais equilibrado.

    Recomendo também como rpg Dragon Quest IX para DS, primeiro DQ q joguei de verdade e tenho 80 horas de jogo e não completei tudo

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