Cool Vibrations: Zelda II: The Adventure of Link (NES)


Saudações aos desnaturados.

Tirando a poeira do blog, aproveito o post de hoje para falar de um clássico que há muito tempo havia renegado e finalmente corrigi essa injustiça: Zelda II: The Adventure of Link, lançado originalmente para o NES em 1988. Já adianto que foi uma experiência que gostaria de ter tido antes. De qualquer forma, o fato é que gastei umas boas horas nesse clássico e discorrerei sobre essa experiência nas linhas após o link. Adiante.

Se existe um game estigmatizado, este é Zelda II. Embora tenha sido um bastante popular em sua época, seja uma aventura de qualidade e tenha dado contribuições importantes à série Zelda (de onde vocês acham que vieram Dark Link, o down thrust attack e as primeiras magias?), por algum motivo bizarro e alheio a minha imaginação ganhou status de patinho feio ou mesmo “ovelha negra” da série. Até mesmo o Angry Video Game Nerd dedicou um de seus tradicionais videos à Zelda II:

Tirando as piadinhas e os exageros, não acho que ele esteja exatamente errado. Até porque diferentemente de 90% dos rardicoris de fórum, o AVGN realmente jogou Zelda II. Pode parecer bizarro, mas isso faz uma diferença e tanto, pois muito do que li sobre o jogo são sempre aquelas críticas genéricas do tipo “o jogo foi considerado a ovelha negra por sua dificuldade” ou mesmo ” é o título menos popular da série”. Sério, gostaria de saber de onde surgem essas besteiras. Primeiro porque na era NES, dificuldade nunca foi problema, e a popularidade de jogos como Ninja Gaiden e Battletoads prova isso. Até porque também, The Legend of Zelda é tão difícil quanto Zelda II. Além disso, como um dos games mais vendidos do NES pode ter sido “rejeitado pelos jogadores” ser “menos popular da série” ou mesmo o “mais obscuro dos games Zelda”? Não sei quando esse mito surgiu, porém sua fragilidade fica evidente quando confrontado com um pouco de conhecimento.

A experiência em si

Em julho eu resolvi fazer algo que tinha vontade há muito tempo: pegar meu velho NES, dar uma recalchutada nele e ver se o bichinho ainda apresentava sinal de vida. Após uma bela limpeza interna e uma apertadas de parafuso aqui e ali, foi muito legal ver Super Mario Bros.3 funcionando na televisão. Então resolvi comprar alguns cartuchos usados, e entre eles consegui um cartucho dourado de Zelda II – e o melhor de tudo, com bateria funcionando. Com trabalho e faculdade consumindo todo meu tempo disponível, resolvi separar uma horinha das sextas à noite para enfim jogar Zelda II à sério. Sim queridos leitores, eu nunca havia jogado The Adventure of Link antes. Logo que emergi nos desafios do jogo, tive duas sensações distintas. A primeira foi a de arrependimento por não ter jogado esse game antes; a segunda a de alívio. Como assim? Bem, assim que cheguei no primeiro palácio do jogo eu morri pela primeira vez, e como os Zeldas recentes são tão ridicularmente fáceis, por alguma razão acabei achando sensacional morrer em Zelda II. Caramba, não sabia como sentia falta de um desafio assim. E bote desafio nisso, pois até onde cheguei (parei após fechar o palácio da água) eu morri 20 VEZES. Não se trata de hipérbole, é exatamente isso que vocês leram. E isso porque, modéstia à parte, sou um jogador experiente e habilidoso. Agora tentem imaginar isso em, por exemplo, Wind Waker. Nem um chipanzé chapado conseguiria ter tanta dificuldade.

Se vocês assitiram ao video acima, perceberam que o AVGN reclama montes da Death Mountain, que realmente faz jus ao nome. É verdade que ele trecho do jogo é DIFÍCIL PRA CACETE, porém nem é “tão impossível” como ele deixa a entender. O mais importante desse trecho do game porém é que ele realmente obriga o jogador a suportar uma série dificílima de desafios de modo a prepará-lo para a sequência seguinte do jogo – que obviamente possui dificuldade crescente. Esse recurso resgata outro elemento que sinto falta nos Zeldas recentes, que é a sensação de desenvolvimento. Quando a Death Mountain é superada, não apenas Link termina invitavelmente mais forte, como o jogador também, pois a habilidade, os reflexos e a capacidade de desenvolver estratégias cresce junto. Quando joguei Wind Waker, Phantom Hourglass ou mesmo Twlight Princess, não fazia muita diferença pegar um coração ou habilidade a mais (exceto pelas tarefas obrigatórias), pois não há nada nesses jogos que lhe demande o uso desses recursos. Em Zelda II por sua vez, cada ponto de experiência, cada coração e cada habilidade tem grande valor, uma vez podem ser o detalhe que separa o sucesso da morte iminente.

Primitivo, ainda sim excelente

Zelda II tem tudo o que jogador imagina que um game da série possua. Uma Hyrule enorme a ser explorada que vai se abrindo conforme o jogador progride e evolui, os pedaços de coração, os equipamentos, os calabouços (chamados de palácios). A maior novidade mesmo foi a introdução das vilas, algo que se tornou padrão e posteriormente foi expandido nos games subsequentes. Entretanto, é evidente que Zelda II é um jogo primitivo quando visto sob o prisma dos jogos atuais. Seus gráficos feiosos, seu simplismo técnico e a falta de certos recursos que se tornaram padrão posteriormente (como um sistema de save que não te obriga morrer primeiro) são absolutamente evidentes. Porém no meu entender, esses detalhes não são capazes de esconder a grande qualidade do jogo. Isso porque o sistema de jogo ainda funciona muito bem, principalmente para quem já jogou outros games Zelda. Não há nada de outro mundo, e ao contrário do que muitos manjadores já escreveram por aí, a mecânica “side scrolling” tornou as batalhas e desafios de Zelda II até mais dinâmicos que os do primeiro jogo.


O ótimo tema dos palácios

Em resumo, Zelda II: Zelda II: The Adventure of Link é um daqueles jogos historicamente injustiçados, e pior, sem motivo prático para isso. O fato é que o game é sensacional, extremamente desafiante e ainda funcional, mesmo 23 anos depois do seu lançamento. Tudo o que define um game Zelda está lá, os calabouços, os inimigos, os poderosos chefes, um grande mundo a ser explorado, e os já citados desafios complicados.Tudo isso muito bem amarrado por um game design muito bem planejado e executado. Para mim, alguém que ignorou o jogo por anos, foi uma grata surpresa. E recomendo a quem ainda não jogou perder o preconceito e esquecer as bobagens ditas sobre The Adventure of Link. O jogo é um clássico. Ponto.

E é isso amigos, vou ficando por aqui. Se for possível não demorarei tanto até o próximo post. Veremos.

AvcF – Loading Time.

10 thoughts on “Cool Vibrations: Zelda II: The Adventure of Link (NES)

  1. Esse é mais um que vai pro meu emulador!

    Zelda é uma das melhores séries que a Nintendo já criou, junto com Metroid e Punch-Out (falar do Mario tá manjado demais,lol) . É o tipo de jogo que dá pra ficar dias só descobrindo as trocentas coisas que tem nele, sem falar nas missões, no sistema de combate e nos chefes, o que é um negócio bem viciante.

    Pena que a Nintendo não se preocupe em organizar a cronologia da série, tá certo que enredo não é a coisa mais importante para um game, mas deixar como está simplesmente faz a história da saga perder todo o sentido.

    Avcf, me desculpe em ser chato, mas você tinha que fazer mais análises de jogos antigos(e os atuais também), a melhor parte do blog são os reviews, há bastante tempo que você não faz um Game Contraste.

    E desculpe ser chato de novo, mas no final do penúltimo parágrafo você escreveu “morte eminente” quando o certo é “iminente”,corrige aí.

    E podia explicar mais sobre a injustiça que Zelda II sofreu e por que?

  2. Mais uma coisa, como diria o tio do Jackie Chan: Quanto ao que você disse do Wind Waker, é bem capaz do George Sadat (que é fã de WW) vir reclamar em 3…2…1…

  3. Sim, eu o tenho aqui naquela coletânea de Zelda que saiu pro GameCube. O jogava no final dos 80’s, e de fato era bastante difícil.

    Mas os Arcades, Mega Drive e PC-Engine ganharam um “rip-off” do Zelda II de peso: seu nome é Cadash, e quem não tinha NES, jogava Cadash no lugar. 😀 😀 😀

    1. Me esqueci de dizer: foi a Taito quem fez o Cadash, e ele chegou a sair como conteúdo exclusivo das versões XBox e PC da coletânea Taito Legends 2 .

  4. Eu tenho ele no meu Virtual Console do Wii. E embora tenha jogado até o Zelda 1, não animei com esse. Eu não cheguei a ter NES, só fui conhecer videogame pelo SNES mesmo. Por isso não dou tanta bola.

  5. Bom, eu sempre ignorei os Zeldas de NES e SNES porque não tinhas os sistemas na época (eu possuia o Master System e o Mega Drive). O primeiro Zelda que joguei foi o Ocarina of Time. Mas depois de ler seu texto e ver alguns videos no Youtube acabei querendo jogar esse jogo a sério. Peguei a versão que veio no Game Cube.
    O jogo é dificil pra caramba, mas ele é bem divertido. Eu achei ele até mais divertido de jogar que o Zelda de SNES (sei que estou cavando minha sentença de morte).

    Realmente é um jogo muito injustiçado, mas Wind Waker tb é injustiçado pra caramba pelo seu visual, mas é um jogo mto bom tb.

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