Game Contraste: The Uncanny X-Men (NES)

Saudações aos ocidentais e orientais.

Após algum tempo sem espezinhar um game sem vergonha, chafurdei no lodo dos maiores lixos videogamísticos da Terra, resgatei uma porcaria direto para a seção Game Contraste. O linchado da vez é o game The Uncanny X-Men, baseado no gibi homônimo (nem me venham com o afrescalhado “comics” que não tenho cara de marvete). O jogo é uma das maiores atrocidades que um dia já entraram no NES, mas tinha uma produçãozinha suficiente para enganar a molecada levando-a a pelo menos alugar aquela josta. Texto na continuação do link.

Em alguns textos da seção Bad Trip eu afirmei que era uma tradição de muitos jogos ruins concentrarem a mínima qualidade que possuem em seus primeiros minutos, ou no tempo suficiente para enganar o possível comprador/jogador. The Uncanny X-Men segue essa receita logo na capa, com o intuito de não só chamar a atenção do típico jogador de videogame como dos típicos nerds leitores dos quadrinhos made in usa. Apesar da resolução sofrível (isso porque tive que dar um belo tapa no Photoshop para ficar assim) as principais características para uma boa produção gráfica estão presentes. A identidade toda foi feita de forma a mimetizar uma capa de quadrinhos, com o esquadrão de heróis em suas poses triunfantes e bem desenhadas, linhas em diagonal que reforçam a impressão de movimento que o desenho passa, logos e fontes bem escolhidos e apropriados a proposta do produto, tudo unido de forma harmônica.

Se os jogos se resumissem a suas capas, X-Men seria um dos clássicos do NES. O problema é que dentro da caixa tinha também um cartucho com um dos joguinhos mais safados que já joguei em minha vida impresso naquele pedaço de plástico cinza. É claro que eu fui um dos muitos bocós por aí que gastaram tempo, dinheiro e sola do tênis alugando essa infâmia, maltrando meu NES. Hoje eu entendo porque meu console recusava aquela porcaria do mesmo jeito que uma criança birrenta recusa uma colherada de óleo de fígado de bacalhau. Meus instintos mais primitivos até afloram quando eu me lembro daquela josta fétida.

Saindo da tela-título o jogador  pode escolher em qual fase quer jogar, o que a princípio poderia ser uma opção interessante se trata de uma enganação, pois as fases são um amontodado de telas desconexas e confusas, todas porcamente projetadas. A maioria mal consegue passar a sensação de que é de fato um lugar, não há qualquer elemento que lembre os quadrinhos, nem a base de muita cachaça para achar que há alguma coisa de X-men naquela gororoba toda.

Os inimigos eram de arrepiar, com rostos que davam tiros, bolhas, bolas de marshmellow, centopéias, caveiras espadachins (??!!), morcegos, pulgas,  todos aprontando altas confusões em partidas do barulho. O plantel de tranqueiras era tão vergonhoso que creio que nenhum vilão do quadrinhos toparia fazer parte dessa pataquada, caso eles existissem de fato. Nem mesmo Magneto, citado na chamada da capa do jogo, aparece como um chefe de fase, mostrando que valia até propaganda engananosa para vender esse lixo de jogo. Ah, mas os heróis pelo menos compensam? Que nada, só faziam parte da enganação. Basicamente, embora fosse dito na capa “It will take all of your mutant powers to defeat Magneto!”, o que existiam era dois tipos de personagens: os que soltavam algum “rainho” e os que davam socos. Só isso? Só isso.


A ruindade em movimento

Fator de cura do Wolverine? Fenômenos natutais da Tempestade? Teletransporte do Noturno? Procure outro jogo, pois aqui mais pareceu uma versão estilo X-men com sérias restrições orçamentárias. A cara de pau era tamanha que todos os heróis possuíam a mesma sprite, só mudando de cor. O pior era que mesmo sozinho o jogador era obrigado a aturar um parceiro controlado pelo computador, este sob efeito de pesadas drogas alucinógenas, como um disco da Kelly Key em espanhol ou um paredão do Big Brother do Djibuti. O problema é que muitas vezes o próprio jogador poderia se sentir assim, pois além da confusão geral, esse é um dos raros jogos de videogame em que o é possível APANHAR DO CENÁRIO de forma gratuita. É isso mesmo, você está lá movimentando o boneco e começa a ouvir o barulho que indica perda de life sem motivo aparente e aí passa por algum lugar e simplesmente morre. Sensacional.

A trilha sonora era tão boa que nem faço questão de lembrar, provavelmente expelida por algum gênio incompreendido, cujas composições fariam até o lixo do Júnior corar de vergonha. Fora aquela sinfonia de blips e blops fora de lugar que eram capazes de levar o pobre coitado que jogasse aquilo a acessos de fúria bestial.

Em suma, uma bosta sem tamanho, mas muito bem embalada e condicionada de forma a só revelar seu fétido teor na casa do infeliz comprador. Pior que o pessoal do X-Men custou para ter um game que prestasse, conseguindo apenas com o X-Men 2: Clone Wars no Genesis ( o primeiro X-men do MD era um lixo) e X-Men: Mutant Apocalypse para o Snes, além dos posteriores jogos de luta da Capcom. Então, fiquem longe dessa porcaria e não se deixem enganar com qualquer título com uma capa bacana para enganar.

Abraços e atéo próximo post.

André V.C Franco/AvcF – Loading Time

8 thoughts on “Game Contraste: The Uncanny X-Men (NES)

  1. avcf, curto demais seu blog principalmente pelos textos, mas posso te pedir um favor? Assim como eu, muita gente não conhece alguns jogos. Teria como você começar a inserir imagens no meio dos textos? Isso facilitaria muito a identificação do jogo e a leitura com imagens seria mais prazerosa. Vlw

  2. Tá certo, tornarei isso padrão daqui pra frente, as vezes eu fazia isso nos textos mais importantes, mas pegarei uma dos duas imagens para preencher os textos. Valeu pela sugestão.

    AvcF.

  3. Ótimo, pois as vezes os jogos são desconhecidos ou já jogamos algumas vezes mas não sabiamos o nome, adoro ver imagens de jogos antigos principalmente, causa uma certa nostalgia, muito obrigado.

  4. Noo essa capa me anganou muito já haha. Na locadora perto da minha casa tinha, e eu aluguei por gostar muito dos X-men, mas passei muita, muita raiva, a ponto jogar a manete no chão por casa desse game huahua

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *